O objetivo deste artigo é analisar a narrativa sobre a escravidão presente na telenovela "Nos Tempos do Imperador (2021)", exibida pela Rede Globo, a maior empresa televisiva do Brasil. Utilizando do conceito de branquitude e trabalhando a novela como fonte histórica, observei como a construção de personagem negros e brancos foi executada pelos autores da novela e como o imaginário da branquitude agiu no desenvolvimento da obra que tem como protagonista Dom Pedro II. Primeiro observei a falta de agência de personagens negros, a admiração inquestionável pelo Imperador e a personalidade dos personagens moradores da Pequena África, local onde negros libertos e livres moravam na cidade. Em seguida analisei os personagens brancos e a divisão maniqueísta construída na narrativa. Dom Pedro II e a Família Real faziam parte dos brancos abolicionistas e principais responsáveis pelo fim da escravidão, enquanto o vilão, Tonico, representante dos coronéis e senhores de engenho, simbolizava os brancos que não queriam a abolição e por isso não deixavam que pautas como essa avançassem politicamente. Por fim relaciono como diversos episódios de racismo nos bastidores da novela envolvendo autores e direção, podem ser refletidos na narrativa que escolheu o branco como protagonista do processo da abolição
