Orientador: Prof. Dr. José Edmilson Souza LimaCoorientadora: Profa Dra. Sandra Mara Alves da Silva NevesTese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Defesa : Curitiba, 15/07/2022Inclui referênciasResumo: O estudo da paisagem tem sido a base para o diagnóstico socioambiental em diferentes recortes espaciais. As modificações na superfície terrestre - provocadas, em parte, pelas ações humanas - desencadearam uma série de fatores intrinsecamente ligados com a conservação dos ecossistemas, dos seus componentes, com o fluxo de energia e matéria; dos serviços ecossistêmicos e a permanência de várias espécies de plantas e animais, além da humanidade. Nesse contexto, este estudo tem como objetivo analisar a paisagem da Bacia Hidrográfica do Rio Turvo, SP, contemplando as comunidades quilombolas Cedro, Ribeirão Grande-Terra Seca e Pedra Preta-Paraíso, na perspectiva ecossociossistêmica. Por meio da operacionalização, via geotecnologias dos procedimentos metodológicos e validação dos dados em campo, efetuou-se a pesquisa. Para isso, realizou-se uma abordagem multiescalar, primeiramente com a Bacia Hidrográfica do Rio Turvo, logo com as Unidades de Paisagem da Bacia Hidrográfica do Rio Turvo relativas aos anos de 1990, 2000, 2010 e 2020 e, por fim, com as Unidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Quilombos de Barra do Turvo e com as comunidades quilombolas, analisando-se os anos de 1984 e 2020. Desse modo, os componentes bióticos, abióticos e antrópicos da paisagem foram caracterizados, e gerou-se mapeamento de cobertura vegetal e uso da terra, avaliação por meio do Índice de Transformação Antrópica e análise da Hemerobia. As classes investigadas foram agrupadas por categorias como de usos antrópicos, cobertura vegetal e corpos hídricos. A categoria de usos antrópicos ocupou a maior área na Bacia Hidrográfica do Rio Turvo e em suas nas Unidades de Paisagem, assim como nas Unidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Quilombos de Barra do Turvo e nas comunidades quilombolas. O Índice de Transformação Antrópica da paisagem na Bacia Hidrográfica do Rio Turvo evidenciou o estado de Pouco degradado; nas Unidades da Bacia Hidrográfica do Rio Turvo, os estados de Pouco degradado e Regular; nas Unidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Quilombos de Barra do Turvo e nas comunidades investigadas, apresentou o estado de Pouco degradado para as transformações antrópicas nas paisagens. Diante disso, pode-se afirmar que as comunidades quilombolas apresentam papel relevante no que diz respeito à conservação dos componentes naturais, contribuindo à manutenção da paisagem. Quanto à Hemerobia da Bacia Hidrográfica do Rio Turvo e de suas Unidades, detectaram-se as categorias de mínima, baixa, média, alta e muita alta de acordo com seu grau de naturalidade e grau de dependência energética e tecnológica. Contudo, apesar dos conflitos socioambientais na região do Vale do Ribeira, que antecedem à recategorização da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Quilombos de Barra do Turvo, proporcionando disputa por terras e entrada de fazendeiros, as comunidades quilombolas lutam, resistem e se adaptam às novas formas de vivência, experimentando e desenvolvendo técnicas de manejos ecológicos em seu território, contribuindo diretamente à formação da paisagem ecossociossistêmica ao longo da Bacia Hidrográfica do Rio Turvo.Abstract: The study of the landscape has been the basis for socio-environmental diagnosis in different spatial settings. Changes in the earth's surface, partially caused by human actions, have triggered a series of factors intrinsically linked to the conservation of ecosystems, their components, the flow of energy and matter, ecosystem services, and the permanence of several species of plants and animals, in addition to mankind. In this context, this study aims to analyze the landscape of the Turvo River Watershed, SP, contemplating the Quilombola communities of Cedro, Ribeirão Grande-Terra Seca, and Pedra Preta-Paraíso from an ecosystem-systemic perspective. The research was performed through the operationalization, via geotechnologies, of the methodological procedures and field data validation. Therefore, a multiscale approach was carried out, first with the watershed of the Turvo River, then with the landscape units of the watershed of the Turvo River for the years 1990, 2000, 2010, and 2020, and, finally, with the units of the Sustainable Development Reserve of the Quilombos of Barra do Turvo and with the Quilombola communities, analyzing the years 1984 and 2020. In this way, the landscape's biotic, abiotic, and anthropic components were characterized, and vegetation cover and land use mapping, evaluation by means of the Anthropic Transformation Index, and hemerobic analysis were generated. The classes investigated were grouped by categories such as anthropic uses, vegetation cover, and water bodies. The anthropic usage category occupied the largest area in the Turvo River Basin, its Landscape Units, the Quilombos Sustainable Development Reserve of Barra do Turvo, and the Quilombola communities. The Index of Landscape Anthropic Transformation in the Watershed of the Turvo River showed the little degraded state; in the Units of the Watershed of the Turvo River, it showed the little degraded and regular states; in the Units of the Sustainable Development Reserve of Quilombos of Barra do Turvo and the investigated communities, it presented the little degraded state for the anthropic transformations in the landscapes. Therefore, the Quilombola communities have a relevant role in conserving natural components, contributing to the maintenance of the landscape. As for the hemerobics of the Turvo River Basin and its units, minimal, low, medium, high, and very high categories were detected according to their degree of naturalness and degree of energy and technological dependence. Nonetheless, despite the socio-environmental conflicts in the Vale do Ribeira region preceding the reclassification of the Sustainable Development Reserve of Quilombos of Barra do Turvo, resulting in land disputes and farmer entry, the Quilombola communities struggle, resist, and adapt to new ways of living, experimenting with and developing ecological management techniques in their territory, and directly contributing to shaping the eco-systemic landscape along the watershed of the Turvo River
