Análise dos efeitos da suplementação proteica e da reabilitação pulmonar para pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica

Abstract

Introdução: A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma doença prevenível e tratável caracterizada pela presença de limitação ao fluxo aéreo que leva a sintomas respiratórios persistentes, como tosse e dispneia. O consumo dietético, com destaque para a proteína, e o estado nutricional do paciente influenciam na evolução e prognóstico da doença além do surgimento de comorbidades. O objetivo deste trabalho foi avaliar através de um ensaio clínico randomizado a capacidade física de pacientes com DPOC em um programa de reabilitação pulmonar (RP) com e sem a suplementação de whey protein (WP) e através de uma revisão sistemática analisar se a manipulação da ingestão de proteínas por pacientes com DPOC pode melhorar seu desempenho físico. Metodologia: O ensaio clínico randomizado foi realizado com 31 pacientes diagnosticados com DPOC, teve duração de oito semanas e foi controlado por placebo. Os pacientes foram randomizados para um dos seguintes grupos de estudo: intervenção (suplementação de WP e RP), placebo (suplementação de maltodextrina e RP) ou controle (sem receber suplemento ou RP). Para todos os participantes foram realizadas avaliações nutricionais, funcionais de capacidade física e pulmonar. Na revisão sistemática foi realizada uma pesquisa por ensaios clínicos randomizados nas bases de dados PubMed, Embase, CENTRAL (Cochrane), CINAHL, SPORTDiscus e Web of Science, sem limitação de data de início até dezembro de 2020. Resultados: No ensaio clínico a amostra apresentou maior percentual de idosos e participantes do sexo feminino. O grupo intervenção teve um aumento no cosumo de proteína no café da manhã ao longo do estudo e em relação aos outros dos grupos (p<0,05). A massa magra desse mesmo grupo aumentou do início para o final do experimento (p<0,05). O tempo de duração do teste (Tlim) e a força de membros inferiores aumentaram nos grupos em RP, sendo o Tlim maior ao final do estudo do que no grupo controle (p<0,05). No teste 12 de caminhada e força dos membros superiores somente o grupo intervenção apresentou aumento ao longo do tempo, sendo a força maior no período pós do que a do grupo controle (p<0,05). Os parâmetros de função pulmonar não apresentaram alteração ao longo do estudo em nenhum dos grupos. Na revisão sistemática com metanálise foram incluídos seis artigos. A qualidade de vida foi avaliada por todos os artigos e cinco apresentaram melhora nesse aspecto. Na meta-análise, nenhum efeito significativo da manipulação de proteínas foi encontrado em relação à melhora no desempenho (MD, 10,83; IC 95%: -11,27 a 32,93, p = 0,34), função pulmonar (MD, 2,19; IC 95%: -1,41 a 5,78, p = 0,23), o antioxidante glutationa (MD, 3,07; IC 95%: -182,55 a 188,69, p = 0,97) ou marcadores inflamatórios (SMD, -0,16; IC 95%: -0,59 a 0,27, p = 0,46). Conclusão: No ensaio clínico a capacidade física dos pacientes com DPOC que realizaram RP apresentou melhora, sendo mais consistentes nos suplementados com WP. E na revisão sistemática com metanálise a manipulação da ingestão de proteínas não promoveu melhorias no desempenho físico, embora pareceu melhorar sua qualidade de vida.Introduction: Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) is a preventable and treatable disease characterized by the presence of air flow limitation that leads to persistent respiratory symptoms such as cough and dyspnea. Dietary consumption, especially protein, and the patient's nutritional status influence the evolution and prognosis of the disease beyond the emergence of comorbidities. The objective of this work was to evaluate through a randomized clinical trial the physical capacity of COPD patients in a pulmonary rehabilitation program (PR) with and without the supplementation of Whey Protein (WP) and through a systematic review to analyze whether manipulation of Protein intake by COPD patients can improve their physical performance. Methodology: The randomized clinical trial was conducted with 31 patients diagnosed with COPD, during eight weeks and was placebo-controlled. Patients were randomized to one of the following study groups: intervention (supplementation of WP and PR), placebo (supplementation of maltodextrin and PR), or control (receiving no supplement or PR). For all participants, nutritional, functional assessments of physical and pulmonary capacity were performed. In the systematic review, a search for randomized clinical trials was carried out in the PubMed, Embase, CENTRAL (Cochrane), CINAHL, SPORTDiscus and Web of Science databases, with no start date limitation until December 2020. Results: In the clinical trial, the sample had a higher percentage of elderly and female participants. The intervention group had an increase in breakfast protein consumption throughout the study and in relation to the other groups (p<0.05). The lean mass of this same group increased from the beginning to the end of the experiment (p<0.05). Test duration time (Tlim) and lower limb strength increased in the PR groups, with Tlim being higher at the end of the study than in the control group (p<0.05). In the walking test and force of the upper limbs only the 14 intervention group showed an increase over time, and force majeure in the period than the control group (p<0.05). Pulmonary function parameters showed no change throughout the study in any of the groups. In the systematic review with meta-analysis, six articles were included. Quality of life was evaluated by all articles and five showed improvement in this aspect. In the meta-analysis, no significant effect of protein manipulation was found regarding performance improvement (MD, 10.83; 95% CI: -11.27 to 32.93, p = 0.34), lung function ( MD, 2.19; 95% CI: -1.41 to 5.78, p = 0.23), the antioxidant glutathione (MD, 3.07; 95% CI: -182.55 to 188.69, p = 0.97) or inflammatory markers (SMD, -0.16; 95% CI: -0.59 to 0.27, p = 0.46). Conclusion: In the clinical trial, the physical capacity of COPD patients who underwent PR showed improvement, being more consistent in those supplemented with WP. And in the systematic review with meta-analysis, the manipulation of protein intake did not promote improvements in physical performance, although it seemed to improve their quality of life

    Similar works