O presente trabalho teve como objetivo estudar o efeito de três densidades de plantio e três níveis de adubação sobre as características de hastes de Alpinia purpurata, variedade red ginger, em cultivo protegido na região litorânea do Estado do Ceará.

Antônio Valdônio dos Reis Lima

Daniel Barbosa Araújo

Fred Carvalho Bezerra

Natanael Santiago Pereira

Rubens Sonsol Gondim

Ornamental Horticulture

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1743 1Caracterização de hastes de alpínia sob cultivo protegido em função do espaçamento e da adubação em região litorânea do Estado do Ceará   Fred Carvalho Bezerra1; Natanael Santiago Pereira2; Rubens Sonsol Gondim1; Daniel Barbosa Araújo3; Antônio Valdônio dos Reis Lima3  1 Pesquisador Embrapa Agroindústria Tropical, Rua Dra. Sara Mesquita, 2270, Planalto Pici, CEP 60.511-110, Fortaleza/CE, Fone (85) 3299.1828, fred@cnpat.embrapa.br 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da UFC, Campus do Pici, Departamento de Ciências do Solo, Bloco 807, CEP 60.021-970 – Fortaleza/CE, Fone: (85)- 3366.9686, natanaelsan@hotmail.com 3 Aluno de Graduação do Curso de Agronomia da UFC  INTRODUÇÃO O cultivo de flores tropicais está em ascensão no Brasil, destacando-se como um agronegócio rentável, fixador de mão-de-obra no campo e como cultura alternativa para pequenos produtores. Normalmente, o uso do termo flores tropicais é aplicado às inflorescências, onde se destacam às brácteas, que geralmente apresentam colorido intenso e formas variadas. Nos últimos anos o Nordeste vem apresentado um crescimento significativo no cultivo de flores tropicais,  destacando-se os estados de Pernambuco, Alagoas e Ceará como os maiores produtores/exportadores dessas espécies. O interesse por essas flores dá-se por diversas características que favorecem a sua comercialização, tais como beleza, exotismo, cores e formas diversas, resistência ao transporte, durabilidade pós-colheita, além de grande aceitação no mercado externo, em especial nos países desenvolvidos (Loges et al, 2005). Entre as flores tropicais cultivadas encontra-se a Alpinia purpurata (Vieill.) Schum, conhecida popularmente como alpínia vermelha, gengibre vermelho ou panamá. Segundo a literatura, essa espécie desenvolve-se bem a meia sombra, sob a copa de árvores e podendo também ser cultivada a pleno sol. O cultivo sob árvores pode representar um problema para a cultura, pois pode prejudicar a qualidade do produto final, ocasionada por queda de folhas, galhos e outras partes das árvores. Entre os principais parâmetros de qualidade para flores tropicais estão incluídos os comprimentos da haste e da inflorescência no ponto de corte, ressaltando-se que as condições de cultivo influem diretamente nessas características. No estado do Ceará, as flores tropicais são produzidas principalmente em regiões serranas, porém, a região litorânea vem despontando como área potencial para exploração dessas espécies. Devido às condições de temperatura e luminosidade nessa região, maiores do que aquelas encontradas nas regiões serranas, torna-se necessário a exploração dessas espécies em sistemas de cultivo protegido.  O presente trabalho teve como objetivo estudar o efeito de três densidades de plantio e três níveis de adubação sobre as características de hastes de Alpinia purpurata, variedade red ginger, em  cultivo protegido na região litorânea do Estado do Ceará.   MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido na estação experimental da Embrapa Agroindústria Tropical, no município de Paraipaba, Estado do Ceará, Brasil, localizado a 93 km de Fortaleza, a altitude média é de 31 m, latitude de 3º 28’ 47” S e longitude de 39º 09’ 47” W. O clima do local, segundo o Sistema Internacional de Köppen, é classificado como tropical chuvoso clima de savana – Aw’, apresentando o máximo de chuvas no outono e período seco no inverno. A área experimental apresenta solo Neossolo Quartzarênico, de acordo com a classificação da EMBRAPA (Gomes, 2004). O cultivo foi conduzido em telado de madeira com 450 m² (30 m x 15 m) e 4,5 m de altura, com 50% de sombreamento (Figura 1). no período de setembro de 2003 a agosto de 2005.  1744 2  FIGURA 1 – Cultivo de alpínia em telado com 50% de sombreamento. Paraipaba - CE. 2007.  Neste estudo foi utilizada a Alpinia purpurata, variedade red ginger, cujas mudas (rizomas) foram adquiridas de um produtor do município de Baturité-CE. As mudas foram plantadas em canteiros de diferentes dimensões, de modo que houvesse pelo menos duas covas por parcela. Os tratamentos foram três níveis de adubação e três densidades de plantio, com 4 repetições. A análise estatística foi feita utilizando-se a média geral da produção de hastes durante os 18 meses de produção, considerando o delineamento inteiramente casualizado, arranjo fatorial 3x3, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.  Espaçamentos testados - E1 (1,25m x 2,00m) = 0,40 plantas/m² = 4000 plantas/ha; - E2 (0,90m x 2,00m) = 0,56 plantas/m² = 5555 plantas/ha; - E3 (0,65m x 2,00m) = 0,77 plantas/m² = 7692 plantas/ha. Para a adubação mineral utilizou-se a formulação 15:15:15 (N:P:K), utilizando-se as seguintes doses: - A1 (100% = controle) = 250g/cova; - A2 (-25% do controle) = 187,0g/cova; - A3 (+25% do controle) = 312,0g/cova. Igualmente para  todos os tratamentos foram adicionados 37,5kg/ha de micronutrientes (FTE – BR12) e húmus de minhoca (5kg/m²). As adubações mineral e orgânica foram parceladas em quatro vezes/ano. A adubação controle foi baseada no que é recomendado na literatura. A irrigação foi feita por microaspersores com vazão média de 39 L h¹־. A umidade do solo foi mantida na capacidade de campo, de acordo com as leituras dos tensiômetros, para o cálculo da lâmina de irrigação. Três meses após o plantio iniciou-se a condução da touceira, deixando-se 9 hastes por touceira. Foram avaliados o tamanho da haste (TH): tomado do colo da planta até a base da inflorescência e o tamanho da inflorescência (TI): baseada no comprimento da inflorescência desde a base até o ápice. A colheita foi feita quando o terço inferior das brácteas das inflorescências encontrava-se totalmente expandido, de acordo com os procedimentos adotados em plantios comerciais (Lamas, 2002), e o acumulado era computado mês a mês.    1745 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A produção iniciou-se no 7º mês após o plantio e não houve diferença significativa entre as doses de adubação NPK dentro de cada espaçamento testado, porém, observou-se diferenças entre os espaçamentos para as variáveis analisadas (Tabela 1). Isso pode estar relacionado com o fato de que as doses aplicadas estarem em nível adequado para a cultura e, por isso mesmo, não produzindo efeitos visíveis quando da variação das mesmas, o que sugere que a menor dose (46,9 g/cova) supre as necessidades da planta. Para efeito de comparação de médias para a variáveis avaliadas, devido a não interação entre espaçamentos e doses de NPK, foram usadas as médias dos três níveis de adubação para cada densidade de plantio (Tabela 1).    Tabela 1- Comprimentos (cm) de  hastes e de inflorescências de Alpinia purpurata  em diferentes espaçamentos (E) e níveis de adubação NPK (A) em dois anos de cultivo. Fortaleza, 2007.   E1 (1,25mx2,00m) E2 (0,90mx2,00m) E3    (0,65mx2,00m) Média Tamanho de haste (cm) A1 (62,5g/cova) 102,0 91,6 84,0 92,5A A2 (46,9g/cova) 99,3 98,9 91,4 96,5A A3 (78,1g/cova) 107,3 98,5 76,0 93,9A Média 102,9a 96,3a 83,8b CV(%): 11,23 Tamanho de inflorescência (cm) A1 (62,5g/cova) 22,3 20,5 19,6 20,8A A2 (46,9g/cova) 23,3 22,0 20,4 21,9A A3 (78,1g/cova) 24,0 21,2 17,1 20,8A Média 23,2a 21,2ab 19,0b CV (%): 10,46 Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente ao nível de 5% de significância, pelo teste de Tukey.  De forma geral nos espaçamentos menos adensados os valores para as variáveis avaliadas foram maiores do que nos espaçamentos mais adensados. Isso é devido, provavelmente, ao aumento do vigor das plantas, resultado da menor competição por água, luz e por espaço para a melhor exploração do solo e desenvolvimento da touceira. Maiores comprimentos de haste ocorreram nos espaçamentos 1 (1,25 m x 2,00 m) e 2 (0,90 m x 2,00 m), 102,9 e 96,3 cm, respectivamente, os quais não diferiram estatisticamente entre si, mas estes diferiram do espaçamento 3 (0,65 m x 2,00 m), mais adensado, que apresentou média de 83,8 cm. Com relação ao comprimento das inflorescências, não houve diferença significativa entre o E2 (0,90 m x 2,00 m), 21,20 cm, e os demais espaçamentos, no entanto, houve diferença significativa entre os espaçamentos E1 (1,25 m x 2,00 m) e E3 (0,65 m x 2,00 m), que apresentaram médias de 23,2 e 19,0 cm, respectivamente. Em caracterização física de hastes de Alpinia purpurata adquiridas no CEASA-Campinas, produzidas no estado do Rio de Janeiro, Dias-Tagliacozzo et al (2003) encontraram comprimentos de haste variando entre 70 a 90 cm, sendo maior a distribuição para os comprimentos compreendidos entre 81 a 86 cm. Observou-se nesse trabalho, que tanto o tamanho da haste como o da inflorescência aumentava à medida que a touceira ficava mais velha. Para o tamanho da haste, no 1746 4primeiro mês de produção, a média para todos os tratamentos foi de 43,8 cm, chegando a 73,2 cm, no 6º mês, 96,2 cm no 12º mês e 138,2 cm, no final do experimento (18º mês). Com relação ao tamanho da inflorescência (TI) observou-se um aumento considerável com o tempo de produção, apresentando em média, para todos os tratamentos, no primeiro mês de produção, 17,3 cm, no 6º mês 15,2 cm, e, posteriormente, 20,7 e 28,9 cm, aos 12 e 18 meses de produção, respectivamente. Dessa forma, observou-se que a partir do 6º mês de produção (1 ano de idade) a média do tamanho das inflorescências alcança o tamanho mínimo comercial (15 cm), pela classificação indicada por Lamas (2002), ou tamanho médio, utilizando os padrões adotados internacionalmente (Loges et al., 2005). Em ambas as classificações, a máxima qualidade ocorre para tamanho de inflorescência maior que 20 cm, o qual foi atingido, nesse trabalho, a partir dos 17 meses de idade. Observou-se também que nos maiores espaçamentos as inflorescências alcançam tamanho grande (alto padrão de qualidade) mais rapidamente. Segundo Lamas (2002), o tamanho das hastes mais as inflorescências para comercialização varia de 60 cm a 110 cm. A partir do segundo mês de produção (8º mês de idade) o tamanho médio das hastes mais o das inflorescências observados nesse trabalho é de 68,9 cm, chegando a 116,9 cm no 12º mês de produção (18 meses de idade), encontrando-se, portanto, dentro dos padrões de qualidade comercial exigidos  CONCLUSÃO  Não houve diferença entre as doses de adubação NPK, para os comprimentos de hastes e de inflorescências, indicando que a menor dose (46,9 g/cova) supre as necessidades da planta. De uma maneira geral, a melhor qualidade das hastes/inflorescências foi observada com o aumento do espaçamento.  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  Dias-Tagliacozzo, G.M.; Zullo, M.A.; Castro, C.E.F. de. Caracterização física e conservação pós-colheita de alpinia. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, Campinas, v.9, n.1, p.17-23, 2003.  Gomes, A.R.M. Estimativa da evapotranspiração e coeficientes de cultivo da helicônia sob diferentes níveis de adubação e espaçamento na região de Paraipaba-CE. 2004. 75f.:il. (DISSERTAÇÃO DE MESTRADO). UFC. Fortaleza.  Lamas, A.M. Floricultura Tropical: Técnicas de cultivo. Recife: SEBRAE/PE (Série Empreendedor, 5). 2002.  Loges, V.; Teixeira, M.C. F.; Castro, A.C.R.; Costa, A.S. Colheita, pós-colheita e embalagem de flores tropicais em Pernambuco. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.3, p.699-702, jul-set 2005.   PALAVRAS-CHAVES: Alpínia purpurata, Flores tropicais, densidade de plantio, fertilização, qualidade de hastes florais.   

Caracterização de hastes de alpínia sob cultivo protegido em função do espaçamento e da adubação em região litorânea do Estado do Ceará

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