Cones negativos na histopatologia : como identificar fatores de risco e evitar sua ocorrência?

Abstract

Orientadora: Profa. Dra. Rita Maira ZanineDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Tocoginecologia e Saúde da Mulher. Defesa : Curitiba, 21/10/2022Inclui referênciasResumo: Introdução: A conização cervical é uma importante e eficaz forma de tratar lesões precursoras de câncer de colo de útero. Entretanto, resultados de conizações negativas para lesão de alto grau não são infrequentes na prática clínica, e atualmente não há nenhum protocolo específico para tratar e seguir estas pacientes. O objetivo da presente pesquisa foi analisar as taxas de cones negativos e identificar possíveis fatores de risco e recorrência para este grupo de pacientes. Materiais e métodos: Estudo retrospectivo e observacional, com análise de pacientes com conização negativa (definida como ausência de malignidade e neoplasia intraepitelial de baixo grau) realizados de janeiro de 2010 até dezembro de 2020. Não houve restrição quanto ao tipo de técnica cirúrgica utilizada ou quanto à indicação do procedimento. Após a revisão das lâminas de biópsias, quando realizadas, e das conizações, as pacientes que permaneceram com resultado negativo foram submetidas a novos recortes profundos dos blocos de parafina. Três marcadores de imuno-histoquímica (IHQ) foram aplicados: p16, Ki-67 e geminina. Os dados foram comparados com um grupo controle de 29 cones positivos. Resultados: De 1022 conizações realizadas no período estudado, 186 foram negativas (18,19%). 35 pacientes não preencheram os critérios de inclusão e 151 casos foram selecionados para o estudo. Após a revisão histopatológica das lâminas, 4 pacientes foram excluídas por apresentarem resultados falso positivos. As 147 pacientes restantes tiveram as lâminas das conizações revisadas, com 16 resultados falso negativos (10,88%). 131 casos foram submetidos a novos recortes, com diagnóstico de 9 lesões de alto grau não amostradas antes. As 122 pacientes restantes foram definidas como cones verdadeiramente negativos (11,93%), e foram submetidas à IHQ. O p16 foi positivo para 20,49% dos casos, o Ki-67 foi majoritariamente pouco expressivo e a geminina teve resultados variáveis, tendendo à coloração fraca (<3+) em mais de 50% dos casos de cones negativos. Comparando os casos com o grupo controle, pacientes com idade maior e maior número de gestações tiveram mais risco de terem cones negativos, assim como padrão de IHQ com p16 negativo, Ki-67 baixo, e expressão mais baixa de geminina (p<0,05). Houve apenas 10 recidivas para lesão de alto grau, sem identificação de fatores de risco com significância estatística. Conclusão: A taxa de conizações negativas foi de 11,93%. Fatores de risco foram maior idade, maior número de gestações e baixa expressão de p16, Ki- 67 e de geminina (p<0,05), sem poder de predizer recorrência. As recidivas representaram 8,19% dos cones negativos, sem identificação de fatores de risco com significância estatística. O tamanho da lesão colposcópica e a realização de biópsia pré procedimento não tiveram relação com ausência de lesão nas conizações. As pacientes sem doença morfológica no anatomopatológico, mas com marcador IHQ positivo não apresentaram maior recidiva de doença.Abstract: Introduction: Cervical conization is an important and effective option to treat precancerous cervical lesions. However, negative conization results for high-grade lesions are not uncommon in the clinical practice, and there is currently no specific protocol to treat and to follow-up these patients. The aim of the present research was to analyze the rates of negative cones and to identify possible risk and recurrence factors for this group of patients. Materials and methods: Retrospective and observational study, with analysis of patients with negative conization (defined as absence of lesion and low-grade intraepithelial neoplasia) performed from January 2010 to December 2020. There was no restriction regarding the type of surgical technique or the indication for the procedure. After the review of the biopsy slides, when performed, and conizations slides, patients who remained with a negative result underwent deep sectioning levels of the paraffin blocks. Three immunohistochemical (IHC) markers were applied: p16, Ki-67 and geminin. Data were compared with a control group of 29 positive cones. Results: Of 1022 conizations performed during the study period, 186 were negative (18.19%). 35 patients did not meet the inclusion criteria and 151 cases were selected for the study. After the histopathological review of the slides, 4 patients were excluded due to false positive results. The remaining 147 patients had their conization slides reviewed, with 16 false negative results (10.88%). 131 cases were submitted to deep sectioning levels, with a new diagnosis of 9 high-grade lesions not previously sampled. The remaining 122 patients were defined as truly negative cones (11.93%) and were submitted to IHC. p16 was positive in 20.49% cases, Ki-67 was mostly not expressive and geminin had variable results, with tendency to stain weakly (<3+) in more than 50% of the negative cone cases. Comparing the cases with the control group, patients with older age and more pregnancies are at greater risk of having negative cones, as well as an IHC pattern with negative p16, low Ki-67, and lower expression levels of geminin (p<0.05). There were only 10 recurrences for high-grade lesions, with no identification of risk factors with statistical significance. Conclusion: The rate of negative conizations was 11.93%. Risk factors were older age, greater number of pregnancies and low expression of p16, Ki-67 and geminin (p<0.05), with no power to predict recurrence. Recurrences represented 8.19% of the negative cones, without identification of risk factors with statistical significance. The size of the colposcopic lesion and the performance of a pre-procedure biopsy were not related to the absence of lesion in conizations specimens. Patients without morphological disease in the anatomopathological examination, but with a positive IHC marker did not present greater disease recurrence

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