A linguagem como cultura na antropologia norte-americana: três paradigmas

Abstract

O estudo da linguagem como cultura na antropologia norte-americana reúne um conjunto de práticas diferentes, muitas vezes não inteiramente compatíveis, que podem ser compreendidas por meio da identificação de três paradigmas historicamente relacionados. Enquanto o primeiro paradigma, iniciado por Franz Boas, focava predominantemente na documentação, descrição gramatical e classificação (especialmente das línguas nativas americanas) e estava centrado na relatividade linguística, o segundo paradigma, desenvolvido nos anos 1960, tomou proveito de novas tecnologias de gravação e novos desenvolvimentos teóricos para examinar o uso da linguagem em contexto, introduzindo novas unidades de análise, tais como o evento da fala. Embora fosse considerado parte da antropologia em geral, o segundo paradigma configurou uma distância intelectual em relação ao resto da antropologia. O terceiro paradigma, com seu foco na formação da identidade, narratividade e ideologia, constitui uma nova tentativa de conexão com o resto da antropologia, estendendo os métodos linguísticos ao estudo de usos previamente identificados em outros (sub)campos. Embora cada novo paradigma reduza a influência e o apelo do anterior, os três paradigmas persistem hoje. O confronto de suas diferenças constitui uma contribuição para a disciplina. Palavras-chave: paradigma de pesquisa; história da antropologia nos EUA; linguística antropológica; antropologia linguística

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