Introdução: A alimentação complementar é recomendada a partir dos 6 meses e é fundamental para a promoção da saúde, o desenvolvimento físico e intelectual e a redução do risco dos transtornos causados pelas deficiências nutricionais comuns na infância, além de prevenir doenças crônicas não transmissíveis ao longo da vida adulta. A análise do consumo alimentar e de seus determinantes é fundamental para o monitoramento e planejamento de ações e de políticas públicas para a promoção da alimentação saudável na infância. Objetivo: Investigar os fatores associados ao consumo alimentar de crianças de 6 a 12 meses acompanhadas na atenção básica de Porto Alegre/RS em 2018. Metodologia: Estudo transversal com dados secundários da Estratégia e-SUS Atenção Básica. Foram incluídas crianças com o questionário de marcadores de consumo alimentar preenchido em 2018. Os desfechos foram: 1) diversidade alimentar mínima (DAM), que incluía ter consumido pelo menos um alimento de seis grupos no dia anterior ao inquérito; 2) consumo de ultraprocessados (UP); e, 3) alimentação não saudável (NS), definida como não atingir DAM e apresentar UP. Para testar a associação entre as variáveis independentes e os desfechos utilizou-se o teste qui-quadrado de Pearson. As variáveis que indicaram um nível de significância de até 20% no teste foram incluídas na análise multivariada, realizada por meio de Regressão de Poisson com variância robusta, considerando nível de significância de 5% (p<0,05). Os dados foram processados e analisados no software SPSS versão 25.0. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Prefeitura Municipal de Porto Alegre (CAAE nº 33783420.00000.5338). Resultados: A amostra foi composta por 906 crianças provenientes de 50,8% (n=65) das unidades de saúde elegíveis do município. As prevalências dos padrões DAM, UP e NS foram 54,1%, 31,2% e 14,1%, respectivamente. Em relação as características da amostra, 50,8% das crianças eram do sexo feminino; entre as mães, 67% eram brancas, 62% apresentavam até 8 anos de escolaridade, e 70,3% situavam-se na faixa de 20 a 34 anos. A maioria das crianças nasceu de parto vaginal (63,3%), a termo (89,4%) e com peso adequado (85,9%). A idade da criança foi associada significativamente aos desfechos DAM e UP, sendo que quanto mais velha a criança, maior a prevalência de ambos. No padrão UP, maior prevalência também foi associada ao sexo masculino. O padrão NS não apresentou associação significativa com as variáveis testadas. Considerações finais: A alimentação complementar em Porto Alegre/RS está aquém do preconizado e conforme aumenta a idade das crianças, apesar de ocorrer um aumento na diversidade alimentar, também há incremento no consumo de alimentos não recomendados. Políticas de promoção da alimentação saudável infantil devem ser fortalecidas no município para melhorar este cenário.Introduction: Complementary feeding is recommended from 6 months onwards and is essential for promoting health, physical and intellectual development and reducing the risk of disorders caused by nutritional deficiencies common in childhood, in addition to preventing chronic non-communicable diseases throughout of adult life. The analysis of food consumption and its determinants is essential for monitoring and planning actions and public policies to promote healthy eating in childhood. Objective: To investigate the factors associated with the food consumption of children aged 6 to 12 months followed up in primary care in Porto Alegre/RS in 2018. Methods: Cross-sectional study with secondary data from the e-SUS Primary Care Strategy. Children with a food consumption questionnaire completed in 2018 were included. Outcomes were: 1) minimal dietary diversity (MDD), which included having consumed at least one food from six groups on the day before the survey; 2) consumption of ultra-processed products (UP); and, 3) unhealthy diet (NS), defined as not reaching BMD and having PU. To test the association between independent variables and outcomes, Pearson's chi-square test was used. Variables that indicated a significance level of up to 20% in the test were included in the multivariate analysis, performed using Poisson regression with robust variance, considering a significance level of 5% (p<0.05). Data were processed and analyzed using SPSS software version 25.0. The project was approved by the Research Ethics Committee of Porto Alegre (CAAE nº 33783420.00000.5338). Results: The sample consisted of 906 children from 50.8% (n=65) of eligible health units in the municipality. The prevalences of MDD, UP and NS patterns were 54.1%, 31.2% and 14.1%, respectively. Regarding the characteristics of the sample, 50.8% of the children were female; among mothers, 67% were white, 62% had up to 8 years of schooling, and 70.3% were between 20 and 34 years old. Most children were born vaginally (63.3%), at term (89.4%) and with adequate weight (85.9%). Child age was significantly associated with MDD and UP outcomes, and the older the child, the greater the prevalence of both. In the UP pattern, higher prevalence was also associated with males. The NS pattern showed no significant association with the variables tested. Conclusion: Complementary feeding in Porto Alegre/RS is below what is recommended and as children age, despite an increase in food diversity, there is also an increase in the consumption of non-recommended foods. Policies to promote healthy infant nutrition should be strengthened in the municipality to improve this scenario
