Fonseca, Claudia Lee Williams

Horizontes Antropológicos

Portuguese

Lume 5.8

  ANO 2 ISSN 0104-7183 NÚMERO 4 199 JANEIRO /JUNHO | aa Horizontes Antropológicos COMIDA     vs EFRGO aiistoceca otocial de Ciências Sociais é Humanas NÚMERO ORGANIZADO POR | Maria Eunice Maciel Sérgio Alves Teixeira   PUBLICAÇÃO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL TE Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, Ano 2, n. 4, p. 1-160 jan./jun. 1996     |       Espaço Aberto         TRIBUTO À MEMÓRIA DA PROFESSORA MARIA NOEMI CASTILHOS BRITO 30-9-47 A 22-6-96 Diplomada em História, Noemi caminhou com passos firmes na direção de Antropologia. De “especialista” pelo Curso de Especialização na Antropologia de Sociedades Complexas de UFRGS (1974), para professora colaboradora (1980), professora do quadro (1982) e Mestre em Antropologia pela Unicamp (1985), tornou-se uma figura chave entre estudantes e colegas do então Setor de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciência Humanas. Incansável pesquisadora, Noemi desenvolveu um tema conforme suas convicções pessoais, mesclando engajamento político e feminismo. Sua tese de Mestrado, “Sindicato no feminino: uma luta de formiga”, ao destacar a greve dos vestuários no RS como a primeira greve da “Reabertura democrática”, desmontou o mito da passividade da mulher operária. Antecipando a análise relacional dos estudos de gênero, Noemi não alimentou a militância simplista, mas, sim, procurou desvelar, naquele movimento sindical, um estilo particular e feminino de participação política. A originalidade de sua pesquisa mereceu premiação no II Concurso de Teses Universitárias (SEC/SP). Eleita em 1984 primeira coordenadora de NEM (Núcelo de Estudos da Mulher), Noemi consagrou os próximos dez anos a uma série de pesquisas sobre política e mulher. Em 1985, coordenou o VI Seminário de Estudos Latinoamericanos (CLACSO) sobre As mulheres e os novos espaços democráticos na América Latina, produzindo, no ano seguinte, na Revista de Ciências Sociais do IFCH, uma coletânea sobre o evento. Foi coordenadora do “Diagnóstico da situação da mulher brasileira nos anos 90 - região Sul” (patrocinado pela Fundação Carlos Chagas), para a qual inspirou uma importante equipe de alunos e colegas. Sua presença também marcou o Grupo de Trabalho, “Mulher e Politica” da ANPOCS. Em 1986, apresentou “Mulheres na política: como e por que?”, subsequentemente selecionado no II Certamen Latinoamericano de Ensayo Político, e publicado pela revista, Nueva Sociedade (Caracas 1988). Em 1987, apresentou, em co-autoria com Jussara Pra, “Movimentos sociais de mulheres: 1975-1987”. No final dos anos 80, iniciou um doutorado na USP com o projeto, “A presença feminina no trabalhismo gaúcho: um estudo de memória política”. Depois de passar quase um ano na Ecole de Hautes Etudes en Sciences Sociales, onde trabalhou com Michelle Perrot e François Zonabend, voltou sua análise para questões epistemológicas envolvendo gênero, produzindo novos artigos sobre esse tema: “Memória e gênero”! , e “Memória política: versões de gênero”? (duas narrativas sobre a fundação do PTB no Rio Grande do Sul), . Ainda nessa linha, empreendeu a tradução para portugues do artigo clássico “Usos e abusos da antropologia: reflexões sobre o feminismo e o entendimento inter-cultural” por Michelle Rosaldo, e organizou, junto com Claudia Fonseca, o primeiro número de Horizontes Antropólogicos: “Gênero: identidades múltiplas”. Além de suas atividades de pesquisa, Noemi se dedicou ao ensino de Antropologia com um zelo raramente igualado. Foi autora de inúmeros projetos sobre a Melhoria de Ensino junto à Prograd, supervisora de bolsistas, e participante em bancas do Salão de Iniciação Científica. Estendendo seu interesse ao âmbito nacional, coordenou oficinas sobre o Ensino de Antropologia na IV Reunião de ABA-Sul (em cooperação com Profa. Miriam Grossi, uma de suas ex-alunas), e na XIX Reunião de Antropologia, Niteroi. No início de 1994, em reconhecimento ao seu empenho como professora e administradora, Noemi foi eleita por unanimidade Chefe do novo Departamento !In Fronteiras da Cultura, Horizontes e territórios da antropologia na América Latina. Porto Alegre: Editora da Universidade. Cadernos Pagu 3: 197-228 Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, Ano 2, n. 4, p. 119-120 jan./jun. 1996         120  de Antropologia. Com isso, formalizou-se uma liderança que ela exercia entre alunos e colegas do curso de graduação já há muito tempo. Nesses últimos dois anos, apesar do progressivo declínio de saúde, Noemi demonstrou uma extraordinária vigor em promover pesquisas sobre mulher e política através de artigos no jornal, conferências (muitas das quais no interior do estado - Pelotas, Santa Cruz, Santa Maria), e cursos de extensão. Apesar de ter-se aposentado, continuou assistindo a seminários de doutorado, auxiliando na orientação de alunos da graduação, e escrevendo. (O último artigo, inédito, foi um comentário sobre Eva Perón e o lugar da mulher na política argentina.) Noemi foi, em suma, uma excelente profissional que, em muito, contribuiu para a consolidação de Antropologia na UFRGS. Seria, porém, impossível reduzir sua presença entre nós à dimensão profissional. Colaboradora de lutas sindicais (foi uma das fundadoras da ADUFRGS), amiga solidária, e companheira de farra, conhecemos ela também como filha atenta e mãe coruja. Feminina e engajada, trouxe suas pesquisas para dentro da vida, deixando um saldo imenso de carinho. Em homenagem a nossa colega, e para marcar essa presença na história da Antropologia na UFRGS, o Colegiado do Departamento resolveu estabelecer o Prêmio Maria Noemi Castilhos Brito que, a partir de 1997/2, será atribuído à melhor monografia de Antropologia, na conclusão do curso de graduação em Ciências Sociais. Cláudia Fonseca  Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, Ano 2, n. 4, p. 119-120 jan./jun. 1996   HOMBRES MIRANDO AL SUR. , EN TORNO A LA IDENTIDAD DE ARGENTINOS Y BRASILENOS Raúl Enrique Rojo Professor e Pesquisador visitante do Programa de Pós-graduação em Sociologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul De historias divergentes y vocaciones conflictivas Este trabajo consiste en una versión ligeramente modificada de mi intervención como panelista en el Colóquio «Olhares cruzados». Identidades européia e latino-americana que tuvo lugar en Porto Alegre del 12 al 14 de junio últimos. Los organizadores de este encuentro me propusieron como tema, en la ocasión, “el MERCOSUR como canalizador de la aproximación cultural brasilefio-latinoamericana”. Adviértase bien: ya desde el título se sugeria que el Brasil y Latinoamérica serían dos polaridades (culturalmente distantes, al parecer, aunque se esperaba que pudiesen ser aproximadas). Siempre me ha llamado la atención este común sentimiento de los brasilefios de no formar parte de América Latina. La música “latinoamericana” en Brasil es siempre la música de los hispanoamericanos (con resonancias andinas, de preferencia), jamás la propia, y en las antologías de escritores latinoamericanos editadas aquí nunca encontramos un autor brasileiio. Hechos ambos (como muchos otros por el estilo) que nos hablan de la tradicional dificultad del Brasil para insertarse en un grupo regional y para sentirse parte de una cultura y de una historia compartidas. Quizás sea precisamente en la historia que debamos buscar el origen de esta alteridad, de esta visión de los vecinos como “otros”. La América hispana (al menos la que se extiende de Panamá al Sur) compartió la gesta libertadora bolívaro-sanmartiniana - que implicó catorce afios de guerras de emancipación frente a una misma potencia colonial (Espafia) - y se envolvió seguidamente en alrededor de tres décadas de guerras civiles intestinas, al compás de las cuales fracasaron los ideales anfictiónicos de Simón Bolívar, se fracturaron las unidades territoriales del pasado colonial y se organizaron los modernos Estados de la región. El Brasil independiente, en cambio, se formó sin ese tipo de rupturas, en una continuidad dinástica asegurada por los Braganza y la élite cortesana y - aunque conoció diversas revueltas secesionistas - supo conservar la unidad territorial de la colonia. Más aún: cuando se produjo - a fines del siglo XIX - el advenimiento de la República fue éste un cambio en el régimen político de gobierno sin que el mismo fuera acompariado por mudanzas similares a nivel del régimen social de acumulación, ni del conjunto de representaciones de sí y de los otros que constituían el que podríamos denominar imaginario colectivo de las élites dominantes brasilerias, suerte de modelo cultural que aquéllas habían impuesto a toda la sociedad que encabezaban. Simplificando al máximo y deteniéndonos sólo en lo que consideramos relevante para la línea de pensamiento que venimos desarrollando, diremos que el modelo de marras articulaba una vocación imperial (respecto de sus vecinos) a una vocación vicarial (respecto de la potencia considerada hegemónica en la región: los Estados Unidos de América del Norte, según la particu- lar visión brasilefia del mundo y de sus intereses). RIO BRANCO y su magistral creación, Itamaraty, son la expresión más acabada de la supervivencia a lo largo de un siglo y medio (bajo monarquia y república, democracia, populismo y autoritarismos varios) de un proyecto de poder y de país, que invoca “grandes destinos” y que revela una tradicional alergia a todo lo que tenga “olor de supranacionalidad” o imponga cortapisas a la “razón de Estado”. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, Ano 2, n. 4, p. 121-126 jan./jun. 1996 

Tributo à memória da professora Maria Noemi Castilhos Brito : 30-9-47 a 22-6-96

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Tributo à memória da professora Maria Noemi Castilhos Brito : 30-9-47 a 22-6-96

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