Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2022Introdução: A importância da Microbiota Cervicovaginal na proteção de infeções (como o HPV) encontra-se bem estabelecida, nomeadamente através dos Lactobacillus spp., tal como o mecanismo através do qual o HPV conduz à Neoplasia Cervical. Contudo, não é possível classificar o HPV como um carcinogéneo completo. Desta forma, a importância de explorar a disbiose da MCV com a intenção de decifrar esta interação com o HPV, toma maior relevância.
Objectivos: 1) Comparação da composição do MCV de mulheres com e sem HPV e de mulheres com ASCUS e LSIL; 2) Caraterização das citocinas presentes no microambiente vaginal; 3) Avaliação dos índices do hemograma como biomarcadores de prognóstico; 4) Correlação entre MCV, genótipos de HPV e citocinas.
Metodologia: Trata-se de um estudo retrospetivo, observacional, multicêntrico e transversal. A análise da MCV realizou-se através do isolamento do ARN bacteriano 16s, e análise numa plataforma de NGS. As concentrações citocinas da MCV foram obtidas através de plataforma Multiplex. A análise estatística foi realizada em SPSS v 26.0. Um α de 0,05 foi considerado estatisticamente significativo.
Resultados: Realçando o cerne do estudo, verificou-se que MCV do tipo CST III e CST IV influenciam o surgimento de lesões cervicais. Observou-se que o INL impacta o prognóstico de ASCUS. Dentro da MCV, os Lactobacillus impedem o crescimento de espécies do CST IV, enquanto as últimas expressam relações simbióticas entre si e apresentam afinidade com genótipos específicos de HPV. Por fim, a RANTES eleva-se significativamente perante infeções cervicovaginais.
Conclusão: A importância da utilização do perfil de citocinas e da MCV é realçada na hipótese de prevenção do desenvolvimento de NC tal como na sua utilização como biomarcador de prognóstico. Estes conhecimentos permitem dar mais um passo na direção da medicina personalizada.Background: The importance of Cervicovaginal Microbiota in protecting against infections (such as HPV) is already well established, namely through Lactobacillus spp., as well as the mechanism through which HPV leads to Cervical Neoplasia. However, it is not possible to classify HPV as a complete carcinogen. Thus, the importance of exploring MCV dysbiosis with the intention of deciphering this interaction with HPV, takes on greater relevance. Objectives: 1) Comparison of the MCV composition of women with or without HPV and women with ASCUS or LSIL; 2) Characterization of cytokines present in the vaginal microenvironment; 3) Evaluation of the blood count ratios as prognostic biomarkers; 4) Correlation between MCV, HPV serotypes and cytokines. Methodology: This was a retrospective, observational, multicenter, cross-sectional study. CVM analysis was performed by isolation of bacterial 16s RNA and analysis on a NGS platform. Cytokine concentrations of CVM were obtained through Multiplex platform. Statistical analysis was performed in SPSS v 26.0. An α of 0.05 was considered statistically significant. Results: Highlighting the core of the study, CVM types of CST III and CST IV were found to influence the emergence of cervical lesions. NLR was found to impact the prognosis of ASCUS. Within CVM, Lactobacillus prevent the growth of CST IV species, while the latter express symbiotic relationships with each other and show affinity for specific HPV serotypes. On the other hand, RANTES is significantly elevated in cervicovaginal infections. Conclusion: The importance of using cytokine profiles and CVM is highlighted in the hypothesis of prevention of NC development, as well as in its use as a prognostic biomarker. Taken together, these insights are one step closer to personalized medicine