Objetivo: Determinar a frequência e as principais causas de deficiência visual e cegueira nos idosos de 80 anos ou mais residentes predominantemente na área urbana do município de Maués – Amazônia. Métodos: Estudo prospectivo e observacional de uma população de 360 idosos com 80 anos de idade ou mais, habitantes predominantemente da área urbana do município de Maués – AM, os quais foram convidados para um exame oftalmológico juntamente com um questionário para descrever hábitos nutricionais e frequência de consumo do guaraná. Acuidade visual não corrigida (AVNC), acuidade visual apresentada (AVA) e acuidade visual melhor corrigida (AVMC) de cada olho foram obtidas. Se necessário, prescrição de óculos, cirurgia ou outros tipos de tratamento foram fornecidos gratuitamente. Resultados: Um total de 360 indivíduos com idade entre 80 e 108 (média 86,02±5,57 anos) anos foram submetidos à avaliação oftalmológica sendo divididos em 2 grupos de acordo com o local de exame (clínica ou domicílio). Destes, 182 (50,5%) eram do sexo masculino e 178 (49,5%) do sexo feminino. Do total de olhos examinados (720 olhos) as causas de deficiência visual e cegueira foram: catarata (51,8%), erros refrativos (12,2%), degeneração macular relacionada à idade (9,1%), outras atrofias do nervo (3,9%), opacidade de cápsula posterior (3,6%), glaucoma (3,5%), alterações corneanas (3,3%), globo ausente/phtisis (3,1%), outras alterações retinianas (1,1%), retinopatia diabética (1,0%), pterígio (0,6%), ambliopia (0,4%) e outras causas (1,8%). De acordo com o questionário de disfunção nutricional, Nutritional Screening Iniative (NSI), 45,0% dos participantes apresentaram baixo risco de disfunção nutricional, 51,7% moderado risco e 3,3% alto risco. Conclusões: Foi detectada uma alta frequência de cegueira (43,6%) nesta amostra de pessoas muito idosas que vivem em áreas urbanas na cidade de Maués. As principais causas de olhos cegos seriam evitáveis com provisão de cirurgia de catarata seguida de ações pós-operatórias e prescrição de óculos. Metade dos idosos (50,0%) relatam o consumo frequente de guaraná, ao menos uma vez por semana, mas este não se mostrou um protetor de deficiência visual e cegueira. Esses resultados refletem o acesso limitado desta população aos serviços de cuidados oftalmológicos, reforçando a necessidade de ações sustentáveis para melhorar a saúde ocular em áreas remotas do Brasil