O artigo aborda a forma como as práticas das clínicas psicológicas se confrontam com a diversidade sexual, a partir da análise das trajetórias de vida de cinco sujeitos homossexuais que passaram por atendimento psicológico. Como ferramenta de pesquisa empírica foram utilizadas entrevistas baseadas na perspectiva das trajetórias de vida. Nas entrevistas foi utilizada uma questão inicial: Como a questão da orientação sexual foi abordada durante o tratamento psicológico? O objetivo da pergunta inicial foi estimular o/a entrevistado/entrevistada a relatar impressões do atendimento psicológico em relação à homossexualidade. Utilizou-se para a análise os conceitos de formação discursiva e enunciado, oriundos da perspectiva arqueológica de Foucault, acoplada à abordagem genealógica apresentada pelo autor. O instrumental teórico foi embasado em Michel Foucault e Judith Butler. Nossa análise indica que o/a homossexual ainda ocupa, na clínica psicológica especificamente e na sociedade em geral, o lugar de anormal e de bárbaro/bárbara. A perspectiva teórica utilizada toma os conceitos de dispositivo da sexualidade e heteronormatividade como centrais para a compreensão da resistência conservadora das práticas clínicas frente aos avanços institucionais de reconhecimento social da homossexualidade.This article discusses the way psychological clinical practice deals with sexual diversity, analyzing life trajectories of five homosexual subjects that went through psychological treatment. The research instrument used was interviews based on life history's approach. We proposed an initial question: How your sexual orientation was approached in your psychological treatment? The goal of this question was to stimulate the interviewed to describe his/hers comprehension of psychological therapy in relation to homosexuality. In the analysis we used the concepts of discursive formation and enunciation from Foucault's archeological perspective in combination of his genealogical approach. The theoretical frame was constructed based on Michel Foucault's and Judith Butler's contributions. Our analysis indicates that the homosexual is still considered in psychological practice as well in society in general as the abnormal, the barbarian. The theoretical perspective that guides the study takes heteronormativity and sexuality device (dispositif) as central concepts to understand clinical practice resistance to the institutional progress of homosexuality social recognition