Araújo, Patrícia Sodré

Brasil, Sandra Assis

Brito, Helga de Oliveira

Britto Filho, Theocrito José Brandão

Fagundes, Josilda Maria da Silva

Oliveira, Bruna Santos de

Santos, Dejoan da Cruz

Silva, Jeferson Pereira da

Portuguese

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 Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva, Salvador, v.1, n.e12533, p.1-7, 2020.                     1 RESUMO EXPANDIDO ISSN: 2675-7591 PARA ALÉM DA FARMÁCIA: A ATUAÇÃO DE FARMACÊUTICOS NA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM UM MUNICÍPIO BAIANO  BEYOND THE PHARMACY: THE PERFORMANCE OF PHARMACISTS IN THE PSYCHOSOCIAL CARE NETWORK IN A MUNICIPALITY IN BAIANO  MÁS ALLÁ DE LA FARMACIA: EL DESEMPEÑO DE LOS FARMACÉUTICOS EN LA RED DE ATENCIÓN PSICOSOCIAL EN UN MUNICIPIO DE BAIANO  Bruna Santos de Oliveira 1 Jeferson Pereira da Silva 2 Dejoan da Cruz Santos 3 Josilda Maria da Silva Fagundes 4  Helga de Oliveira Brito 5 Theocrito José Brandão Britto Filho 6 Patrícia Sodré Araújo 7 Sandra Assis Brasil 8  Manuscrito recebido em: 13 de dezembro de 2020 Aprovado em: 20 de dezembro de 2020 Publicado em: 31 de dezembro de2020  Palavras-chave: Saúde Mental; Atenção Psicossocial; Atenção Farmacêutica; Cuidado Farmacêutico.  Keywords: Mental health; Psychosocial Care; Pharmaceutical attention; Pharmaceutical Care.  1 Residente Multiprofissional em Saúde pela Universidade do Estado da Bahia. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3936-2370  E-mail: brufarma74@gmail.com  2 Residente Multiprofissional em Saúde pela Universidade do Estado da Bahia. E-mail: jefersonp@live.com 3 Farmacêutico na Prefeitura Municipal de Salvador. Graduado em Farmácia pela Universidade Federal da Bahia. E-mail: ejoansantos@yahoo.com.br 4 Farmacêutica na Prefeitura Municipal de Salvador. Especialista em Gerenciamento de Resíduos Sólidos em Saúde pelo Centro Universitário Dom Pedro II. E-mail: josyldamoreira@yahoo.com.br 5 Farmacêutica na Prefeitura Municipal de Salvador. E-mail: helgaobrito@hotmail.com 6 Farmacêutico na Prefeitura Municipal de Salvador. Especialista em Gestão da Assistência Farmacêutica pela Universidade Federal de Santa Catarina E-mail: theobrt@gmail.com 7 Doutora em Saúde Pública pela Universidade Federal da Bahia. Docente na Universidade do Estado da Bahia. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5843-5662  E-mail: patrisodre@gmail.com 8 Doutora em Saúde Coletiva pela Universidade Federal da Bahia. Docente na Universidade do Estado da Bahia. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1873-4577  E-mail: sanbrasil@gmail.com  Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva, Salvador, v.1, n.e12533, p.1-7, 2020.                     2 RESUMO EXPANDIDO ISSN: 2675-7591  Palabras clave: Salud mental; Atención psicosocial; Atención farmacéutica; Cuidado farmacéutico.  Introdução A prática da profissão farmacêutica teve seu início através da Lei nº 5.991 de 1973, em que coloca o profissional como responsável pelas farmácias no âmbito municipal. Após a publicação da Política Nacional de Medicamentos em 1998 e da Política Nacional de Assistência Farmacêutica em 2004, a atuação do farmacêutico foi concebida numa perspectiva não apenas centrada no medicamento, mas que incluísse também cuidado direto aos usuários de medicamentos1,2. No campo da Saúde Mental, compondo a Rede de Atenção Psicossocial, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) surgiram como serviços de caráter aberto, substitutivos oriundos da Reforma Psiquiátrica, com acompanhamento multiprofissional e realização de atividades como consultas médicas e multiprofissionais, oficinas e dispensação de medicamentos voltadas ao indivíduo e seus arranjos familiares3. O profissional farmacêutico não faz parte da equipe mínima do CAPS, com exceção das unidades que têm farmácias para dispensação de medicamentos controlados. Tal atuação, em geral, é limitada à logística e dispensação de medicamentos4. Sabe-se que, segundo o modelo biomédico, flexneriano e reducionista do cuidado, o medicamento é um dos principais recursos demandados no tratamento de transtornos mentais. Seu uso pode levar ao surgimento de Problemas Relacionados com Medicamentos (PRM) que incluem desde aqueles relacionados à indicação, efetividade até problemas de segurança decorrente de interações medicamentosas, reações adversas e de adesão à farmacoterapia5. Diante da complexidade inerente aos medicamentos e seu uso, os (as) farmacêuticos(as) têm um papel de caráter clínico fundamental na saúde mental para assegurar o acesso e uso racional de medicamentos, possibilitando uma melhora no quadro dos transtornos mentais e adesão à terapia medicamentosa. Entretanto, existem muitos obstáculos enfrentados para a realização dessas atividades, como carga horária insuficiente e falta de recursos humanos qualificados para  Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva, Salvador, v.1, n.e12533, p.1-7, 2020.                     3 RESUMO EXPANDIDO ISSN: 2675-7591 exercer atividades relacionadas à farmácia6. No Brasil, estudos relacionados à atuação do farmacêutico em saúde mental, sobretudo no contexto dos CAPS, ainda são escassos, sendo necessária a divulgação de experiências que relatam as práticas destes profissionais sob essa nova perspectiva de cuidado voltada aos usuários e seus familiares7. Deste modo, o objetivo deste trabalho é relatar a experiência de residentes de Farmácia e farmacêuticos da Rede de Atenção Psicossocial, em CAPS de um município baiano. Descrição da Experiência Trata-se de um relato de experiência sobre a atuação de farmacêuticos e residentes em Farmácia em diferentes CAPS de um município baiano. A experiência ocorreu no período de março de 2019 a outubro de 2020 em um CAPS II, CAPS AD III e CAPS infantil em atendimento a usuários portadores de transtornos mentais graves e persistentes e seus familiares. As atividades farmacêuticas realizadas foram divididas em atividades de caráter clínico, técnico - gerenciais, técnico – pedagógicas, Educação Permanente e em Saúde. As ações de caráter clínico objetivaram o cuidado ao usuário e seus familiares trabalhando os possíveis PRM e a adesão à terapia medicamentosa, a fim de alcançar resultados de melhoria da qualidade de vida do usuário. Foram realizados atendimentos individuais a usuários que apresentaram PRM, com a elaboração de planos de cuidado para prevenção e monitoramento das intervenções realizadas a estes usuários. Esses atendimentos eram realizados de forma compartilhada com outros profissionais, discutidos em reuniões técnicas de forma a trazer o caráter multidisciplinar aos casos. Quanto aos familiares, foram oferecidos atendimentos em grupos através da realização de rodas de conversa e oficinas sobre o uso de medicamentos e suas implicações na vida de usuários e familiares. Neste espaço, foram debatidos assuntos de contexto mais gerais como, interações medicamentosas, transtornos mentais, efeitos adversos, uso de plantas medicinais, remédio x medicamentos, posologias e forma de armazenamento, e de forma mais específica, o lugar do usuário sobre o seu tratamento, onde foi trabalhado o seu protagonismo frente ao seu tratamento  Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva, Salvador, v.1, n.e12533, p.1-7, 2020.                     4 RESUMO EXPANDIDO ISSN: 2675-7591 farmacológico e não farmacológico. Em relação às atividades técnico - gerenciais foram realizadas atividades que compreendiam o sistema de apoio da Assistência Farmacêutica, tais como a participação no abastecimento de medicamentos, compreendendo parte do ciclo da Assistência Farmacêutica (Programação, Aquisição, Armazenamento e Distribuição) e a dispensação de medicamentos através de sistemas informatizados e com retenção da receita. Essa ação era realizada em sala privativa, de forma que usuários e familiares se sentissem confortáveis para discutir sobre os temas que eram de seu interesse: dúvidas sobre os medicamentos, transtornos mentais e seus tratamentos, bem como acesso a alguns pontos da rede municipal de saúde e locais para realização de exames. Acerca das atividades técnico-pedagógicas incluíram-se atividades como discussão de casos com a equipe da unidade e outros atores da rede de atenção psicossocial, conforme a necessidade do caso, atendimento em conjunto com profissionais de outras categorias, participação em oficinas com outros profissionais da equipe, reuniões internas e externas e visitas domiciliares. Na Educação Permanente foram ofertadas atividades aos profissionais a partir da necessidade do serviço sobre algum tema técnico necessário para discussão, como farmacologia dos psicotrópicos e tipos de receitas e na Educação em Saúde foram ofertadas salas de espera aos usuários com a participação de outros residentes, sobre temas sugeridos pelos próprios usuários, a exemplo de preparo de chás, uso de medicamentos, Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), saúde mental e hábitos de higiene. Resultados e discussão Por meio desse estudo pode-se perceber a potencialidade de atuação do farmacêutico na saúde mental, especialmente no contexto dos CAPS. As ações de caráter clínico trouxeram uma visibilidade maior quanto a necessidade de visualizar o usuário como protagonista de seu tratamento, além de desmistificar alguns mitos sobre o uso de medicamentos e suas interações.    Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva, Salvador, v.1, n.e12533, p.1-7, 2020.                     5 RESUMO EXPANDIDO ISSN: 2675-7591 Foram identificados PRMs relacionados a indicação terapêutica, efeitos adversos, interação fármaco - alimento, interação fármaco - fármaco, além do desconhecimento por parte dos usuários sobre seus transtornos mentais. As atividades grupais como rodas de conversas e oficinas, proporcionaram maior vinculação do usuário com a unidade e os seus técnicos de referência, com a construção de um espaço aberto para diálogo e ajustes do seu Projeto Terapêutico Singular (PTS), possibilitando a adesão à terapia medicamentosa e a prevenção do uso incorreto de medicamentos. Observou-se que a chegada dos residentes de farmácia impactou positivamente os farmacêuticos dos serviços, proporcionando uma soma de forças para o trabalho farmacêutico e o repensar sobre o processo de trabalho que por muita das vezes é baseado em modelos equivocados por parte da Gestão do SUS, colocando o profissional atrás de uma mesa, entregando medicamentos. Um outro ponto notado, foi a deficiência de recursos humanos nas farmácias, que em sua maior parte tinha apenas o farmacêutico como recurso responsável por todas as atividades do local, até mesmo aquelas que não pertencem a sua atribuição, se limitando muitas vezes apenas às atividades técnico - gerenciais que demandam muito de sua carga horária. A atuação em Educação Permanente trouxe uma abertura no olhar dos profissionais quanto à importância de refletir sobre a real definição do sujeito frente à saúde mental e seus dispositivos, além de promover um espaço de escuta e compartilhamento de experiências sobre medicamentos e o usuário de saúde mental. Considerações Finais Através da realização das atividades constatou-se a potencialidade de atuação do farmacêutico na Rede de Atenção Psicossocial para além do gerenciamento do medicamento. As ações de caráter clínico, técnico-pedagógico, Educação Permanente e Educação em Saúde trouxeram uma maior vinculação dos usuários à unidade e aos profissionais, colocando em pauta o papel social de resgate da individualidade do sujeito e a melhoria da qualidade de vida de indivíduos portadores de transtornos psíquicos, além da ampliação do fazer-cuidar em saúde mental  Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva, Salvador, v.1, n.e12533, p.1-7, 2020.                     6 RESUMO EXPANDIDO ISSN: 2675-7591 nos dispositivos da rede de atenção psicossocial. Para tanto, é fundamental que os gestores invistam em ações que resultem em melhorias na infraestrutura das farmácias, bem como aumento de recursos humanos qualificados e carga horária suficiente para exercer as atividades farmacêuticas. Assim, com o desenvolvimento do papel do farmacêutico frente ao cuidado ao usuário compondo a equipe da Rede de atenção psicossocial, é possível promover a integralidade ao sujeito de serviços em saúde, incentivando ações que fortaleçam os serviços substitutivos e a luta pela Reforma Psiquiátrica. Conflitos de interesse  Os autores declaram a inexistência de conflitos de interesse durante a realização desta experiência. Referências 1. Oliveira NVBD, Szabo I, Bastos LL, Paiva SP. Atuação profissional dos farmacêuticos no Brasil: perfil sociodemográfico e dinâmica de trabalho em farmácias e drogarias privadas. Saúde e Sociedade [Internet]. 2017 outubro – dezembro. [acessado em 27 de outubro de 2020];26(4):1105-1121.Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104129020j17000401105&lng=en  2. Angonesi D. Dispensação farmacêutica: uma análise de diferentes conceitos e modelos. Cienc. saúde coletiva [Internet]. 2008 abril [acessado em 27 de outubro de 2020]; 13(suppl): 629-640. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232008000700012&lng=en .  3. Ferreira JT, Mesquita NNM, Silva TAS, Silva VF, Lucas, HJ, Batista EC. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): Uma Instituição de Referência no Atendimento à Saúde Mental. Rev. Saberes, Rolim de Moura [Internet]. 2016 janeiro–junho. [acessado em 26 de outubro de 2020]; 1(4): 72-86. Disponível em: https://facsaopaulo.edu.br/wp- content/uploads/sites/16/2018/05/ed5/7.pdf.       Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva, Salvador, v.1, n.e12533, p.1-7, 2020.                     7 RESUMO EXPANDIDO ISSN: 2675-7591 4. Silva SN, Lima MG. Assistência Farmacêutica na Saúde Mental: um diagnóstico dos Centros de Atenção Psicossocial. Ciênc. saúde coletiva [Internet]. 2017 junho [acessado em 30 de outubro de 2020]; 22(6):2025-2036. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232017002602025&lng=en. https://doi.org/10.1590/1413-81232017226.25722016.  5. Ferreira AS, Sodré MLG, Cristina FMCF, Marinho SF, Fernandes MA, Rodrigues MS, Belfort IKP, Monteiro SCM. Perfil farmacoterapêutico em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-ad) do Nordeste brasileiro. Rev Cienc Saude [Internet]. 4º de agosto de 2020 [acessado em 29 de outubro de 2020];10(3):56-3. Disponível em: http://186.225.220.186:7474/ojs/index.php/rcsfmit_zero/article/view/905.  6. Araújo PS, Costa EA, Guerra JAA, Acurcio FA, Guibu IA, Álvares J et al. Atividades farmacêuticas de natureza clínica na atenção básica no Brasil. Rev. Saúde Pública [Internet]. 2017 [acessado em 29 de outubro de 2020];51(Suppl 2): 6s. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003489102017000300309&lng=en. http://dx.doi.org/10.11606/s1518-8787.2017051007109.  7. Zanella CG, Aguiar PM, Storpirtis S. Atuação do farmacêutico na dispensação de medicamentos em Centros de Atenção Psicossocial Adulto no município de São Paulo, SP, Brasil. Ciênc. saúde coletiva [Internet]. 2015 Fevereiro [acessado em 29 de outubro de 2020]; 20( 2 ): 325-332. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-1232015000200325&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015202.17872013.  

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