MADALENA, F. E.

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  TESTE DE PROGÊNIE Na compra de sêmen o produtor decide o padrão genético da geração seguinte e a escolha do reprodutor fica fácil quando se sabe o que se pode esperar do futuro desempenho de suas filhas. O teste de progênie proporciona essa informação. Veja como ele funciona. culo utilitário. Para a escolha, avalia-se o desempenho, o consumo, quantos qui- lômetros o carro vai durar e outras carac- terísticas do veículo, a fim de se concluir qual modelo dará maior retorno ao capital investido. Na compra de sêmen, apresenta-se uma situação semelhante: o mercado oferece sêmen de diversos reprodutores, com pre- ços variados, e é preciso optar entre eles com base nas informações disponíveis. E aqui que a semelhança começa a desapa- recer: enquanto que para obter informa- ções sobre o veículo o interessado pode re- correr aos testes das revistas especializa- das, para a compra de sêmen ele só terá informações se o produto for importado ou se pertencer a um dos poucos reproduto- res testados no Brasil. CONTROLE LEITEIRO TEM IMPORTÂNCIA FUNDAMENTAL O teste de progênie é um procedimento | magine-se o ato de aquisição de um veí- para medir o valor genético dos reprodu- tores. Para saber se um reprodutor trans- mite material hereditário (genes) desejável, é feita uma prova medindo-se o desempe- nho médio de um grupo de suas filhas — sua progênie — em relação ao desempe- nho médio da raça. As principais características medidas são a produção de leite e o percentual de gordura, num período de lactação padro- nizado, sendo quase universalmente acei- to o de 305 dias. No cálculo da produção, o leite produzido após 305 dias de lacta- ção é desconsiderado, porque na situação ideal de uma cria por ano, com período de descanso de 60 dias, o leite extra não in- teressaria. Por outra parte, as vacas com lactações curtas são devidamente penali- zadas. Isto não é relevante nas raças eu- ropéias, como a Holandesa, já que «- va- cas destas raças têm capacidade genéti- ca de produzir leite durante 305 dias ou mais, se bem tratadas. Porém no zebu e no gado mestiço há uma tendência genética para o encurtamento do período da lacta- ção, e por isto é muito importante valorizar os genes que alongam este período. O controle leiteiro tui o requeri- mento básico para O rogênie. Em alguns países se testam também outras ca- racterísticas como o percentual de proteí- na, o tipo, a permanência das vacas no re- banho ou a velocidade de ordenha. Para se diminuir os erros na avaliação genética dos animais, causados pelos efei- tos do meio ambiente, o princípio básico de uma prova zootécnica é o de proporcionar iguais condições ou oportunidades para to- dos os participantes. Assim como os veí- culos são todos testados na mesma pista, seria ideal se avaliar todas as filhas de re- produtores em teste simultaneamente nu- ma mesma fazenda ou num grupo de fa- zendas com o mesmo manejo. Isso pode ser feito com aves e suínos, e foi tentado com o gado leiteiro nas estações de pro- vas da Dinamarca, mas nos países que contam com controle leiteiro massificado, os dados desse procedimento são muito mais baratos e representam melhor as con- dições reais de produção. Já que o meio ambiente não pode ser uniformizado fisicamente, é preciso recor- rer a métodos estatísticos de correção pa- ra evitar que as diferenças ambientais mas-                  BALDE BRANCO MARÇO 87 uma garantia de elevadas Lo aa OR Ra] DEDE   carem ou interfiram na comparação dos re- produtores. Os principais fatores ambien- tais que influem sobre a produção de leite são a idade da vaca ao início da lactação, o número de ordenhas, a fazenda, o ano e a estação Para se evitar a interferência da idade da vaca, todas as produções são ajustadas a uma mesma idade-padrão, geralmente a “idade adulta”, utilizando-se para isto os fa- tores de correção. Se, por exemplo, em mé- dia, as vacas “adultas”, com 10 anos de ida- de, produzem 5.000 kg, e as de 3 anos pro- duzem 4.100 kg, o fator de correção para as vacas de 3 anos será 5.000/4100=1,22 À produção corrigida, ou ajustada, de uma vaca de 3 anos que deu 4.500 ka, seria 4.500 x 1,22 = 5.490 kg de “leite equiva- lente à idade adulta” ou “à maturidade Também se aplicam fatores de correção para ajustar a produção a duas ordenhas diárias. Outras correções podem ser feitas, mas seu valor é discutível e deve ser pes- quisado em cada caso. E importante res- saltar que os fatores de correção são váli- dos somente quando estabelecidos me- diante pesquisas específicas para as con- dições particulares de cada região. COMPARAÇÃO CONTEMPORÂNEA: UM MÉTODO EFICAZ DE AVALIAÇÃO As vacas que iniciam a lactação no mes- Arquivo BB Fotos p= sprtageaea  s, mo rebanho, no mesmo ano e na mesma estação recebem tratamento semelhante (ração, pastagem, volumoso, minerais) e es- tão sujeitas ao manejo pelos mesmos or- denhadores, assim como as mesmas cir- cunstâncias climáticas. Como não estaria correto comparar o desempenho de dois carros, um no morro e o outro na baixada, também não é válido comparar as produ-  Re Na qualidade dos bezerros, à comprovação da qualidade genética.   ções de vacas submetidas a diferentes condições ambientais. Para colocar em pé de igualdade as fi- lhas de todos os touros em avaliação, é ge- ralmente utilizado o método das compa- nheiras contemporâneas de rebanho, que consiste em expressar a produção de lei- te de cada vaca como desvio da média das vacas que iniciaram a lactação no mesmo        RR primeiras assar (ei6 156 as 20 por ano   Geral inseminação              ApoTiÇoEs) descartados  Figura 1. Estrutura básica de um programa de seleção de gado de leite. Os números correspondem aproximadamente 205 do programa conduzido no Reino Unido pelo Milk Marketing Board.  rebanho, ano e estação. Considere o exem- plo seguinte (onde as produções já ajustadas pela idade das vacas): foram   [act LEE da vaca contemporâneas Desvio (o + ER Vaca À 5.300 5.500 - 200 Vaca B 3.300 2.500 + 800  Para cada reprodutor é calculada uma comparação contemporânea baseada na média dos desvios de suas filhas. O exemplo pode ilustrar a importância de se contar com controle leiteiro não seleti- vo, isto é, de todas as vacas do rebanho e não de apenas as melhores, Se no reba- nho da vaca B fosse controlada apenas a melhor metade das vacas, a média subiria para 3.100 kg, e o desvio seria então de apenas + 200 kg, valor deturpado em re- lação ao desvio real de + 800 kg. De outra parte, para se provar um carro, é suficiente testar-se apenas um só veícu- lo de cada modelo - sendo produzidos em da Valor a da = genético 4 rogênie do reprodutor série, todos os veículos de um mesmo mo- delo têm desempenho semelhante. O ga- do, claro, não tem a mesma uniformidade de desempenho. Pelo contrário, existe gran- de variação na produção de leite de uma vaca para outra, mesmo sendo elas filhas do mesmo pai, e por isto, para que o teste reflita realmente o valor genético do repro- dutor, é preciso avaliá-lo através do desem- penho médio de um elevado número de suas filhas. Ão formar-se o embrião, cada filha rece- be metade de seus p do espermatozóide, be da mãe, atrai nismos da her, Es permatozó ntêm uma amostra da me- tade dos genes do reprodutor, havendo va- riação, de uma amostra para outra, na qua- lidade dos genes que elas contêm. Assim, uma vaca pode diferir de sua meio-irmã na amostra de genes recebidos do pai, nos ge- nes recebidos da mãe e também nos efei- tos dos inúmeros fatores do meio ambien- te que influenciam a produção de leite, podendo-se considerar a média de produ- ção da progênie de um reprodutor como composta das seguintes partes:         mais, cada Média dos valores gené- + ticos das mães Média dos efeitos de fatores genéticos e de meio não identificados            E EE a seta A Boas produções é o objetivo básico do teste de progênie. Num grupo de muitas filhas, é de se es- perar que haja mães boas, regulares e ruins, de forma que na média do grupo os desvios positivos tenderão a cancelar-se com os negativos, desde que não haja ten- dência de se acasalarem os melhores re- produtores com as melhores vacas e vice- versa. O mesmo se aplica aos efeitos ge- néticos e de meio não identificados ou aleatórios. Pode-se ver, então, que a segu-    ie) re E a | ia HIDRÁULICO Ba í os o ms = b- com ma DE TROPICAL SUPER: ÓLEO PARA MOTORES DIESEL AUTOMOTIVOS, TURBINADOS E DE ASPIRAÇÃO NATURAL — SAE 1OW, 30, 4UE SO. HIPÓIDE BEP: ÓLEO LUBRIFICANTE PARA CAIXAS DE MUDANÇAS, DIFERENCIAIS E CA! 80W. 90 E 140. TA TIPO A: FLUIDO DE TRANSMISSÕES AUTOMÁTICAS E SISTEMAS DE DIREÇÃO HIDRÁULICA — SAE TOW. HYSPIN AWS: FLUIDO PARA SISTEMAS HIDRÁU LICOS — 180 IDA 150, 411: ÚLEO PARA TRATORES E CAMINHÕES À GASOLINA E ÁLCOOL E PARA USO EM MOTORES CONVERTIDOS À ÁLCOOL, UTIZADOS EM USINAS DE AÇUICAR. AGRICASTRO! AS ESPECIAL: ÓLEO PARA CAIXAS DE ENGRENAGENS, TRANSMISSÕES, SISTEMAS HIDRÁULICOS, SISTEMAS DE FREIOS ÚMIDOS DE TRATORES -- SAE BOW E ISO 58. LMZ: GRAXA DE APLICAÇÃO UNIVERSAL. MULTIPLANT: ÓLEO MULF-APLICATIVO XAS DE ENGRENAGENS DO TIPO HIPOIDAL — SAE BOW. dO epa go É Ore nToES DiESeL. cor PARA MOTOR DIESEL, GASOLINA E ÁLCOOL SAE 20H40) CÂMBIO, ENGRENAGENS (SAE 90), SISTEMA HIDRÁULICO E COMPRESSOR DE AR. GASTROL. QUEM MAIS ENTENDE DE OLEO NO MUNDO.         DPZ       rança do teste aumenta com o número de filhas avaliadas. A segurança do teste é medida por um coeficiente chamado repetibilidade, que in- dica, numa escala de O a 100%, em que medida se espera que as futuras filhas do reprodutor repitam a mesma superiorida- de (ou inferioridade) apresentada pelas fi- lhas avaliadas no teste. Se, por exemplo, um reprodutor foi testado com apenas 10 filhas, a repetibilidade desta prova seria somen- te 34% - não muito confiável. Já se o teste fosse baseado na média de 100 filhas, a re- petibilidade aumentaria para 84% - bastan- te preciso. O teste com precisão absoluta — repetibilidade de 100% — não é inte- ressante, porque requereria a avaliação de milhares de filhas de cada reprodutor, one- rando o teste em demasia. Por sua vez, o valor genético é medido por um índice que combina as diversas in- formações disponíveis. O Departamento da Agricultura dos EUA utiliza o desempenho provável (PD)” - tradução de “predicted dif- ference (DP) - que indica “a diferença es- perada entre as filhas do reprodutor e as companheiras de rebanho em rebanhos médios da raça”. Como a metade dos ge- nes vem do pai, o DP mede metade do va- lor genético do reprodutor. O índice é cal- culado levando-se em consideração a mé- dia das filhas, a média das companheiras contemporâneas, a média genética dos pais das contemporâneas, a repetibilidade do teste e o valor genético do pai e do avô materno do reprodutor. E Calcula-se um desempenho provável das filhas para produção de leite, para percen- tual de gordura, percentual de proteina, DPs - combinando as anteriores com seus valores econômicos naquele país. Estas in- formações se apresentam nos catálogos de    24   Paulo Sala É Fr Ed Inseminação artificial: a viabilização do pr Note-se que o índice genético é uma me- dida relativa. Não interessa que as filhas do reprodutor produzam 10.000 kg de lei- te, por exemplo. Esta produção é devida principalmente ao tratamento recebido, que não se herda. O que realmente interessa na avaliação é que as filhas do reprodutor sejam capazes de produzir mais leite do que as filhas dos outros touros quando sub- metidas às mesmas condições. Os índices genéticos utilizados em vá- rios países são diferentes, mas a metodo- logia é semelhante. Entretanto, não existem ainda estudos que permitam converter os valores dos testes realizados em outros paí- ses para valores aplicáveis ao Brasil. Por exemplo, não seria de se esperar que as filhas de um touro com DP de + 1.500 kg nos EUA, onde a média do rebanho é de mais de 7.000 kg, mostrassem essa mes- ma superioridade no Brasil, onde a média é bem menor. Inclusive há indicações de que touros de alto potencial leiteiro dariam prejuízo nas fazendas com baixo nível de manejo. NO BRASIL, MUITA COISA AINDA DEVE SER FEITA Nos países que contam com programas de seleção de gado leiteiro, cuja estrutura é mostrada na figura 1, o teste de progê- nie é apenas uma parte do programa que requer uma empresa capaz de executar com eficiência suas diversas etapas. Em diferentes países os testes de progênie são realizados por centrais de inseminação pri- vadas, cooperativas ou estatais e paraes- tatais. O importante é contar com uma or- ganização que opere comercialmente, sem burocracia, com continuidade e disposta a fazer o necessário investimento a médio e ongo prazo. O retorno econômico desta in- ã ) lar-se como para qual- to e a rentabilidade tem si-    OCesso.      conduzir testes de progênie. Na raça Ho- landesa, a Associação Brasileira dos Cria- dores de Bovinos da Raça Holandesa, a ABC — Associação Brasileira dos Criado- res — e o Instituto de Zootecnia de São Paulo conduziram o programa PROTEGEL; e o Instituto “Francisco Osório”, do Rio Grande do Sul, tem outro programa em pe- quena escala, cujo sêmen será comercia- lizado pela central daquele Estado, a Cria. A Embrapa, junto à Epamig - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, e outros órgãos de pesquisa e particulares, desenvolveu o programa de pesquisa “De- senvolvimento do Gado Mestiço Leiteiro Brasileiro”, tendo montado uma pequena central para produzir sêmen na Fazenda Canchim, UEPAE São Carlos-SP Nesse pro- grama são testados aproximadamente 10 touros mestiços por ano, havendo já duas turmas de touros provados, entre os quais sobressaiu-se o conhecido touro “Mico”, Uma particularidade do programa é que os touros são submetidos a provas para me- dir a sua resistência aos carrapatos. Também com o Gir Leiteiro, a respecti- va associação de criadores começou um programa de seleção em convênio com o Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite da Embrapa e a Epamig. O sucesso destes programas depende- rá da capacidade executiva dos organis- mos envolvidos e do apoio que recebam dos diferentes segmentos da pecuária lei- teira. Agora, não seria bom se imaginar que a metodologia de seleção e testes de pro- gênie está bem elucidada para os países tropicais. Pelo contrário, muitos aspectos devem ainda ser pesquisados e a metodo- logia desenvolvida pelos países tempera- dos deve ser considerada apenas como uma primeira aproximação. *) Fernando E. Madalena é consultor de Melhoramento Genético Ani- mal & foi o responsável pelo programa de teste de progênie de touros mestiços do Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite, da Embra- pa de Coronel Pacheco (MG). po    ia             BR. Cooperativa Central de Laticínios do Estado de São Paulo - Ano    XII nº 269 - Março 87               MANGA DAM o lE Ef: ampliou o consumo          LEITE Custos de produção, segundo a Embrapa REPRODUTORES A validade do manejo correto Certezas do teste de progênie     ” PANA Da indústria têxtil à alimentação animal                 a ' >, dn ya Eng á a o oi E a ade º y z - “ ss A not] alta A ESSO IG eae é  

Teste de progênie: uma garantia de elevadas produções.

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Teste de progênie: uma garantia de elevadas produções.

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