Almeida, Carolina Bittencourt Moura de

Santos, Jayran Neves Gomes

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 Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva, Salvador, v.1, n.e12431, p.1-6, 2020.                     1 RESUMO EXPANDIDO ISSN: 2675-7591 ASMA NA BAHIA: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ÓBITOS POR ASMA NO ESTADO DA BAHIA ENTRE 2012 E 2016  ASTHMA IN BAHIA: EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF ASTHMA DEATHS IN THE STATE OF BAHIA BETWEEN 2012 AND 2016  ASMA EN BAHIA: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE LAS MUERTES POR ASMA EN EL ESTADO DE BAHIA ENTRE 2012 Y 2016  Jayran Neves Gomes Santos1 Carolina Bittencourt Moura de Almeida 2  Manuscrito recebido em: 13 de dezembro de 2020 Aprovado em: 25 de dezembro de 2020 Publicado em: 30 de dezembro de2020  Palavras-chave: Perfil epidemiológico; Doenças respiratórias; Asma.  Keywords: Epidemiological profile; Respiratory diseases; Asthma.  Palabras clave: Perfil epidemiológico; Enfermedades respiratorias; Asma. Introdução  A asma é definida como uma doença inflamatória crônica das vias aéreas de caráter heterogêneo que pode afetar indivíduos de qualquer faixa etária e etnia. Trata-se de um importante problema de saúde pública no mundo apresentando uma morbimortalidade elevada com significativos prejuízos para o paciente, familiares e o sistema de saúde. Vários fatores estão relacionados com a gênese desta doença, tais como aspectos ambientais e genéticos próprios dos indivíduos, que podem gerar, agravar ou até mesmo levar o indivíduo ao óbito¹. A mortalidade por asma exerce um papel importante a nível nacional e regional, pois dimensionar o impacto que esta enfermidade exerce sobre a saúde da população pode contribuir para a tomada de decisões que vão influenciar nos serviços de  1 Graduando em Medicina pela Universidade do Estado da Bahia. E-mail: jayranngs@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9138-967X 2 Mestra em Medicina e Saúde pela Universidade Federal da Bahia. Docente na Escola Bahiana de Medicina. E-mail: carolinanb@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0154-2891  Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva, Salvador, v.1, n.e12431, p.1-6, 2020.                     2 RESUMO EXPANDIDO ISSN: 2675-7591 saúde2,3. No Brasil, as taxas de mortalidade são altas, principalmente nos grandes centros urbanos, apesar de ter sido reduzida nos últimos 3 anos. Estudos mais recentes mostram que a mortalidade por asma foi maior na região Sul, seguida das regiões Sudeste, Nordeste, Centro-Oeste e Norte4. Dessa forma, é de extrema importância a realização de uma análise contínua desse perfil com enfoque em dados oficiais correspondentes aos últimos anos, a fim de se tentar dimensionar seu comportamento na população baiana, bem como seu impacto, auxiliando, desse modo, em possíveis medidas de prevenção e diminuição do problema em questão. O presente estudo tem a finalidade de traçar o perfil epidemiológico dos casos de óbitos por asma na Bahia entre os anos de 2012 e 2016. Materiais e métodos Trata-se de um estudo descritivo transversal observacional, com abordagem quantitativa, feito por meio da utilização de dados secundários obtidos no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), no período de 2012 a 2016, disponíveis na plataforma online do DATASUS. As áreas de estudo consideradas foram o Estado da Bahia em sua totalidade. O período escolhido corresponde aos dados mais recentes disponíveis no DATASUS. As variáveis utilizadas para a realização do estudo foram: sexo (masculino; feminino), faixa etária (10 a 19 anos, 20 a 29 anos, 30 a 39 anos, 40 a 59 anos, 60 a 69 anos, 70 a 79 anos e 80 anos ou mais), estado civil (solteiro, casado, divorciado, viúvo), escolaridade em anos (nenhuma, 1 a 3, 4 a 7, 8 a 11, 12 ou mais); cor/raça (branca, preta, amarela, parda e indígena); e as categorias da CID-10 correspondentes aos tipos de asma: asma predominantemente alérgica (J45.0); asma não-alérgica (J45.1); asma mista (J45.8); e asma não especificada (J45.9). Excluiu-se da análise os casos registrados como ignorados para qualquer uma das variáveis selecionadas. Inicialmente, realizou-se a análise dos dados a partir da frequência de óbitos por asma dentro de cada categoria de sexo, faixa etária, estado civil e escolaridade ao longo dos anos para as áreas supracitadas. Posteriormente, foram calculadas as taxas de mortalidade por asma em cada área. Para os cálculos dos indicadores e elaboração dos gráficos, foram utilizados os softwares Tabnet e Microsoft Excel 2010.  Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva, Salvador, v.1, n.e12431, p.1-6, 2020.                     3 RESUMO EXPANDIDO ISSN: 2675-7591 Vale ressaltar que as bases de dados utilizadas neste estudo são de acesso público, nas quais existe a omissão da identificação dos indivíduos, o que atende aos preceitos éticos de pesquisa envolvendo seres humanos, segundo a Resolução n.º 466 de 12 dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde. Desse modo, dispensou a submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados e discussão A asma é um importante problema de saúde pública no mundo, uma vez que esta enfermidade apresenta impactos sociais negativos para toda a população, como hospitalizações, asfixia recorrente e, eventualmente, morte. Embora a mortalidade por asma seja considerada uma causa rara, esta merece atenção, pois parte delas poderiam ser evitadas2. Este estudo revela que, na Bahia, no período analisado de 2012 a 2016 houve um total de 955 óbitos registrados, sendo maior em indivíduos solteiros, do sexo feminino, sem escolaridade, de etnia parda e com concentração maior em indivíduos idosos. A taxa de mortalidade por asma na Bahia quando comparada a capital Salvador apresentou números mais significativos nos anos analisados, porém no ano de 2015 apresentaram percentuais semelhantes (Bahia 1,08 e Salvador 1,06) . A capital baiana, por sua vez, apresentou comportamento mais estável, variando pouco ao longo dos anos. Estudos apontam que regiões com maior densidade demográfica tem maior acesso a serviços de saúde e isso acaba implicando como um fator de redução da morbidade e mortalidade4. Entretanto, deve-se mencionar que indivíduos que vivem em grandes centros urbanos acabam sendo mais expostos a fatores de risco, tais como poluição ambiental, exposição a alérgenos e tabagismo3. O número de óbitos por asma em crianças apresentou percentual pouco expressivo (282 casos registrados) no período em análise pelo estudo, o que pode ser justificado pela dificuldade em diagnosticar estes indivíduos, pois na criança pode haver confusão com outros diagnósticos, principalmente nos casos em que as crises asmáticas são desencadeadas por infecções respiratórias4. O Brasil, conforme publicações mais recentes, apresentou entre 1996 e 2015 um total de 5.014 óbitos por asma em crianças e adolescentes de até 19 anos, sendo a maioria destes  Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva, Salvador, v.1, n.e12431, p.1-6, 2020.                     4 RESUMO EXPANDIDO ISSN: 2675-7591 óbitos em crianças menores de 5 anos, do sexo masculino, porém em adolescentes de 10 a 19 anos houve predomínio do sexo feminino. Quando observado em relação as regiões brasileiras, o número de óbitos em crianças menores de 5 anos foi preponderante em todas as regiões, sendo mais significante nas regiões Norte e Nordeste5. Observa-se, neste estudo, uma maior concentração dos óbitos em indivíduos idosos, faixas etárias compreendidas entre 65 a 75 anos ou mais. Estudos mais antigos já mostravam que os óbitos por asma eram mais comuns em pacientes idosos em ambientes domiciliares, o que revela uma necessidade imperiosa da criação e manutenção de políticas públicas com o objetivo de reduzir a mortalidade que continua sendo maior em indivíduos idosos na atualidade6,7. Outro fator importante que merece atenção é que a doença pode ser diagnosticada de forma errada em alguns serviços de saúde, pois a interpretação da dispneia como eventualidade da idade e pela existência de sintomas inespecíficos torna difícil o seu diagnóstico, muitas vezes sendo encontradas em outras enfermidades, como por exemplo na doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência cardíaca congestiva, neoplasias e entre outras7. As taxas de mortalidade por asma foram maiores em pacientes do sexo feminino no período em análise, registrando um total de 543 óbitos. Em um estudo realizado no estado do Rio Grande do Sul de 1981 a 2003, mostrou-se uma superioridade da taxa de óbitos em mulheres, também vista em estudos em outros países, porém não se menciona a razão pela qual as mulheres são mais susceptíveis ao óbito6. Outro dado importante é revelado em um estudo feito na capital baiana, no período de 1996 a 2015, totalizando 807 óbitos, também maior em mulheres com 540 casos8. Acredita-se que sejam necessários mais estudos com o objetivo de analisar os indicadores da asma diferenciando a região urbana da rural, bem como analisar os mecanismos que acabam influenciando sobre esta temática. Dessa forma, pode-se estimular a criação e/ou disseminação de políticas destinadas a redução da mortalidade por asma.   Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva, Salvador, v.1, n.e12431, p.1-6, 2020.                     5 RESUMO EXPANDIDO ISSN: 2675-7591 Considerações finais A asma é uma doença inflamatória crônica com importante impacto para a saúde pública, sendo uma das doenças mais comuns no mundo. O presente estudo revelou que no estado da Bahia, no período de 2012 a 2016, houve um total de 955 óbitos notificados, sendo maior em indivíduos solteiros, do sexo feminino, sem escolaridade, de etnia parda e com maior concentração em indivíduos idosos. Conflitos de interesse Nós Jayran Neves Gomes Santos; Carolina Bitencourt Moura de Almeida, autores do manuscrito intitulado “Asma na Bahia: perfil epidemiológico dos óbitos por asma no estado da Bahia entre 2012 e 2016” declaramos que não possuímos conflito de interesse de ordem: financeiro, comercial, político, acadêmico e pessoal. Agradecimentos A todos que contribuíram para a realização deste trabalho. Em especial, minha família e amigos. Referências 1. Marciniuk D, Nana A, Rabe K, Zar H, Ferkol T, Oca MM de; et al. Infecções Respiratórias Agudas. Fórum das sociedades respiratórias internacionais. Doenças respiratórias no mundo. 2010. 14 p. FIRS. O Impacto Global da Doença Respiratória. 2017;1–45.  2. Souza IDT DE. Mortalidade Por Doenças Respiratórias No Brasil E Suas Regiões: Série Histórica 2000 – 2013. Univ Fed Do Rio Gd Do Norte Pós-Graduação Em Fisioter Cardiorrespiratória. 2016.  3. Castro GC, De Carvalho Sousa LK, De Sousa Vera PV, De Oliveira Lima LH, Oliveira EAR, Lima RFS, et al. Sintomas e fatores de risco para asma entre escolares piauienses. ACTA Paul Enferm. 2012;25(6):926–32.   Práticas e Cuidado: Revista de Saúde Coletiva, Salvador, v.1, n.e12431, p.1-6, 2020.                     6 RESUMO EXPANDIDO ISSN: 2675-7591 4. Souza-Machado C De, Souza-Machado A, Cruz AA. Asthma mortality inequalities in Brazil: Tolerating the unbearable. Sci World J. 2012;2012:2–3.  5. Castro GC, De Carvalho Sousa LK, De Sousa Vera PV, De Oliveira Lima LH, Oliveira EAR, Lima RFS, et al. Sintomas e fatores de risco para asma entre escolares piauienses. ACTA Paul Enferm. 2012;25(6):926–32.  6. Peleteiro TS, Machado AS. Análise descritiva das internações e óbitos por asma em Salvador, Bahia. Rev Ciências Médicas e Biológicas. 2018;16(3):400.  7. Cardoso T de A, Roncada C, Silva ER da, Pinto LA, Jones MH, Stein RT, et al. Impacto da asma no Brasil: análise longitudinal de dados extraídos de um banco de dados governamental brasileiro Thiago. J Bras Pneumol [Internet]. 2017;43(3):163–8.   

ASMA NA BAHIA: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ÓBITOS POR ASMA NO ESTADO DA BAHIA ENTRE 2012 E 2016

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