O conhecimento de genética e a capacidade de articulação com temas de interesse público de alunos do Ensino Médio de escolas públicas de Porto Alegre

Abstract

A partir do avanço científico com relação a novas técnicas em biotecnologia e engenharia genética, novas possibilidades do fazer científico vêm à tona e devem ser discutidas em sociedade. Nesse sentido, o ensino de genética na escola deve estar voltado para fornecer as ferramentas necessárias para que os alunos possam discutir sobre essas temáticas e tomar decisões a partir do entendimento dos argumentos científicos. Assim, este trabalho se propôs a avaliar os conhecimentos de genética e de algumas de suas aplicações entre alunos do E.M. de três escolas públicas da cidade de Porto Alegre: uma Escola Pública Federal, uma Escola Técnica Estadual da área Central e uma Escola Estadual de Ensino Médio de bairro central. Para isso, um questionário individual foi respondido por alunos do terceiro ano que consistiu em questões objetivas e dissertativas acerca das temáticas de genética e suas tecnologias. As respostas discursivas foram analisadas a partir de três momentos: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos. Para cada uma das categorias consideradas corretas, foi atribuída uma pontuação de acordo com o peso da questão quando as questões testaram os conhecimentos dos alunos. Adicionalmente, os dados de respostas objetivas foram contados a partir de um percentual de acertos e erros. Um total de 56 alunos participaram da pesquisa, sendo 18 alunos da Escola Pública Federal, 12 alunos da Escola Estadual de Ensino Médio de bairro central e 26 alunos da Escola Técnica Estadual da área Central. A média de desempenho geral dos alunos no questionário ficou de 46,2% ± 18,57% acertos. Os alunos da Escola Pública Federal tiveram média superior em diversas questões, quando comparados aos alunos das demais escolas, além de um desempenho geral significativamente mais alto do que a da Escola Técnica Estadual da área Central, o que pode estar relacionado à maior formação e menor carga horária dos professores da escola. De forma geral, os alunos das três escolas apresentaram um baixo desempenho no questionário, menor do que o esperado. Também apresentaram pouco domínio sobre os conceitos básicos de genética, como gene, DNA, cromossomos e alelos, não sabendo relacionar suas ordens de grandeza. As respostas dos alunos tenderam a ser deterministas, no sentido de relacionar a genética diretamente com as características dos seres vivos. Além disso, as respostas também demonstraram que houve influência antropocêntrica principalmente no que diz respeito às questões que tratam da genética dos seres. Grande parte dos alunos relatou nunca ter ouvido falar sobre técnicas como Sequenciamento deGenomas e Terapia Gênica respectivamente; além disso, 71,4% dos alunos indicaram que aborto é pouco relacionado à genética e não tem causas genéticas. As duas fontes mais indicadas pelos alunos de consulta aos conteúdos de genética são a escola e a internet, o que aumenta a importância da discussão de fontes online que sejam confiáveis e de conteúdo verdadeiramente científico. Em suma, demonstrou-se que os alunos não conseguiram responder corretamente às questões, apresentando dificuldades tanto em conceitos gerais de genética quanto em relação às tecnologias relacionadas à disciplina

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