Hesitação vacinal e educação em saúde, no contexto da COVID-19: uma revisão de literatura

Abstract

A hesitação vacinal e recusa de vacinação se opõem à vacinação desde a criação das vacinas. O medo, angústia e anseios pelo desconhecido são da natureza humana. No entanto, o que fazer após décadas de comprovação científica acerca da importância da vacinação contra a ocorrência de grandes epidemias? Com foco no contexto da COVID-19, o presente estudo discorre acerca da hesitação vacinal, tomada como o atraso na aceitação ou recusa da vacinação, apesar da disponibilidade de serviços de vacinação, sobre os seus principais motivadores e estratégias de educação em saúde propostas para fazer face à mesma. Foi realizada revisão de literatura na Base da Biblioteca Virtual de Saúde - BVS, abrangendo os anos entre 2020 e 2022. Dos 247 artigos levantados, foram analisados 47, após filtros e exclusões. A maior parte dos artigos foi publicada no ano de 2021, nos Estados Unidos e no Reino Unido. Dentre os principais determinantes apontados para a hesitação à vacina figuram questões culturais como a religião, determinantes comportamentais como o medo, incerteza e desconfiança sobre a indústria farmacêutica ou fabricantes de vacinas, além de falta de informação ou conhecimento. A confiabilidade e segurança das vacinas despontaram como questões específicas da vacina e da vacinação. Para fazer face a essas barreiras, as propostas educativas apontadas tiveram como principal ponto de partida questões referentes a fake news, falta de informações e de comunicação em geral. Alguns estudos se detiveram em minorias étnicas, chamando a atenção para a necessidade de transmissão de informações culturalmente adaptadas. Os pais de crianças e profissionais de saúde também foram referidos como públicos alvo de intervenções pedagógicas, sempre com ênfase na transmissão de informações qualificadas, utilizando-se de diferentes estratégias, envolvendo dispositivos como rede social (WhatsApp) ou mesmo sensibilização de líderes religiosos. Embora se reconheça o papel da informação e dos meios para disseminá-la, tal ênfase tende a ignorar aquilo que se entende como uma pedagogia crítica, ou seja, uma proposta que ultrapasse a preocupação em transmissão de informações consideradas corretas por grupo de especialistas e invista mais na capacidade crítica da população para fazer suas escolhas e reivindicar outras medidas necessárias ao acesso à saúde como um todo

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