Tese de Doutoramento em Arte Contemporânea, apresentada ao Colégio das Artes da Universidade de CoimbraA investigação aqui apresentada é de natureza eminentemente teórica, com seu escopo centrado na análise de práticas artísticas, enfocando a relação entre a noção de fracasso (e alguns fatores a ele inerentes tais como o erro, a falha e o acaso) e a produção artística, nomeadamente a que se dá no âmbito das artes visuais da contemporaneidade. Parte da hipótese de que o falhanço, a despeito da conotação negativa geralmente associada ao termo, pode ser um motor efectivo para a criação e a inventividade. Tem como principal objectivo trazer a discussão para o plano das prácticas atuais – após necessária contextualização histórica e recorte cronológico que permitam comentar suas condições de manifestação no mundo e na arte – e verificar, a partir da análise da produção de artistas atuantes nas últimas quatro décadas, a qualidade de potência contida naquilo que é usualmente associado ao malogro. Incorpora ainda uma vertente práctica, traduzida em um projecto de comissariado (hipotético) abrangendo um recorte da produção estudada. Tal proposição se deve em grande parte ao facto de a motivação primordial do estudo originar-se na práctica pessoal da crítica e da escrita de arte. Ao abarcar o convívio com a actividade de artistas em seus locais de trabalho, tal práctica permitiu – ou mesmo impôs – constatar a frequência com que instâncias relativas ao falhanço permeiam o processo criador, gerando uma inquietação que culmina nesta investigação.Fundação para a Ciência e Tecnologi