Associação entre o estado nutricional e complicações clinicas em pacientes com fibrose cística no primeiro ano de vida

Abstract

TCC(graduação)- Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Nutrição.Introdução: Pacientes com fibrose cística (FC) são frequentemente internados. Entender os fatores responsáveis pelo agravo clínico destes pacientes é fundamental para a implementação de terapias que obtenham êxito no tratamento da doença. A desnutrição na infância é recorrente nesses pacientes e está intimamente ligada a piores desfechos clínicos, com pior prognóstico na vida adulta. Apesar dos avanços ao longo das últimas décadas no tratamento nutricional destes pacientes, grande parte dos pacientes com FC ainda se encontram desnutridos. Entender a interação entre o estado nutricional e os desfechos clínicos destes pacientes no primeiro ano de vida é primordial para o aperfeiçoamento terapêutico na doença. Objetivos: Descrever a associação entre fatores nutricionais e os desfechos clínicos durante o primeiro ano de vida em pacientes com FC tratados em um hospital de referência. Métodos: Estudo observacional de coorte retrospectivo com quarenta e nove pacientes tratados em um hospital público de referência para o tratamento de FC. Foram coletados dados clínicos, demográficos, nutricionais (Peso, estatura, tempo de aleitamento materno total, tempo de aleitamento materno exclusivo e uso de terapia nutricional enteral) e desfechos clínicos de pacientes durante o primeiro ano de vida (3, 6, 9 e 12 meses de idade). Os desfechos do estudo foram hospitalizações e infecções no primeiro ano de vida. Os dados gerais foram apresentados em mediana e intervalo interquartil. Foi aplicado o teste Mann-Whitney e regressão logística bruta e ajustada para avaliar associação do estado nutricional e hospitalização. Resultados: Dos 49 pacientes, 49% foram do sexo masculino e 48,9% com mutação DF508 homozigoto. Foi observado que 38 (77,5%) internaram ao menos uma vez por algum tipo de exacerbação durante o ano de estudo, 39 (81,2%) fizeram antibioticoterapia e 40 (88,9%) dos pacientes tiveram contaminação por Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa ou Burkholderia cepacia. A mediana da idade da primeira internação foi de 1,9 meses. Foi observada proteção de 10% contra hospitalização para cada 1 percentil de peso para idade ganho nos três primeiros meses de vida e uma proteção ainda maior, de 17% para cada 1 percentil ganho aos 6 meses. Além disso, não foram encontradas associações entre menores percentis de peso para idade ou peso para estatura e contaminação por algum dos patógenos citados. Conclusão: Na população estudada foi encontrado que a melhora do estado nutricional, avaliado através do percentil de peso para idade, é um fator protetor para hospitalização aos 3 e 6 meses de vida, evidenciando a importância do cuidado nutricional logo no primeiro ano de vida. É necessário estudos prospectivos longitudinais com amostras maiores para entender melhor a magnitude da influência do estado nutricional sobre os desfechos clínicos

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