Esteves, L.

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Revistas Científicas da Universidade Católica Portuguesa

Livros496J. Dias PereiraSAGRADA ESCRITURAJosé Mana Casciaro RamíREZ, Qun- rán y el Nuevo Testamento. Aspectos eclesiológicos y soteriológicos, «Teo­lógica» 29, EUNSA, Pamplona 1982, 244 pp„ 240X160, ISBN 84-313-1751-X.Uma série de textos seleccionados de acordo com a temática de cada capí­tulo serve de introdução a cada um deles. E em vez dos habituais índices aparece um sumário ideológico do tema correspondente.Este livro reúne cinco trabalhos que o autor publicou, ao longo de sete anos, na revista «Scripta Theologica» da Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra, desde o seu primeiro nú­mero em 1969.Como o subtítulo indica, a obra concentra-se na análise dos aspectos eclesiológicos e soteriológicos nos escritos de Qumran. A metodologia seguida é minuciosa, consistente e pre­cisa, partindo da análise e considera­ção do vocabulário para aceder ao mundo dos conceitos e ao ideário dou­trinal de Qumran relativamente aos dois aspectos em causa.Os estudos apresentados têm uma grande relevância a respeito do Novo Testamento. Em particular, confrontam- -se Qumran e a ekklesía de Mateus (16,18) e o mystérion paulino e coloca- -se a questão de qual vocábulo semítico (hebraico) teria derivado a ekklesía neo- -testamentária.As conclusões gerais a que o autor chega são interessantes no quadro daspolémicas sobre a relação do Novo Tes­tamento com o Antigo Testamento e com o mundo helénico e da novidade cristã face ao ideário de Qumran:— sublinha-se a índole de continui­dade e, simultaneamente, de desconti- nuidade do Novo Testamento a respeito do judaísmo; «resulta paradoxal que, em linha de continuidade com o voca­bulário e com os conceitos do Antigo Testamento e, até certo ponto, com o uso e interpretação que deles faz o judaísmo oficial de Jerusalém e o seu opositor de Qumran, o Novo Testa­mento dê a esses vocábulos e a esses conceitos um peso novo, cheio de vida, pujança e de originalidade; surpreende como se pode conjugar a continuidade com uma inimaginável descontinui- dade».— Uma segunda conclusão impor­tante é o carácter não helénico do Cris­tianismo, tema muito polémico na história da exegese e do cristianismo sobretudo a respeito de Paulo. O autor mostra que se o Cristianismo tomou da língua grega um certo número de expressões transfigurou o seu signifi­cado e apresenta o caso dos dois vocá­bulos paradigmáticos e objecto central deste livro: ekklesía e mystérion. Os conceitos neo-testamentários expressos por estes vocábulos não partem do sig­nificado que tinham na língua grega mas traduzem vocábulos e conceitos semíticos. A Ekklesía neo-testamentária nada tem a ver com a ekklesía grega que era a «assembleia do dêmos (povo)» mas está numa linha de continuidade- -descontinuidade com a qahal, a 'edáh, a sôd, a kenishtá ... dos textos vétero- -testamentários e qumrânicos. Paralela­mente o mystérion paulino tem raízes no Antigo Testamento e aproxima-se de concepções qumrânicas nada devendo às religiões mistéricas gregas.Resenhas 497L. EstevesEsta obra propõe-se ser um estímulo e um guia de leitura da Bíblia e é fruto de um longo período de docência e deAntonio Fuentes MENDIOLA, Qué dice la Biblia. Historia y mensaje de los Libros sagrados, EUNSA, Pamplona 1983, 358 pp„ ISBN 84-313-0794-3.Uma outra conclusão a que o autor chega e relacionada com as anteriores é a de que o fenómeno religioso e his­tórico do Cristianismo não pode ser reduzido a uma evolução dos factores que nele podem ser detectados, sejam de índole religiosa, cultural ou social e psicológica. O confronto dos textos neo-testamentários com os de Qumran é altamente ilustrativo a este respeito dado que os manuscritos de Qumran representam uma interpretação muito interessante da religião vétero- -testamentária realizada por uma elite do judaísmo palestinense numa época que precede Jesus e Lhe é contempo­rânea.É patente a importância destes estu­dos como contributo à complexa e sem­pre aberta investigação das «fontes» do Novo Testamento e das influências cul­turais e religiosas que terá sofrido.O rigor de apresentação e de aná­lise é apreciável à excepção da falta de uniformidade na reprodução dos vocá­bulos hebraicos, umas vezes aparecem «vocalizados» e outras não. Tal poderá dever-se ao facto de um livro integrar artigos publicados em momentos dife­rentes, mas seria preferível que fossem sempre «vocalizados» para facilitar a compreensão dos menos versados na língua hebraica.alguns trabalhos publicados anterior- mente.O autor declara que muitos católi­cos ignoram por completo a Sagrada Escritura, o seu conteúdo e a riqueza dos seus ensinamentos, porque o inte­resse e a vontade de ler a Bíblia, despertados em algum momento, esmo­recem em pouco tempo ou por cansaço ou pela falta de «uma boa visão de con­junto da Bíblia, de cada um dos seus livros e do fio condutor que neles forma a trama da mensagem revelada». A esta situação pretende responder o livro.«Breves e simples comentários» é a expressão usada pelo autor para defi­nir a sua obra: breves, dada a ampli­tude da Bíblia e «com a intenção de não cansar o leitor»; simples, porque são dirigidos a um público que supõe nãc envolvido em dificuldades de tipo exe gético mas, pelo contrário, «interessadc em saber o que Deus quis dizer na Bíblia, em cada um dos seus livros, dentro do seu marco temporal e geográfico».O autor consegue realizar o objec- tivo a que se propõe, com os limites e os riscos nele implícitos: a simplicidade na apresentação dos livros não evita alguma superficialidade, ao prescindir de referências hoje consideradas essen­ciais mesmo em obras de divulgação; a brevidade, êxito difícil, obriga a esti­lizar excessivamente a exposição a ponto de quase nada se dizer sobre alguns livros.Não obstante estes limites, quase inevitáveis num projecto deste género, deve reconhecer-se o enorme esforço e a justa preocupação que o autor revela.A obra contém um útil apêndice constituído por um «vocabulário bíblico», uma «síntese da cronologia bíblica» em que se destaca, por exces­siva precisão inadequada ao rigor dos

José María Casciaro Ramírez, Qunrán y el Nuevo Testamento. Aspectos   eclesiológicos y soteriológicos, «Teológica» 29, EUNSA, Pamplona 1982,   244 pp., 240x160, ISBN 84-313-1751-X

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José María Casciaro Ramírez, Qunrán y el Nuevo Testamento. Aspectos eclesiológicos y soteriológicos, «Teológica» 29, EUNSA, Pamplona 1982, 244 pp., 240x160, ISBN 84-313-1751-X

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