Dissertação de mestrado, Psicologia (Área de Especialização em Psicologia Clínica e da Saúde - Psicologia Clínica da Saúde e da Doença), Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia, 2021A presente investigação teve como objetivo principal caracterizar a exaustão parental
(parental burnout) no período inicial da pandemia da COVID-19 e a sua relação com as
práticas parentais e a saúde mental das crianças. Participaram 167 cuidadores de crianças entre
os 6 e os 12 anos que responderam a um protocolo de avaliação online, que incluiu diferentes
escalas para a avaliação da exaustão parental (QAEP), das práticas parentais positivas (EMBUP) e negativas (PPI), e do ajustamento da criança (SCARED-R-versão pais e KIDSCREEN10- versão pais). De acordo com os resultados, observaram-se: 1) níveis baixos de exaustão
parental, disciplina coerciva e inconsistente e ansiedade da criança, e moderados de suporte
emocional e de qualidade de vida da criança; 2) associações maioritariamente significativas e
de magnitude baixa a moderada entre a exaustão parental e as restantes dimensões, sendo
positivas para a disciplina coerciva e inconsistente e ansiedade da criança e negativas para o
suporte emocional e qualidade de vida da criança; 3) associações estatisticamente
significativas, de magnitude baixa a moderada, entre a qualidade de vida e as práticas parentais
(positivas para o suporte emocional e negativas para a disciplina coerciva e inconsistente); 4)
ausência de diferenças estatisticamente significativas entre pais e mães em relação à exaustão
parental e às práticas parentais. Nos modelos preditores da saúde mental da criança, a exaustão
parental revelou-se o preditor mais consistente. Observaram-se efeitos significativos da
exaustão da mãe para ambos os indicadores de saúde mental da criança e da exaustão do pai
para a qualidade de vida da criança. Os resultados deste estudo apoiam a relação entre a
exaustão parental e a saúde mental da criança, sendo importante explorar a direção destas
associações e desenhar programas adaptados a ambos os pais, de modo a diminuir a exaustão
parental.The present study aimed to characterize parental burnout in the initial outbreak of the
COVID-19 pandemic and its relationship with parenting practices and children's mental health.
A total of 167 caregivers of children between 6 and 12 years old answered an online evaluation
protocol that includes different scales to evaluate parental burnout (QAEP), positive (EMBUP) and negative (PPI) parenting practices, and child’s adjustment (SCARED-R-parents version
and KIDSCREEN-10-parents version). According to the results, it is possible to observe: 1)
low levels of parental burnout, coercive and inconsistent discipline and child anxiety, and
moderate levels of emotional support and the child's quality of life; 2) significant associations,
of low to moderate magnitude, between parental burnout and other dimensions, positive for
coercive and inconsistent discipline and child’s anxiety and negative for emotional support and
child's quality of life; 3) significant associations, of low to moderate magnitude, between the
quality of life and parenting practices (positive for emotional support and negative for
inconsistent and coercive discipline); 4) absence of significant differences between fathers and
mothers concerning parental burnout and parental practices. The results of predictive models
of child mental health suggest that parental burnout is the most consistent predictor. There were
significant effects of maternal burnout for both indicators of child’s mental health and paternal
burnout in child’s quality of life. The results of this study support the relationship between
parental burnout and child’s mental health, being important to explore the direction of these
associations and design suitable programs for both parents to reduce parental burnout