Sentimento de comunidade, temperamento e participação comunitária em idosos institucionalizados

Abstract

O envelhecimento varia de individuo para individuo, sentindo-se de uma forma gradual nuns e mais rápida noutros. A institucionalização é um cenário, ainda, muito comum para a grande maioria dos idosos, que poderá ser encarada de uma forma positiva ou negativa, consoante o seu temperamento. E falar da participação ativa dos idosos na sociedade é falar da sua participação comunitária, do seu sentimento de comunidade. E é precisamente nesta linha de pensamento: sentimento de comunidade, temperamento e participação comunitária em idosos institucionalizados, que surge a minha questão de partida: “De que forma o temperamento das pessoas mais velhas institucionalizadas, o seu sentimento de comunidade e o seu nível de participação comunitária tem implicações para um envelhecimento saudável na comunidade?” Para o efeito, foram realizados três Estudos: Estudo I- conhecer a perspetiva das pessoas mais velhas institucionalizados; Estudo II -compreender a perceção que os profissionais e pessoas da comunidade apresentam sobre as pessoas mais velhas institucionalizados da nossa investigação nos domínios temperamento, sentimento de comunidade e participação comunitária; Estudo III- compreender a perspetiva dos especialistas sobre o temperamento das pessoas mais velhas institucionalizadas, o seu sentimento de comunidade e o seu nível de participação comunitária tem implicações para um envelhecimento saudável na comunidade. Para esse efeito foram administrados, no estudo I, três instrumentos de avaliação psicológica (Índice de Sentimento de Comunidade II, Questionário de Participação Comunitária, e Escala de EAS de Temperamento para Adultos) a 17 idosos institucionalizados numa ERPI e realizada, posteriormente, uma entrevista, também, a três idosos institucionalizados. No Estudo II, com o objetivo de conhecer as perceções dos profissionais e pessoas da comunidade ligadas diretamente a estes idosos institucionalizados aplicou-se uma entrevista semiestruturada a estes mesmos profissionais. Também no Estudo III realizado junto de profissionais de saúde mental e da área da gerontologia recorreu-se a uma entrevista semistruturada de modo a obter mais informações relativas às perceções destes profissionais. No Estudo I os resultados obtidos evidenciaram que o temperamento é considerado elevado na opinião dos idosos, sendo mais elevados os índices de sociabilidade, que estão relacionados com o gosto em estar com os outros e/ou trabalhar com os mesmos, sentem um pouco de medo em geral, não se identificam com estados emocionais como cólera e angústia. Contudo, revelam alguma tendência para um tipo de temperamento mais defensivo combativo, com algumas expressões de desinteresse e abulia e alguma instabilidade emocional. Em relação à participação comunitária foi possível verificar que no geral, a mesma, é baixa e existe alguma insatisfação por parte dos idosos devido ao facto de considerarem que estão poucas vezes com a sua família, amigos, vizinhos, a participar em serviços religiosos e em atividades organizadas da comunidade. Com relação ao sentimento de comunidade, os resultados obtidos levaram a constatar que a perceção deste sentimento, no geral, é reduzida. No Estudo II foi possível concluir, de acordo com as opiniões destes profissionais, que: o temperamento dos idosos tende a variar em função ou da própria personalidade ou da idade que o idoso apresente e que a sociabilidade, existência de hábitos saudáveis e um maior acompanhamento, por parte quer da instituição quer da família, são considerandos fatores promotores do bem-estar associados ao temperamento; a participação comunitária é importante e os idosos tendem a gostar e a querer participar. Existem possibilidades para os idosos de participarem na comunidade e da sua inclusão social; o sentimento de comunidade encontra-se presente nos idosos que acompanham e a família é referida como a grande referência para o desenvolvimento de um sentimento de comunidade por parte dos idosos, assim como importante a promoção de diferentes tipos de atividades de lazer e convívio. No que concerne ao Estudo III, com base nas opiniãoes de especialistas na área da Gerontologia e Psicologia, foi possível concluir que: existe uma variabilidade de temperamentos diferentes e que estes variam de idoso para idoso, em função da sua experiência de vida e idade; a participação dos idosos na comunidade é importante e os mesmos tendem a gostar de participar, mas nem sempre é fácil. Existe possibilidade ou solicitações para uma maior integração, logo acredita-se ser possível a inclusão social dos idosos. Assim, o convívio com a comunidade e a criação de condições para a participação, são fatores motivacionais para a participação comunitária e um sentimento de comunidade. A partir dos resultados obtidos foi apresentada uma proposta de um projeto de intervenção designado “(A)bela idade” a fim de melhorar os níveis de participação dos idosos institucionalizados, de forma aumentar o seu sentimento de comunidade, tendo em conta o seu temperamento

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