Como um espaço recorrente nas nossas vidas, a casa foi muitas vezes um objeto da literatura e da arte, ainda que o pensamento sobre ela tenha sido sempre mais marcado por visões pragmáticas ligadas às suas dimensões urbanas e arquitetónicas e menos às suas dimensões oníricas, psíquicas e emocionais. Esta investigação surgiu de um desejo de compreender melhor a vivência e conexão emocional que estabeleci com todos os espaços que já habitei e que me proporcionaram o abrigo para desencadear uma prática artística, sustentada nessa experiência autobiográfica da casa.
O ensaio que se segue pretende percorrer algumas das dimensões mnemónicas e emotivas pessoais na qual a ideia de casa se manifesta e materializa, sejam elas físicas ou metafóricas. Procuraremos, em diálogo com alguns autores que escreveram sobre a vivência da casa, mapear a transição e passagens da casa de espaço íntimo e de refúgio a espaço de opressão e inquietação, expondo a ambiguidade essencial e paradoxal que constitui a habitação da casa