Prevenção e tratamento da síndrome de abstinência em unidade de tratamento intensivo pediátrico : revisão sistemática

Abstract

Introdução: A Síndrome de Abstinência caracteriza-se pelo conjunto da desregulação autonômica, excitação do sistema nervoso central e sintomas gastrointestinais que ocorrem após a redução ou interrupção abrupta da infusão dos medicamentos sedo-analgésicos. Se não prevenida ou manejada corretamente, seu desfecho pode estar relacionado ao aumento do tempo de hospitalização, prolongamento do uso da ventilação mecânica e aumento da morbimortalidade. Objetivo: Conhecer as estratégias para prevenção e tratamento da Síndrome de Abstinência em crianças criticamente doentes. Metodologia: Trata-se de uma revisão sistemática realizada nas bases de dados eletrônicas: MedLine, IBECS, Lilacs, SciELO e Cochrane Library. O protocolo da revisão sistemática foi catalogado no Registro Prospectivo Internacional da Base de Dados de Análises Sistemáticas sob o número CRD 42021274670. Resultados: Através dessa busca, foram elaborados dois artigos: “Prevenção e tratamento da Síndrome de Abstinência em unidade de tratamento intensivo pediátrico: protocolo de revisão sistemática” e “Estratégias para prevenção e tratamento da Síndrome de Abstinência em pacientes críticos pediátricos: revisão sistemática”. Nesta revisão foram incluídos onze artigos. Observou-se grande heterogeneidade entre os estudos incluídos, principalmente tratando-se de esquema terapêutico utilizado na sedação e analgesia: as doses de midazolam variaram de 0,05mg/kg/h a 0,3mg/kg/h; A morfina também variou consideravelmente, de 10mcg/kg/h a 30mcg/kg/hg entre os estudos. A escala mais utilizada para identificação da Síndrome de Abstinência foi a Sophia Observational Widrawal Symptoms Scale. Para a avaliação da sedação, as escalas mais utilizadas foram a COMFORT e a COMFORT-B, porém, o segundo é o instrumento mais adequado para aplicação na população pediátrica. Tanto o uso de protocolos como o uso de medicamentos para a prevenção e tratamento da Síndrome de Abstinência não repercutiu significativamente em sua incidência, sendo observado que apenas dois estudos apresentaram diferença estatística significativa (p<0,01 e p<0,001). Quanto à avalição de risco de viés, utilizaram-se as ferramentas: Rob 2.0, ROBINS-I, e o checklist para estudos de coorte. Os estudos apresentam grande risco de viés, especialmente tratando-se de seleção, desvio das intervenções e variáveis confundidoras. Conclusão: Observou-se grande variação entre o regime de sedoanalgesia utilizado entre os estudos e método de desmame e avaliação da Síndrome de Abstinência, não sendo possível evidenciar um padrão ouro para a prevenção e tratamento da Síndrome de Abstinência. São necessárias mais pesquisas para fornecer evidências mais robustas acerca do tratamento mais indicado para prevenção e redução da síndrome de abstinência em crianças criticamente doentes.Introduction: Withdrawal Syndrome is characterized by autonomic dysregulation, central nervous system excitation, and gastrointestinal symptoms that occur after abrupt reduction or discontinuation of the infusion of sedoanalgesic drugs. If not prevented or managed correctly, its outcome may be related to increased hospitalization time, prolongation of the use of mechanical ventilation, increased morbidity and mortality, and increased risk of nosocomial infections. Aims: Understand the strategies for prevention and management of the signs and symptoms of Withdrawal Syndrome in critically ill children. Methodology: This is a systematic review carried out in the electronic databases: MedLine, IBECS, Lilacs, SciELO and Cochrane Library. The systematic review protocol was catalogued in the international prospective registry of the database of Systematic Reviews under the CRD number 42021274670. Results: Through this study, two articles were elaborated “Treatment and Prevention of Withdrawal Syndrome in pediatric intensive care unit: systematic review protocol” and “Strategies for the management and prevention of Withdrawal Syndrome in pediatric critical patients: systematic review”. Eleven articles were included. The results were compiled into two categories “Use of protocol for the prevention and management of Withdrawal Syndrome” and “Use of drug therapy for the prevention and treatment of Withdrawal Syndrome”. Great heterogeneity was observed among the included studies, mainly regarding the therapeutic scheme used in sedation and analgesia. The doses of midazolam ranged from 0.05 mg/kg/h to 0.3 mg/kg/h, six times higher. Morphine also varied considerably, from 10mcg/kg/h to 30mcg/kg/hg among studies. The most commonly used scale for the identification of Withdrawal Syndrome was the Sophia Observational Withdrawal Symptoms Scale. For the assessment of sedation, the most used scale was COMFORT and COMFORT-B. However, the second scale is the most suitable instrument for application in the pediatric population. Both the use of protocols and the use of medications for the management and prevention of Withdrawal Syndrome did not significantly affect its incidence; only two studies showed significant statistical difference (p<0.01 and p<0.001). Regarding the assessment of risk of bias, the following tools were used: Rob 2.0, ROBINS-I, and the checklist for cohort studies. The studies present a great risk of bias, especially when it comes to selection, deviation of interventions, and confounding variables. Conclusion: Great variation was observed between the sedoanalgesia regimen used among the studies and the method of weaning and evaluation of Withdrawal Syndrome. It was not possible to highlight a gold standard for the prevention and management of Withdrawal Syndrome. Further studies are needed to provide more robust evidence of the most appropriate treatment to prevent and reduce the signs and symptoms of withdrawal in critically ill children

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