Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais - PPGAV-UFRGS
Abstract
Para recuperar um corpo que é seu, mas não lhe pertence de todo, muitas artistas feministas utilizam como estratégia retratar a si mesmas. Neste ensaio, autorretratos funcionam como ponto de partida para representar algo que pode ser considerado como abjeto na corporalidade feminina: o sangue da menstruação, do parto, da violência e da vida. Ao trazer textos sobre vivências pessoais que envolvem contato com vulnerabilidade e força, coloco-me como um “eu” que inclui as outras, falo de mim para falar de traumas coletivos. A partir de premissas e temáticas que me são sugeridas por intervenções urbanas encontradas em pesquisa de campo (pichações, lambe-lambes, estênceis, etc.), apresento um recorte de algumas colagens que compõem minha tese de doutorado em andamento. Durante o processo de criação revisito meu arquivo de fotogra as e realizo montagens misturando técnicas analógicas e digitais, como fotogra a, desenho e pintura. Em minhas colagens a apropriação se dá pela presença de frases e desenhos riscados nas ruas por outras mulheres, imagens recortadas de revistas, e também de obras de arte, como esculturas e pinturas que fotografei em museus. Tenho como referência artistas que trabalham e trabalharam com questões do sangue e do corpo feminino, como Ana Mendieta, Judy Chicago, Zanele Muholi e colagistas como Carmen Winant, Hannah Höch e Annegret Soltau