Almeida, Dóris Bittencourt

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Lume 5.8

  Andréia Dalcin Virgínia Cardia Cardoso Zionice Garbelini Martos Rodrigues (Org.)    ANAIS DO VI ENCONTRO NACIONAL DO GRUPO DE PESQUISA HISTÓRIA, FILOSOFIA E EDUCAÇÃO MATEMÁTICA - HIFEM     2ª Edição       Porto Alegre UFRGS 2022   POR INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR ATENTAS À MEMÓRIA: POR QUE, PARA QUEM MANTER ARQUIVOS VIVOS?  Dóris Bittencourt Almeida2 Faculdade de Educação/UFRGS  Durante o encontro, apresentou-se o trabalho desenvolvido no Arquivo Histórico da Faculdade de Educação/UFRGS, o Memória Faced, enfatizando as ações desenvolvidas nas intenções do guardar, ensinar e pesquisar. Para tanto, iniciou-se com uma reflexão sobre o significado que a memória assume na contemporaneidade, sua função matricial para a construção da história, a partir da referência de Paul Ricouer, “para falar sem rodeios, não temos nada melhor que a memória para significar que algo aconteceu, ocorreu, se passou antes que declarássemos nos lembrar dela” (2007, p. 40). Na sequência, explicou-se que, há alguns anos, se localizaram os documentos produzidos pela Faculdade e também pelo Colégio de Aplicação em situação de abandono. Logo percebeu-se a urgência de ações de conservação, buscando conferir movimentos ao que estava parado. Assim, constitui-se o Memória Faced, como setor da Faculdade de Educação, que salvaguarda documentos institucionais diversos, desde a criação desta unidade da UFRGS, 1970, e mesmo de antes, pois se encontram papeis desde a década de 1930, época de criação da Universidade. Entretanto, mesmo em meio à tamanha documentação, investiu-se em outras searas. Assim, começamos a desenvolver um acervo de memórias orais, que hoje conta com mais de 50 entrevistas, a maioria delas com professores de longa data da UFRGS, bem como entrevistas com servidores técnicos e estudantes egressos. Ainda, preservam-se arquivos pessoais de professores, que são convidados a doarem suas relíquias do tempo vivido na Universidade e para além dela também. Como práticas do arquivamento de si mesmo, tem-se 15 conjuntos documentais pessoais, cada um deles singular, considerando as implicações que se interpõem nos gestos de guardar. Ao final da exposição, procurou-se problematizar os gestos de guardar as memórias de qualquer instituição educativa. Esses gestos precisam conferir sentidos, é preciso sensibilizar para o guardar, alguém precisa conduzir esse trabalho que deve ter apoio institucional. Trazendo mais uma vez Paul Ricoeur para o debate, o filósofo nos diz que “produzir arquivos é o imperativo da época” (2007, p.414), assim, questiona-se: quais as prioridades das escolas? Como as políticas públicas se mostram  2 Dóris Bittencourt Almeida atua na Faculdade de Educação da UFRGS. Doutora em Educação. E-mail: almeida.doris@gmail.com no cuidado com o patrimônio educativo? Como envolver os professores/ estudantes/ comunidade? Como escapar da nostalgia, de um lado, e do esquecimento, de outro? Como chegar na justa medida? Para que guardar? Para quem guardar?  Quem tem direito à memória escolar?  Qual é o passado que se deseja preservar? Enfim, vivemos um tempo de mudança epistemológica, caracterizado pela ascensão da dimensão memorial na escola. Pensando que Arquivos como organismos vivos, é preciso entendê-los como lugares de guarda, pesquisa e formação. Todas essas ações, entrelaçadas, procuram combater o esquecimento pelas práticas preservacionistas. Encerrou-se a reflexão com as palavras de Escolano Benito “Até há pouco tempo, os bens da escola foram excluídos da memória oficial, uma memória marcadamente seletiva, interessada principalmente em fatos e obras notáveis. Agora esses bens são buscados, conservados e difundidos porque nos pertencem e nos definem como sujeitos histórico-culturais. Eles fazem parte de nosso relato, sobretudo desde que a experiência escolar passou a fazer parte das formas universais de sociabilidade (2017, p. 274).  Referências  ESCOLANO BENITO, Agustin. A Escola como Cultura: experiência, memória e arqueologia. Editora Alinea: Campinas, 2017.  RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. São Paulo: Editora Unicamp, 2007.       

Por instituições de ensino superior atentas à memória : por que, para quem manter arquivos vivos?

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Por instituições de ensino superior atentas à memória : por que, para quem manter arquivos vivos?

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