Este artigo teve como objetivo produzir uma análise e tecer considerações sobre a escuta psicanalítica de sujeitos, através do trabalho realizado em um serviço de saúde pública especializado no tratamento de estomias. Para tanto, foi construído a partir do referencial psicanalítico proposto por Sigmund Freud e Jacques Lacan. Devido a presença do estoma e a bolsa coletora de eliminação excrementícia as mudanças no corpo do paciente estomizado são evidentes, o que provoca uma alteração na representação da imagem corporal e o desvelar da inconsistência no corpo, bem como seus efeitos na relação do sujeito com o Outro. O furo que agora faz parte do corpo (estoma) corresponde a uma marca que remete ao traumático e ao irrepresentável da cena rompida que estruturava a sua existência. A escuta psicanalítica, neste caso, ocupa-se de testemunhar a fala de sujeitos que no endereçamento a um Outro possibilitará o dizer sobre a perda e a elaboração luto por meio da construção ficcional de narrativas que permitam uma reinvenção do ser, e a circulação pulsional ante a repetição traumática
