A partir da caracterização da comunidade désÅ“uvré (inoperante ou inativa), feita por Jean-Luc Nancy, este artigo discute como o cinema contemporâneo tem imaginado outras formas de criar a vida em comum, ao inventar -- com a especificidade de seus recursos expressivos -- cenas de dissenso que perturbam o sensível partilhado pelos que vivem junto (segundo a perspectiva de Jacques Rancière). O advento da comunidade como invenção do comum só pode se dar sob o modo da aparição inesperada de formas cinematográficas sempre por criar, indeterminadas e indetermináveis, como demonstramos ao comentar o filme Nossa música (2004), de Jean-Luc Godard.