Dissertação de mestrado, Psicologia (Área de Especialização em Psicologia da Educação e da Orientação), Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia, 2021Este estudo pretende identificar os comportamentos mais frequentes nos
adolescentes observadores de situações de cyberbullying, tendo em conta a sua relação
com a vítima, a autorregulação comportamental, mecanismos de descomprometimento
moral e divergências ao nível do sexo. Coloca-se também ênfase na importância de
estudar o contributo de programas de prevenção de cyberbullying. De forma a atingir este
objetivo, 209 alunos do 7º ao 9º ano participaram num programa onde tinham que
interagir com agentes sociais virtuais numa rede social criada para as sessões. Os
resultados das interações foram sujeitos a uma análise quantitativa e qualitativa, tendo o
modelo de intervenção dos observadores e o descomprometimento moral como
organizadores da análise. Foram observadas as divergências de sexo, o efeito do in-group
bias e as mudanças ao longo das sessões com treino explícito de competências
autorregulatórias. O comportamento mais observado foi a seleção de opções de
mensagens com intenção pró-social. No caso dos participantes do sexo masculino foi
possível observar um declínio do uso de linguagem agressiva ao longo das sessões. As
autorreflexões referiram a agência moral (41,4%) e o modelo de intervenção do
observador (19,2%) nas situações de cyberbullying. A observação destas mudanças e as
divergências que existiram em termos de sexo, são essenciais para acrescentar uma maior
profundidade ao conhecimento desta temática, levando a novos fatores que possam ser
explorados de modo a criar intervenções online eficazes que visam reduzir a prevalência
deste fenómeno, aumentar os comportamentos pró-sociais e sentimentos de empatia nos
beneficiadores destes programas de intervenção.This study aims to identify the most frequent behavior in adolescents who observe
cyberbullying situations, taking into account their relationship with the victim, behavioral
self-regulation, mechanisms of moral disengagement and sex differences. In order to
achieve this goal, 209 7th to 9th graders participated in a program where they had to
interact with virtual social agents in a social network created for the sessions. The results
of the interactions were subjected to a quantitative and qualitative analysis, using the
Bystander Intervention Model and moral disengagement as theoretical frameworks of
analysis. Differences in gender, the effect of in-group bias and changes throughout the
sessions with explicit self-regulatory skills training were observed. The most observed
behavior was the selection of message options with pró-social intentions. In the case of
male participants, there was a decline in the use of aggressive language throughout the
sessions. Self-reflections referred to moral agency (41.4%) and the Bystander
Intervention Model (19.2%) in cyberbullying situations. The observation of these changes
and the differences that existed in terms of sex, are essential to add greater depth to the
knowledge of this topic, leading to new factors that can be explored in order to create
effective online interventions that aim to reduce the prevalence of this phenomenon,
increase prosocial behavior and feelings of empathy for the beneficiaries of these
intervention programs