A polpa dos frutos de Juçara (Euterpes edulis Martius), uma árvore nativa da mata Atlântica, é
amplamente consumida graças ao seu sabor e valor nutricional, gerando grande quantidade de
resíduos sólidos (casca) que geralmente são descartados. Este trabalho, teve por objetivo
avaliar o perfil fenólico e bioatividades da casca de Juçara. Um total de dezenove compostos
fenólicos foram identificados, sendo dezessete compostos fenólicos não-antocianinas (dois
ácidos fenólicos, quatro flavanonóis, seis flavonas e cinco flavonóis). A casca do fruto de E.
edulis apresentou atividades antioxidante e antimicrobiana e não apresentou hepatotoxicidade.
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agregado, tanto corantes quanto conservantes, seguindo o conceito da bioeconomia circular.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

Abreu, Rui M.V.

Alves, Maria José

Barros, Lillian

Bracht, Adelar

Calhelha, Ricardo C.

Corrêa, Rúbia C.G.

Ferreira, Isabel C.F.R.

Garcia, Jéssica A.A.

Peralta, Rosane M.

Pereira, Carla

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  Universidade Estadual de Londrina - Rodovia Celso Garcia Cid, Pr 445, Km 380 - Campus Universitário Caixa Postal 10.011 CEP 86057-970 Centro de Ciências Exatas - Departamento de Bioquímica e Biotecnologia Fone +55 (43) 3371.4270 - biq@uel.br Composição Química e Atividades Biológicas da Casca do Fruto da Palmeira Juçara (Euterpe edulis Martius)  Jéssica A.A.Garcia1, Rúbia C.G.Corrêa1,2,3, Lillian Barros2, Carla Pereira2, Rui M.V. Abreu2, Maria José Alves2, Ricardo C. Calhelha2, Adelar Bracht1, Rosane M. Peralta1,3, Isabel C.F.R.Ferreira2  1Universidade Estadual de Maringá – Programa de Pós-graduação em Ciências de Alimentos 2Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Instituto Politécnico de Bragança, Campus de Santa Apolónia, Bragança, Portugal 3Universidade Estadual de Maringá- Departamento de Bioquímica CEP 87020 Maringá – Paraná- E-mail: jessicaamanda95@gmail.com  RESUMO A polpa dos frutos de Juçara (Euterpes edulis Martius), uma árvore nativa da mata  Atlântica, é amplamente consumida graças ao seu sabor e valor nutricional, gerando grande quantidade de resíduos sólidos (casca) que geralmente são descartados. Este trabalho, teve por objetivo avaliar o perfil fenólico e bioatividades da casca de Juçara. Um total de dezenove compostos fenólicos foram identificados, sendo dezessete compostos fenólicos não-antocianinas (dois ácidos fenólicos, quatro flavanonóis, seis flavonas e cinco flavonóis). A casca do fruto de E. edulis apresentou atividades antioxidante e antimicrobiana e não apresentou hepatotoxicidade. Os resíduos da fruta Juçara podem ser utilizados para produzir aditivos alimentares de alto valor agregado, tanto corantes quanto conservantes, seguindo o conceito da bioeconomia circular. Palavras-chave: Euterpe edulis, potencial antioxidante, atividade antimicrobiana.   INTRODUÇÃO Euterpe edulis Martius, popularmente conhecida como Juçara, é uma árvore nativa da Mata Atlântica encontrada predominantemente nos estados do sul e sudeste do Brasil (SCHULZ et al., 2016). Produz um tipo nobre de palmito e bagas muito apreciadas. Os palmitos são amplamente consumidos e de relevância econômica no Brasil, apresentando qualidade e sabor superior ao de outras espécies do gênero Euterpe (BORGES et al., 2013). Por sua vez, a fruta Juçara é uma baga globosa que pesa cerca de 1g que, quando madura, adquire um tom roxo escuro que se assemelha aos frutos de Euterpe oleracea Mart. No entanto, a fruta de E. edulis tem um sabor mais doce, sendo muito apreciada pelos consumidores de açaí (FELZENSZWALB et al., 2013). Os frutos de Juçara são processados e exclusivamente comercializadas como polpa congelada, consumida como o principal ingrediente de bebidas e sorvetes. Durante o processo de despolpamento, os frutos são macerados e misturados com diferentes quantidades de água, onde o epicarpo e o mesocarpo são separados das sementes. Assim, a produção industrial de polpa de Juçara gera resíduos sólidos que geralmente são descartados (RIBEIRO et al., 2018). O presente trabalho teve por objetivo, realizar um estudo do perfil dos componentes bioativos da casca do fruto E. edulis com o intuito de ampliar o conhecimento sobre as potencialidades desse subproduto agroindustrial como fonte de moléculas de alto valor agregado.  https://proceedings.science/p/108479  Universidade Estadual de Londrina - Rodovia Celso Garcia Cid, Pr 445, Km 380 - Campus Universitário Caixa Postal 10.011 CEP 86057-970 Centro de Ciências Exatas - Departamento de Bioquímica e Biotecnologia Fone +55 (43) 3371.4270 - biq@uel.br  MATERIAL E MÉTODOS Os frutos de E. edulis foram colhidos na cidade de Marialva (PR) e levados imediatamente ao laboratório, onde foram selecionados excluindo-se aqueles ainda verdes ou com rachaduras. Em seguida, foram lavados e higienizados com hipoclorito de sódio. Após esse procedimento, os frutos foram despolpados manualmente e as cascas foram separadas da polpa e semente.  Em seguida, as cascas foram submetidas à secagem (40 ± 5°C) por 24h em forno de circulação forçada de ar, sendo posteriormente trituradas em liquidificador e peneiradas (80 mesh) para obtenção de farinha homogênea. Por fim, material foi armazenado ao abrigo da luz e do oxigênio na temperatura ambiente.  A composição centesimal da farinha de casca de E. edulis (umidade, proteína, gordura, cinzas e carboidratos) foi determinada por meio de procedimentos padronizados (AOAC, 2016).  O extrato foi preparado na proporção (farinha/solvente) 1:20, utilizando etanol 70% como solução extratora. Os frascos foram agitados por 2h a 130 rpm, em temperatura ambiente, ao abrigo da luz. Este procedimento foi repetido três vezes. Os extratos foram reunidos e centrifugados a 10.000 rpm durante 15min. Os sobrenadantes foram evaporados para remover o etanol. No final, a fase aquosa foi liofilizada e armazenada no congelador.   Os compostos fenólicos foram quantificados por cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massa (Dionex Ultimate 3000 UPLC, Thermo Scientific, San Jose, CA, EUA), seguindo procedimento estabelecido por BESSADA et al. (2011). Para avaliar a atividade antioxidante do extrato da casca de E. edulis, cinco métodos foram empregados: dois métodos baseados em células, ensaio de inibição da hemólise oxidativa (OxHLIA) e inibição da produção de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS).  Além de três ensaios tradicionais in vitro, DPPH, ABTS e FRAP. A inibição da geração de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), além das atividades do DPPH e do ABTS, foi estimada conforme relatado por CORRÊA et al. (2015). O ensaio de FRAP foi conduzido como descrito por KOEHNLEIN et al. (2016), e o ensaio OxHLIA for realizado seguindo a metodologia descrita por LOCKOWANDT et al. (2019) Os resultados destes ensaios foram expressos como valores IC50 (concentração necessária para inibir 50% dos radicais).  O ensaio sulforodamina B foi realizado para avaliar o potencial hepatotóxico do extrato em cultura de células hepáticas suínas (PLP2), seguindo um protocolo estabelecido pelos autores (ABREU et al., 2011). Os resultados foram apresentados em valores de GI50, que é a concentração que restringiu 50% do crescimento celular líquido. A atividade antibacteriana foi determinada seguindo a metodologia descrita por PIRES et al. (2018). Cinco bactérias Gram-negativas e três bactérias Gram-positivas foram utilizadas neste ensaio. Os antibióticos ampicilina e imipenem foram utilizados como controles positivos para os Gram-negativos, enquanto ampicilina e vancomicina foram utilizados para os Gram-positivos. Os resultados experimentais foram expressos com média ± desvio padrão de três extrações independentes. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao analisar os resultados da composição centesimal da casca do fruto da Juçara, verificamos que os teores de gordura (7,41%), proteína (7,12%) e cinzas (2,39%) foram muito semelhantes aos encontrados na literatura para o fruto inteiro. A casca de E. edulis apresentou alto teor de https://proceedings.science/p/108479  Universidade Estadual de Londrina - Rodovia Celso Garcia Cid, Pr 445, Km 380 - Campus Universitário Caixa Postal 10.011 CEP 86057-970 Centro de Ciências Exatas - Departamento de Bioquímica e Biotecnologia Fone +55 (43) 3371.4270 - biq@uel.br fibras (40,10%) e considerável densidade energética (2,67kcal/g), devido ao seu conteúdo lipídico.  Um total de dezenove compostos fenólicos foram identificados, dentre os quais dezessete compostos fenólicos não antocianinas como, dois ácidos fenólicos, quatro flavonóides, seis flavonas e cinco flavonóis e duas moléculas de antocianina (derivados glicosídicos de cianidina). Entre os compostos não antocianinas, os isômeros da apigenina-6-C-pentosídeo-8-C-hexosídeo foram os componentes dominantes, representando 23% do total de compostos fenólicos não-antocianina, seguido por um derivado de apigenina-C-glicosídeo (11,84%). Os principais componentes do extrato de casca foram as antocianinas cianidina-3-O-rutinosídeo e cianidina-3-O-glicosídeo (5,32 e 6,23mg/g), que juntas representaram mais de 87% do teor de fenólicos totais do extrato. O resultado do ensaio de atividade antioxidante baseado em células foi expresso como a concentração necessária para inibir (retardar) 50% da hemólise durante 60 min e 120 min. Para fins de comparação, o Trolox, um antioxidante sintético foi utilizado como controle positivo. Encontramos um valor de IC50 (60 min) de 42 µg/mL e IC50 (120 min) de 107 µg/mL. O Trolox exibiu uma capacidade de proteção superior, com um IC50 (60 min) de 5,5 µg/mL e IC50 (120 min) 20,4 µg/mL. O extrato também foi avaliado pelo método TBARS e o valor de IC50 encontrado foi de 204 µg/mL.  A Tabela 1 mostra a capacidade antioxidante da casca do fruto Juçara determinada pelos ensaios DPPH, ABTS e FRAP, os valores foram expressos em equivalente de Trolox (TEAC).  BICUDO et al. (2014) relataram uma atividade de eliminação de radicais DPPH muito menor (745 µmol TE/g) do que a encontrada em nosso extrato (13.107 μmol TE/g). Entretanto, nossa amostra apresentou uma baixa capacidade de sequestro do radical ABTS (23 μmol TE/mg) quando comparado com extrato metanólico de polpa de Juçara (677 μmol TE/mg) (INADA et al., 2015). CARDOSO et al., 2015 relataram capacidades antioxidantes inferiores avaliadas pelo ensaio FRAP para extratos de polpa e frutas inteiras da Juçara (1158 e 2155 μmol TE/100g) em comparação com o nosso resultado para este método (3199 μmol TE/100 g).  Tabela 1. Atividade antioxidante do extrato da casca de Euterpe edulis, avaliada por ensaios DPPH, ABTS e FRAP  TEAC – Capacidade antioxidante equivalente de Trolox. Extrato da casca do fruto de E. edulis avaliado não apresentou toxicidade contra a cultura primária de fígado PLP2, uma vez que o valor de GI50 foi maior que a maior concentração avaliada (400 μg/ mL). O extrato foi mais ativo contra bactérias Gram-positivas do que contra bactérias Gram-negativas.  https://proceedings.science/p/108479  Universidade Estadual de Londrina - Rodovia Celso Garcia Cid, Pr 445, Km 380 - Campus Universitário Caixa Postal 10.011 CEP 86057-970 Centro de Ciências Exatas - Departamento de Bioquímica e Biotecnologia Fone +55 (43) 3371.4270 - biq@uel.br  CONCLUSÕES Os resultados obtidos permitem concuir que o bio-resíduo gerado pelo processamento industrial do fruto Juçara pode ser utilizado para a obtenção de compostos bioativos, pois este  apresentou significativos potenciais antioxidantes e antibacterianos in vitro, além de ausência de hepatotoxicidade. Portanto, os resíduos da fruta Juçara podem ser utilizados para produzir aditivos alimentares de alto valor agregado.  Agências de Fomento: Capes, CNPq.  REFERÊNCIAS Abreu, R. M., Ferreira, I. C., Calhelha, R. C., Lima, R. T., Vasconcelos, M. H., Adega, F., ... & Queiroz, M. J. R. (2011). 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Composição Química e Atividades Biológicas da Casca do Fruto da Palmeira Juçara (Euterpe edulis Martius)

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