Tensão diglóssica na aquisição de língua : um estudo de bilíngües nipo-brasilienses

Abstract

Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução, Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, 2002.Este estudo foca a tensão diglóssica que interfere na aquisição da língua japonesa por nikkeis brasileiros do Distrito Federal. Quatro nikkeis de segunda geração foram investigados dentro e fora da sala de aula durante seu processo de aprendizagem da variedade padrão do japonês como alunos da pesquisadora na Universidade de Brasília. O uso de duas línguas (japonês e português, a língua oficial e dominante no Brasil) e o uso de duas variedades do japonês (padrão e colônia, esta uma variedade do japonês desenvolvida no Brasil) foram também observados nos domínios residencial e da comunidade bilíngüe onde eles vivem nos arredores de Brasília. Além da observação de campo, o corpus da pesquisa foi colhido através de questionários e entrevistas (livre e introspectiva), baseado no que foram reconstruídas as histórias de vida dos sujeitos pesquisados. Os dados mostraram que a tensão diglóssica entre as duas variedades da língua japonesa usadas na comunidade manifestaram-se das seguintes formas: (1) Os nikkeis estavam conscientes do valor menor atribuído à variedade colônia quando eles evitavam de usá-la nos eventos e celebrações oficiais em que eles detectavam a presença de japoneses de fora da comunidade. (2) Sem condições de falar a variedade padrão, eles preferiam usar o português no qual suas dificuldades lingüísticas seriam geralmente desculpadas. (3) Os nikkeis reportaram que o casamento interétnico entre descendentes de japoneses e brasileiros levava ao deslocamento da variedade colônia falada pelos primeiros, ao invés de incentivar o bilingüismo com o uso de ambas as línguas (português e japonês colônia). (4) Um dos sujeitos pesquisados afirmou que o colônia pertuba ao invés de auxiliar sua aprendizagem do japonês padrão. (5) Os nikkeis pesquisados usavam o colônia como parte de sua própria identidade cultural. (6) Tendo fortalecido sua identidade cultural durante o processo de aprendizagem, os sujeitos pesquisados que falavam a variedade colônia começaram a usá-la como uma ponte para o aprendizado da variedade padrão. (7) Como conseqüência, eles afrouxaram o filtro afetivo (Krashen e Terrel, 1983) para buscar mais insumo na variedade colônia mas, ao mesmo tempo, interagiam mais facilmente no japonês padrão. (8) Eles também expressaram a crença de que a consciência de seu próprio uso da língua pudesse favorecer a reaquisição da variedade colônia, sem bloqueios, por parte daqueles que a tinham perdido

    Similar works