Cogo, Ana Luisa Petersen

Parulla, Cibele Duarte

Pereira, Karema da Conceição

Silva, Ana Paula Scheffer Schell da

Silveira, Mauricio de Souza

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VÍDEOS NO YOUTUBE SOBRE PUNÇÃO VENOSA PERIFÉRICA:IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO DE ENFERMAGEMPorto Alegre/RS Maio/2016Ana Luísa Petersen Cogo - UFRGS - analuisa@enf.ufrgs.brAna Paula Scheffer Schell da Silva - UFCSPA - anaschell@ufcspa.edu.brKarema da Conceição Pereira - UFCSPA - karema.cp@hotmail.comCibele Duarte Parulla - UFRGS - cdparulla@gmail.comMauricio de Souza Silveira - UFRGS - mauriciomdesouza@gmail.comTipo: INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA (IC)Natureza: RELATÓRIO FINAL DE PESQUISACategoria: PESQUISA E AVALIAÇÃOSetor Educacional: EDUCAÇÃO SUPERIORRESUMOEstudo com o objetivo de analisar os vídeos publicados no site YouTube durante o ano de 2015sobre o tema ‘punção venosa periférica’ com possibilidades de utilização no ensino deenfermagem. Trata-se de estudo exploratório descritivo com abordagem quantitativa realizado nosite YouTube utilizando o termo ‘punção venosa periférica’ para busca em 23 de março de 2016 devídeos que demonstrassem o procedimento e tivessem sido publicados no site no ano de 2015.Foram selecionados seis vídeos analisados pela estatística descritiva. A qualidade dos vídeos foiconsiderada muito boa (50%), as visualizações variaram de 101 à 159.927, apenas em um (16,66%)vídeo havia a descrição da autoria, todos tinham finalidade educativa e a punção venosa foidemonstrada em humanos (66,66%). Conclui-se que a forma como foram produzidos e/ou oconteúdo que apresentam impossibilita que sejam usados em situações de ensino de procedimentosde EnfermagemPalavras-chave: Filmes e Vídeos educativos. Tecnologia educacionalINTRODUÇÃOOs ambientes de aprendizagem estão passando por constantes transformações com aincorporação das tecnologias digitais, mudando a expectativa dos estudantes em relação aosrecursos de ensino que lhes serão apresentados (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2015).Atualmente, os materiais digitais e as tecnologias da informação e da comunicação, como ofórum ou o chat, não tem sido utilizados exclusivamente para a educação a distância (EAD). Asplataformas virtuais, como o Moodle por exemplo, permitiram a aproximação das propostas deatividades a distância dentro do contexto de disciplinas na modalidade presencial.  Acerca desses recursos, observa-se que há a disponibilização de uma grande quantidade demateriais digitais no formato de hipertexto, jogos educativos, animações e vídeos com acessogratuito na internet. Entre os sites que disponibilizam vídeos há o YouTube com um grandeacervo sobre os mais diversos assuntos que podem, após uma seleção criteriosa, seremselecionados para a utilização como recurso de ensino (DUNCAN; YARWOOD-ROSS; HAIGH;2013). No entanto, a seleção dos mesmos requer um usuário crítico, o que pode levar estudantesde graduação a obterem informações inadequadas sobre temas que estão estudando. A produção de vídeos educativos requer infraestrutura e a observação de uma metodologia quegaranta a qualidade técnica fundamentada em evidências científicas (COGO; PERRY; SANTOS,2015). Neste sentido, professores de instituições de ensino profissionalizante ou do ensinosuperior na área da enfermagem buscam na internet recursos como os vídeos, para utilizarem namodalidade EAD ou presencial, uma vez que muitas instituições não oferecem recursos paradesenvolver os próprios materiais digitais.  A utilização de material digital de livre acesso na internet deve considerar dois aspectosimportantes. O primeiro, tema do presente estudo, se refere à qualidade dos vídeos, e o segundo,que diz respeito aos direitos autorais. Muitos professores-autores de material digital publicamsem o devido registro de licenças que deixem claro os tipos de utilização e compartilhamentopermitidos (PREVEDELLO, ROSSI, COSTA, 2015). Da mesma forma, o professor-usuário deveconhecer e observar as autorizações dos recursos disponíveis na internet que pretende utilizar.  Este estudo propõe-se a analisar a caracterização dos vídeos publicados no YouTube sobre umdos procedimentos que geram muita expectativa nos estudantes de graduação em Enfermagemque é a punção venosa periférica. Acredita-se que estudos que analisam os materiaisdisponibilizados com livre acesso possam contribuir para a reflexão e o estímulo na produção devídeos que multipliquem as boas práticas observando as diretrizes para realização deprocedimentos de Enfermagem.OBJETIVOS  O objetivo deste estudo foi analisar os vídeos publicados no site YouTube durante o ano de2015 sobre o tema ‘punção venosa periférica’ com possibilidades de utilização no ensino deenfermagem.REFERENCIAL TEÓRICO  A utilização de vídeos no ensino na área de enfermagem é incentivada por estudos que afirmamseus benefícios. A indicação da ferramenta destaca-se principalmente por sua contribuição noprocesso de desenvolvimento de habilidades (DUNCAN; YARWOOD-ROSS; HAIGH, 2013;HOLLAND et al., 2013).2  O acesso a este tipo de material pode ser oferecido pela própria instituição de ensino, que podeproduzir e/ou recomendar materiais que estejam de acordo com referencial teórico ou por livredemanda, quando o estudante busca conteúdo para complementar o conhecimento da sala de aula(CLIFTON; MANN, 2011).  A formação do profissional de enfermagem tem como particularidade o desenvolvimento dehabilidades técnicas específicas para a realização de atividades práticas, além do conhecimentocientífico necessário para executá-las. Um exemplo de procedimento que causa ansiedade e exigehabilidades técnico-científicas dos estudantes é a punção venosa periférica (LIMA et al., 2011;TORRES; ANDRADE; SANTOS, 2005).  Os vídeos são ferramentas que podem fomentar esse processo por exercer autonomia aoestudante e também permitir visualização da teoria previamente a sua execução em laboratóriosde ensino. Além dos fatores anteriormente citados, a inserção de tecnologias como complementoao processo de ensino-aprendizagem é incentivada pelas Diretrizes Curriculares do Curso deEnfermagem (BRASIL, 2001). Diante de um cotidiano cercado de recursos tecnológicos, oacesso a novas fontes de conhecimento pode beneficiar a aprendizagem dos estudantes deEnfermagem.  Levando-se em consideração esses aspectos, o YouTube, que é uma rede de compartilhamento eexibição de vídeos, vem a ser uma alternativa como fonte de conteúdo. Entretanto, o material aser utilizado como complemento deve ser avaliado criticamente quanto a sua real contribuição naaprendizagem (TOURINHO et al., 2012; PINTO et al., 2015).  O acervo do YouTube conta com diversos materiais relacionados à área da saúde, entre essesvídeos que apresentam a execução de procedimentos de enfermagem. Estudos vêm avaliando osbenefícios desta disponibilidade, visto que por ser um site onde qualquer pessoa física ou jurídicapode desenvolver conteúdo e compartilhá-lo publicamente, nem sempre o material é fidedigno àliteratura atualizada, podendo inclusive trazer prejuízos ao estudante que utilizá-lo comoreferencial de estudo. A recomendação dessa ferramenta deve ser criteriosa e proporcionarapenas contribuições ao aprendizado (CLIFTON; MANN, 2011; TOURINHO et al., 2012;PINTO et al., 2015).PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS  Trata-se de estudo exploratório descritivo com abordagem quantitativa (TOBAR; YALOUR,2001). O site YouTube (http:\www.youtube.com) foi o campo de estudo para identificação dosvídeos que constituíram a amostra que teve como critérios de inclusão ser em idioma português,demonstrar o procedimento de punção venosa periférica com linguagem adequada e para afinalidade de ensino, ter sido publicado no ano de 2015 e os critérios de exclusão foram vídeosque demonstrassem mais de um procedimento, propaganda de produtos ou serviços.  O termo ‘punção venosa periférica’ foi inserido para busca no dia 23 de março de 2016 com oretorno de aproximadamente 1100 vídeos. Destes 16 foram publicados no ano de 2015 e naaplicação dos critérios de inclusão e de exclusão foram selecionados seis vídeos para análise. Noinstrumento de análise dos vídeos, elaborado pelos pesquisadores, constavam as perguntas:identificação dos autores, contexto de gravação do vídeo (durante execução de procedimento, emaula prática, em simulação), qualidade da imagem, local de realização (laboratório de prática,domicílio, instituição de saúde, sem identificação), realização do procedimento em humano oumanequim, apresentação do material para a realização do procedimento, uso de medidas desegurança (equipamentos de proteção, descarte de material).3  Os vídeos selecionados foram codificados em V1 sucessivamente até V6, garantindo oanonimato dos autores. Os dados foram analisados pela estatística descritiva e discutidos pelaliteratura pertinente ao tema. Os pesquisadores se comprometeram em preservar a identidade dosautores dos vídeos e a utilização dos dados exclusivamente para fins deste estudo.APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS  O total de vídeos com o termo de busca ‘punção venosa periférica’ publicados no ano de 2015foi de 16, após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão restaram sete vídeos, como umestava duplicado, a amostra foi constituída por seis vídeos. A qualidade da imagem foiconsiderada muito boa em três (50%) dos vídeos analisados.  O quantitativo de visualizações dos vídeos variou de 101 do V5 à 159.927 visualizações do V3.O V3 também contou com o maior número de comentários (25), de manifestações ‘gostei’ (899)e ‘não gostei’ (34). O V2, que ficou com o segundo maior número de visualizações (89.156),estava com as ferramentas de interatividade desabilitadas.  Acredita-se que os critérios de inclusão utilizados na busca e a limitação temporal foram osfatores que restringiram o quantitativo de materiais que compuseram esta amostra. Na análise devídeos no YouTube sobre eventos adversos sem estabelecer limite temporal foram selecionados40 vídeos caracterizados com duração de 4 a 20 minutos (69,2%), os autores eram órgãosgovernamentais (46,2%), com abordagem teórica (69,2%) e de enfoque educativo (69,2%)(SALVADOR et al, 2014). Independente da caracterização do material e da confiabilidade que aautoria poderia ser uma recomendação sobre a qualidade do material, observou-se que houvemuitas visualizações, demonstrando o interesse que há na consulta a esses vídeos.  Há na área da Enfermagem um interesse por vídeos educativos que já foi identificado pelasInstituições de ensino superior, conforme relatado em estudo que investigou a utilização detecnologias educacionais digitais (COGO et al, 2013). Nesta pesquisa a maioria (77,8%) dasinstituições de ensino, as quais os cursos de graduação em Enfermagem estavam vinculados,possuíam setor especializado para a produção de material digital, e o recurso mais utilizado pelosprofessores em sala de aula era o vídeo (82,4%) (COGO et al, 2013).A identificação de autoria estava completa em um (16,66%) vídeo e também em um (16,66%)vídeo não havia descrição de procedência ou de quem eram os responsáveis pelo material.Observa-se que existe uma grande disponibilização de materiais educativos relacionado a temasda área da saúde, mas nem sempre há uma identificação adequada de quem produziu o material.  Os seis (100%) vídeos selecionados tinham a finalidade educativa e cinco (83,33%)demonstraram a execução do procedimento especificamente para este fim. Um (16,66%) vídeofoi gravado durante uma situação assistencial. O cenário utilizado para gravação dos vídeos foiigualmente em laboratórios de práticas de habilidades de Enfermagem (50%) como emestabelecimentos de saúde (50%). No entanto, o procedimento de punção venosa periférica, oqual é invasivo havendo risco de infecção e de contaminação com material biológico, foidemonstrado em humanos em quatro (66,66%) vídeos.  Ainda percebe-se uma dificuldade dos profissionais da área da saúde em assumirem que arealização de práticas de procedimentos invasivos necessita ser realizada em manequins e nãomais com humanos. O risco da ocorrência de um evento adverso é muito grande, e hoje com odesenvolvimento tecnológico e a infraestrutura das Instituições, tal ação não se justifica. No4desenvolvimento de habilidades os estudantes de Enfermagem e os pacientes não podem estarexpostos a riscos a sua segurança, e com o desenvolvimento de manequins, pode-se simular oambiente de cuidado necessário para esta atividade de ensino (SILVEIRA; ROBAZZI, 2011).  No que se refere à estrutura do conteúdo do vídeo educativo observou-se que o material a serutilizado para realizar o procedimento foi apresentado em apenas três (50%) vídeos. A higienedas mãos, imprescindível para a realização da punção venosa periférica, não estava presente emdois (33,33%) vídeos. Da mesma forma, em cinco (83,33%) vídeos não foi referida a necessidadeou demonstrado o descarte adequado da agulha utilizada no procedimento.  A falta de conformidade dos procedimentos de enfermagem que são demonstrados em vídeos noYouTube também foi identificada em outros estudos. A ausência da higiene das mãos, falhas naantissepsia da pele do paciente e na utilização de luvas de procedimento em vídeos sobrecateterismo urinário destacaram-se como elementos imprescindíveis na execução técnica, quenão constavam no material do YouTube analisado (CHIAVONE et al, 2016). Da mesma forma,no estudo de Tourinho et al (2012) foi observada a precariedade no conteúdo dos vídeosanalisados sobre suporte básico de vida, levando esses autores a não indicarem os mesmos parafinalidades educativas.  Na análise dos seis (100%) vídeos que formaram a amostra do presente estudo pode-se observarque não ocorreu um planejamento de todo o processo de produção do material digital paraatender a finalidade educativa. Existiu uma informalidade, uma inadequação do ambiente e dosmateriais para executar o procedimento. O planejamento e a elaboração de vídeos educativosrequer uma equipe multiprofissional, além dos especialistas no conteúdo, para que o mesmopossa ser usado em ambientes de ensino (COGO; PERRY; SANTOS, 2015).CONSIDERAÇÕES FINAISConstatou-se que existe a disponibilização de vídeos no YouTube sobre punção venosaperiférica com uma considerável taxa de visualizações. No entanto, por questões técnicas naforma como foram produzidos e/ou o conteúdo que apresentam impossibilita que sejam usadosem situações de ensino de procedimentos de Enfermagem.  A partir da análise dos vídeos foi possível apreender elementos que devem ser considerados naseleção e na indicação de consultas aos estudantes de graduação em Enfermagem. Bem como,pode-se perceber que existem elementos indispensáveis para serem apresentados quando porocasião da elaboração de vídeos educativos de Enfermagem, o qual se destaca a informação daautoria, a preocupação com a qualidade do som e da imagem, a apresentação dos materiais aserem utilizados e não somente a demonstração do procedimento, a realização do procedimentoinvasivo de forma segura em manequins e a observação de protocolo para execução da técnicavisando a demonstração das boas práticas em saúde.  Como limitação deste estudo houve a dificuldade de aplicação dos filtros no YouTube, havendoa necessidade de revisar mais vídeos a fim de aplicar os critérios de inclusão e de exclusão.Recomenda-se que os professores e os profissionais que utilizam vídeos nas suas áreas de atuaçãoque procurem acessar e comentar os materiais disponibilizados na internet, contribuindo para aorientação dos usuários. No mesmo sentido, incentiva-se que professores produzam vídeoseducativos de qualidade para serem utilizados tanto no ensino presencial como na EAD.5REFERÊNCIAS1. BRASIL. Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Educação, Câmara de EducaçãoSuperior. Resolução CNE/CES nº 3, de 7 de novembro de 2001.Institui DiretrizesCurriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem [online]. Brasília, DF;2001.disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES03.pdf Acesso em 04maio de 2016.2. CHIAVONE, Flávia B.T. et al. Analysis of YouTube videos about urinary catheterizationtechnique of male delay. Investigación y Educación en Enfermería, Antioquia, v.34,n.1, p. 171-9, março 2016.3. CLIFTON, Andrew; MANN, Claire. Can YouTube enhance student nurse learning? Nurse Education Today, Philadelphia, v. 31, n. 4, p.311-3, maio 2011.4. COGO, Ana L.P.; PERRY, Gabriela T.; SANTOS, Marlise B. Produção de materialdigital para o ensino de enfermagem. RENOTE, Porto Alegre, v. 13, n. 2, p.1-9,dezembro 20155. COGO, Ana L.P. et al. Utilização de tecnologias educacionais digitais no ensino deenfermagem. Ciencia y Enfermeria, Concepción, v. 19, n.3, p. 21-9, setembro 2013.6. DUNCAN, Ian; YARWOOD-ROSS, Lee; HAIGH, Carol. YouTube as a source ofclinical skills education. Nurse Education Today, Philadelphia, v. 33, n. 12, p.1576-80,dez. 2013.7. FROTA, Natasha Marques et al. Construção de uma tecnologia educacional para o ensinode enfermagem sobre punção venosa. 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Vídeos no youtube sobre punção venosa periférica : implicações para o ensino de enfermagem

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