Narradores do Extremo Norte: narrador e foco narrativo em Ribanceira de Dalcídio Jurandir

Abstract

Esse artigo discute a constituição do narrador e do foco narrativo nos romances Ribanceira (1978), de Dalcídio Jurandir (1909-1979). Essa obra integra a saga ficcional do ciclo Extremo Norte criada pelo romancista paraense. O ciclo, integralmente, composto por dez livros, narra a vida de mulheres, homens, crianças e idosos no interior da Amazônia brasileira no início do século XX, apresentando como personagem principal o jovem Alfredo (exceto em Marajó), cuja trajetória de vida se conecta aos dramas sociais e pessoais dos demais personagens. A saga dalcidiana é urdida por um narrador global onisciente em terceira pessoa (FRIEDMAN, 2002), que alterna sua postura entre a neutralidade, a intrusão e o uso de múltiplos ponto de vista, provocando o esfacelamento da narrativa (FURTADO, 2010). Quando esse recurso é exacerbadamente explorado, o narrador global distancia-se significativamente da matéria narrada, atribuindo a outros personagens o status de narrador, criando assim as categorias de personagens-narradoras. Essa categoria divide-se em dois tipos: o primeiro, tipo I, assume a condição de narrador dando progressão à matéria narrada, o segundo, tipo II, conta histórias encaixadas ao enredo principal, apresentado, ainda, uma subdivisão de narradores populares que contam, oralmente, narrativas permeadas por elementos do imaginário amazônico. Considera-se que ao dar voz a mulheres, pescadores, vaqueiros, lavradores e demais personagens, a ficção dalcidiana denuncia as trágicas formas de violência perpetradas no extremo norte do Brasil

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