Num tempo de globalização, e de permanentes transformações, são muitos os desafios que se colocam às escolas e aos professores em Portugal. A transformação digital a que se assiste, em simultâneo com processos de flexibilização curricular e de concretização dos princípios de uma escola inclusiva tem mobilizado as escolas e os professores para dinâmicas de trabalho que exige deles posturas profissionais de natureza colaborativas e novas abordagens pedagógicas. Num contexto de escola inclusiva, as tecnologias digitais, sobretudo em sequência da pandemia provocada pelo Covid-19 passaram a assumir uma relevância superior nos quotidianos escolares considerando-se que a sua utilização traz múltiplos benefícios não apenas para as escolas, mas também para os processos de ensino-aprendizagem e melhoria das aprendizagens dos alunos. É no quadro destas ideias que se situa o presente estudo, orientado pelas seguintes questões de investigação:
Qual o lugar das tecnologias digitais (TD) no trabalho de professores do primeiro ciclo do ensino básico de uma escola inclusiva ? Qual a relação entre a conceção de inclusão/atenção à diversidade dos alunos de professores do primeiro ciclo do ensino básico e suas práticas curriculares?
O estudo é de natureza qualitativa, aportado ao paradigma interpretativo fenomenológico, com aproximação a uma abordagem etnográfica. Trata-se de um estudo de caso múltiplo, com recurso à observação participante das práticas curriculares de duas professoras do 1º CEB e a entrevistas semiestruturadas a essas mesmas professoras, bem como a Coordenadora pedagógica e a Coordenadora do Estabelecimento.
Os dados obtidos sugerem que as professoras reconhecem a importância de a escola ser inclusiva, considerando a atenção à diversidade dos alunos como uma condição para essa inclusão, o que parece indiciar um entendimento do seu papel como "professores interculturais". Admitem, no entanto, sentirem algumas inseguranças na identificação de estratégias que permitam dar uma resposta adequada a todas as crianças, tendo em conta as suas especificidades. Por outro lado, os dados evidenciam também que a resposta à diversidade dos alunos (nos seus ritmos e estilos de aprendizagem) não tem sido otimizada pelas tecnologias digitais. Embora estas já estejam presentes nas salas de aula, observa-se que são utilizadas mais como meio de apoio ao trabalho dos professores do que propriamente como um dispositivo ao serviço da melhoria das aprendizagens dos alunos.In a time of globalization and permanent transformations, many challenges are posed to schools and teachers in Portugal. The digital transformation that is being implemented, simultaneously with the processes of curricular flexibility and the concretization of the principles of an inclusive school, have mobilized schools and teachers to work with dynamics that demand from them professional postures of a collaborative nature and new pedagogical approaches. In the context of an inclusive school, digital technologies, especially after the Covid-19 pandemic, have assumed a greater relevance in the day-to-day activities of schools. Their use brings multiple benefits not only to the schools themselves but also to the teaching and learning processes and the improvement of student learning. The present study is situated within the framework of these ideas and is oriented by the following research questions:
What is the place of digital technologies in the work of teachers in the first cycle of basic education within an inclusive school? What is the relationship between the first cycle teachers' conception of inclusion/attention to student diversity in basic education and their curricular practices?
The study is of a qualitative nature, of a phenomenological interpretive paradigm, with approximation to an ethnographic approach. This is a multiple case study that involved participant observation of two teachers in the 1° CEB, and semi-structured interviews with the two teachers, the pedagogical coordinator, and the establishment coordinator.
The data obtained suggests that the teachers recognize the importance of an inclusive school, considering attention to student diversity as a prerequisite for inclusion. This indicates that the teachers understand their role as 'intercultural teachers'. However, they admit feeling some insecurities when identifying strategies that would provide an adequate response to all children, taking into account their specificities. On the other hand, the data also shows that digital technologies have not optimized the response to their students' diversity in terms of
their learning styles and rhythms. Although digital technologies are already present in the classrooms, it has been observed that they are used more as a means of support for teachers rather than as a tool to improve student learning
