Transformações na vida cotidiana de famílias que adotam crianças maiores: o ponto de vista de pais e mães

Abstract

In Brazil, a large part of adopted children and adolescents were sheltered after a protective court order. In the adoption process, after the steps of gradual contact, children and parents start to live together permanently, when they experience the process of building a new daily life, in which activities and interactions already known undergo transformations. The study aimed to understand the deinstitutionalization process by adoption from the point of view of fathers and mothers who adopted children over two years. It was support by references that constitute the understanding of everyday life in the scope of occupational therapy, from a perspective that denaturalizes it, putting into view its complexity in the constellation of human interactions. It took place through the collection and analysis of interviews with adopting fathers and mothers. The results composed thematic axes gathering the perspectives of the parents, indicating that: a) their projections about future daily life were relevant in defining the profile of the children to be adopted; b) children's daily experiences in SAI were not properly presented to them prior to the phase of definitive coexistence; c) the process of building parenthood was essentially linked to the constitution of a common daily life, in family. It is essential to pay attention to the centrality of everyday life to build bonds and a stable socio-relational environments It is essential to pay attention to the centrality of everyday life to build bonds and stable socio-relational environments that are conducive to the development of children and adolescents.No Brasil, grande parte de crianças e adolescentes que são adotados estiveram acolhidos por medida protetiva em Serviços de Acolhimento Institucional (SAI). No processo de adoção, após as fases de aproximação gradual, filhos e pais passam a conviver em caráter definitivo e iniciam o processo de construção de um novo cotidiano, no qual atividades e interações já conhecidas sofrem transformações. O objetivo do estudo foi conhecer o  processo de desinstitucionalização por adoção sob o ponto de vista de pais e mães que adotaram crianças maiores de dois anos. Apoiou-se em referenciais que constituem a compreensão da vida cotidiana no âmbito da terapia ocupacional, sob uma perspectiva que a desnaturaliza, pondo à vista sua complexidade na constelação das interações humanas. Deu-se por meio de coleta e análise de entrevistas com pais e mães adotantes. Os resultados compuseram eixos temáticos reunindo perspectivas dos pais e indicando que: a) projeções sobre a futura vida cotidiana foram relevantes na definição do perfil dos filhos a serem adotados; b) experiências cotidianas dos filhos em SAI não lhes foram devidamente apresentadas previamente à fase de convivência definitiva; c) o processo de construção da parentalidade esteve essencialmente ligado à constituição de uma vida cotidiana comum, em família. É essencial oferecer atenção à centralidade da vida cotidiana em cenários nos quais se pretende construir vínculos e ambientes sociorelacionais estáveis e oportunos ao desenvolvimento de crianças e adolescentes

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