Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Estudos Latino-Americanos, Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados Sobre as Américas, 2021.Esta pesquisa aborda as concepções e políticas indígenas em relação aos povos
“isolados”, a partir do estudo de caso de duas comunidades amazônicas vizinhas às
populações denominadas Mashco ou Mashco-Piro. Desde 2011, os Yine da Comunidade
Nativa Monte Salvado, no médio rio Las Piedras, no Peru, e os Manxineru da aldeia
Extrema, no alto rio Iaco, no Brasil, populações que compartilham língua, histórias e
práticas culturais, estão construindo uma aliança política transfronteiriça em defesa dos
seus territórios e dos seus “parentes desconfiados” que vivem na mata. Suas lideranças e
organizações de representação estão debatendo problemas e desafios comuns em suas
terras na região da fronteira internacional, como a pressão madeireira, o narcotráfico e os
projetos de estradas, e também realizando um importante trabalho de monitoramento e
vigilância territorial, impedindo que invasores coloquem em risco a vida dos Mashco.
Discutem ainda o porquê de os isolados estarem cada vez mais aproximando das suas
aldeias, além de como devem lidar com situações que possam resultar em contatos
e confrontos com esses povos. Ao descrever as políticas que pautam suas relações
históricas de parentesco, aliança e intercâmbio, a pesquisa analisa como um tipo de
conhecimento e o protagonismo político dos povos indígenas emergem nas duas aldeias
da Amazônia. Por fim, revela o papel estratégico das comunidades indígenas e suas
organizações de representação na construção de políticas públicas para a garantia dos
direitos dos povos que rejeitam o contato com as sociedades nacionais, como também na
intermediação entre esses dois “mundos”, e entre os “limites” de Brasil e o Peru.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).This research looks at the indigenous political conceptions in relation to their "isolated"
neighbors, taking as an example the case study of two amazonian communities close to
the Mashco or Mashco-Piro. Since 2011, the Yine indigenous people from the Monte
Salvado Native Community at the middle Las Piedras River, in Peru and the Manxineru
indigenous people from the Extrema village, at the upper Iaco River, in Brazil, are
collaborating across national borders in an alliance in defense of their territories and of
their isolated relatives. They share the same language, history and cultural practices. Their
leaders discussing common challenges affecting the land such as illegal logging, drug
trafficking and infrastructure projects besides monitoring and surveilling the territory in
order to avoid invasions that could put Mashco lives at risk. They discuss, also, the
reasons why the isolated Indians are getting closer to their villages and how to minimize
possible conflicts with them. Describing the politics that underline their relations of
kinship, trade and alliance, the research analyzes how a specific type of knowledge is
being produced in Amazonia. This thesis reveals the strategic role of the indigenous
communities and their organizations in building non-contact public policies that respect
the rights of the indigenous people in isolation as well as reflecting on the mediation
between "worlds" and "limits" between Brazil and Peru.Esta investigación aborda las concepciones y políticas indígenas en relación con los
pueblos “aislados”, a partir del estudio de caso de dos comunidades amazónicas vecinas
a las poblaciones denominadas Mashco o Mashco-Piro. Desde 2011, el Yine de la
Comunidad Nativa Monte Salvado, en el medio del río Las Piedras, en Perú, y el
Manxineru del pueblo de Extrema, en el alto río Iaco, en Brasil, son poblaciones que
comparten lengua, historia y prácticas culturales. construyendo una alianza política
fronteriza en defensa de sus territorios y de sus “parientes” que viven en la selva. Sus
líderes y organizaciones representativas están debatiendo problemas y desafíos comunes
en sus tierras en la región fronteriza internacional, como la presión maderera, el
narcotráfico y los proyectos viales, además de realizar importantes labores de monitoreo
y vigilancia territorial, evitando que los invasores pongan en riesgo a los vidas de los
Mashco. También discuten por qué las personas aisladas se acercan cada vez más a sus
comunidades, así como cómo deben lidiar con situaciones que podrían resultar en
contactos y enfrentamientos con estos pueblos. Al describir las políticas que orientan sus
relaciones históricas de parentesco, alianza e intercambio, la investigación analiza cómo
un tipo de conocimiento y el protagonismo político de los pueblos indígenas emergen en
los dos pueblos amazónicos. Finalmente, revela el rol estratégico de las comunidades
indígenas y sus organizaciones representativas en la construcción de políticas públicas
para garantizar los derechos de las personas que rechazan el contacto con las sociedades
nacionales, así como en la intermediación entre estos dos "mundos", entre los "límites”
de Brasil y Perú