Aspectos empresariais da construção naval no século XVI : o caso da Ribeira das Naus de Lisboa

Abstract

Como condição necessária ao desenvolvimento de frotas de guerra, os arsenais multiplicam-se nos séculos XVII e XVIII, surgindo, aos olhos dos investigadores, como casos emblemáticos do papel precursor do Estado, tanto pelas inovações técnicas que foram capazes de impulsionar como pelas estruturas organizativas, que envolviam elevados capitais e contingentes assinaláveis de mão-de-obra. Desta forma, os estudos realizados, se insistem em sublinhar a importância destas unidades de produção na passagem ao estádio da «grande indústria», procuram também denunciar as suas fragilidades, já que todas as características que não permitem identificá-las com o que será vulgar nas empresas da «era industrial» são consideradas, nesta perspectiva, como arcaísmos, isto é, sinais da sua relativa ineficiência em termos económicos. O recurso a mão-de-obra requisitada, cuja produtividade estaria, deste modo, longe de ser garantida, e uma gestão só secundariamente direccionada para a rentabilização dos capitais são tópicos entendidos como reveladores das ambiguidades destas «empresas de Estado». A Ribeira das Naus, o estaleiro destinado a fornecer parte importante das naus e galeões que serviram a carreira da índia, partilha com outras experiências europeias, um tanto mais tardias na sua generalidade, aqueles a que permitem identificá-la com uma «empresa de Estado», conceito útil, mas com limitações quando se reporta a épocas em que «empresa», sobre- tudo no domínio dos transportes marítimos, se associava tanto à aventura como ao risco calculado e em que «público» e «privado» não eram esferas jurídicas claramente distinta.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

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