Atributos físicos e carbono do solo em sistemas agroflorestais e monocultivo com palma de óleo na Amazônia.

Abstract

O dendezeiro ou palma de óleo (Elaeis guineensis Jacq.) é cultivado tradicionalmente na Amazônia em sistemas de monocultivo. No entanto, sistemas agroflorestais (SAFs) com palma de óleo tem sido estudados e recomendados como alternativa de menor impacto ambiental ao monocultivo desta cultura. No cenário atual, de mudanças climáticas, é premente a busca por práticas de manejo e sistemas de produção, que proporcionem mais serviços ambientais, como a conservação do solo e da água. Nesse sentido, os SAFs com dendezeiro apresentam grande potencial de melhorar a qualidade física do solo e de armazenar mais carbono em agregados do que o monocultivo de dendê. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar se práticas de manejo e se os sistemas de cultivo (SAFs e monocultivo) com palma de óleo afetam a qualidade física e o carbono do solo. Realizamos o estudo em dois SAFs e um monocultivo com palma de óleo, localizados no município de Tomé-Açu, estado do Pará, Amazônia Oriental, Brasil. Coletamos amostras indeformadas e deformadas de solo nas camadas 0-5, 5-10, 10-20 e 20-30 cm do solo nas zonas de manejo (coroamento da palma de óleo, caminho da colheita, pilha de folhas e faixa diversificada). No laboratório determinamos a densidade do solo, porosidade, estabilidade de agregados, curva de retenção de água e teor de carbono em macro e microagregados do solo. A resistência à penetração (RP) determinamos em campo, por meio de um penetrômetro de impacto modelo Stolf. Em geral, as zonas de manejo sem tráfego de máquinas (coroamento da palma de óleo, pilha de folhas e faixa diversificada) apresentaram maior teor de carbono e melhor qualidade física do solo nas camadas superficiais (0-5 cm e 5-10 cm) do que o caminho da colheita, que apresentou pior qualidade física do solo, ou seja, menor agregação, porosidade, retenção de água, teor de carbono e maior densidade do solo. No SAF, provavelmente o maior acúmulo de serapilheira sobre o solo influenciou em maior umidade e, consequentemente, menor RP do que no monocultivo. No geral, os sistemas de cultivo com palma de óleo estocam mais carbono em macroagregados do que microagregados. O SAF apresentou maior potencial de armazenar carbono em macroagregados do solo do que o monocultivo de dendê. Dependendo do conteúdo de água do solo, a RP atingiu valores críticos, o que pode limitar o crescimento de raízes. Práticas de manejo que aumentem os teores de carbono no caminho da colheita devem ser priorizadas para diminuir a degradação da qualidade física do solo nessa zona de manejo. Portanto, o cultivo de palma de óleo em SAFs apresenta grande potencial de armazenar mais carbono em agregados e de melhorar a qualidade física do solo no longo prazo do que o monocultivo de dendê.Oil palm (Elaeis guineensis Jacq.) is traditionally cultivated in the Amazon in monoculture systems. However, agroforestry systems (AFS) with oil palm have been studied and recommended as an alternative with less environmental impact to the monoculture of this crop. In the current scenario of climate change, the search for management practices and production systems that provide more environmental services, such as soil and water conservation, is urgent. In this sense, AFS with oil palm have great potential to improve the physical quality of the soil and store more carbon in aggregates than oil palm monoculture. Thus, the objective of this work was to evaluate if management practices and if the cultivation systems (AFS and monoculture) with oil palm affect the physical quality and carbon of the soil. We carried out the study in two AFS and one oil palm monoculture, located in the municipality of Tomé-Açu, state of Pará, Eastern Amazon, Brazil. We collected undisturbed and deformed soil samples in the 0-5, 5-10, 10-20 and 20-30 cm soil layers in the management zones (weeded circle, harvest path, leaf pile, and diversified strip). In the laboratory we determined the soil density, porosity, aggregate stability, water retention curve and carbon content in soil macro and microaggregates. The penetration resistance (PR) was determined in the field, using a Stolf model impact penetrometer. In general, the management zones without machine traffic (weeded circle, leaf pile, and diversified strip) had higher carbon content and better physical soil quality in the superficial layers (0-5 cm and 5-10 cm) than the harvest path, which presented worse physical soil quality, ie, lower aggregation, porosity, water retention, carbon content and higher soil density. In the SAF, probably the greater accumulation of litter on the soil influenced in higher humidity and, consequently, lower PR than in the monoculture. Overall, oil palm cropping systems store more carbon in macroaggregates than microaggregates. AFS showed greater potential to store carbon in soil macroaggregates than oil palm monoculture. Depending on the water content of the soil, the PR reached critical values, which can limit root growth. Management practices that increase carbon levels on the way to harvest should be prioritized to reduce the degradation of physical soil quality in this management zone. Therefore, oil palm cultivation in AFS has great potential to store more carbon in aggregates and improve the physical quality of the soil in the long term than oil palm monoculture

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