Universidade de Brasília, Pós-Graduação em Antropologia Social (UnB-PPGAS)
Abstract
O aspecto mais excitante desse livro é que ele trata de frente um fenómeno teórico curioso: a guerra que estruturalismo e materialismo cultural travam na floresta amazônica. É urna guerra com características tradicionais que não podem deixar de chamar a atenção do observador externo: nela, a existência do adversário é, parece, essencial para reafirmar a identidade de cada contendor, ao mesmo tempo que cada um deles é incapaz de reconhecer no seu interlocutor e adversário uma verdade sobre si mesmo. Não admira que a floresta amazônica seja um terreno fértil para o estruturalismo. Contrariamente à previsão de um evolucionismo tecnológico, por exemplo, sociedades pequenas e tecnicamente rudimentares, vivendo em ambientes marginais como o cerrado, mostram a qualquer observador uma inesperada exuberância intelectual e sociológica. Nada mais natural, portanto, que tomá-las como evidência da autonomia da atividade simbólica que se expressa em classificações, mitos e construções de valor estético, requintes que os materialistas pensam estar acima das posses materiais desses povos pobres