Desde 1980, no Brasil, cresceu a importância das bases sociais e humanas na construção do conhecimento em Educação Física. Nesta perspectiva, o objetivo geral deste trabalho é analisar o ensino de Antropologia nos cursos de Licenciatura em Educação Física do município de Canindé, no Ceará. O desenvolvimento de etnografias sobre lazer, esporte e educação física, a problematização das relações entre natureza e cultura, gênero, etnia e raça, além do avanço sobre as noções de corpo compõem a agenda brasileira em torno do assunto. A metodologia aplicada nesta pesquisa deu-se a partir de revisões bibliográficas no campo da Antropologia e da Antropologia da Educação Física. Também, fizemos levantamentos documentais nas duas instituições que oferecem tal formação pedagógica, colhendo os projetos político pedagógicos dos cursos, ementário de disciplinas e materiais didáticos disponibilizados nas aulas. Foram realizadas, ainda, observações e entrevistas com alunos e professores. O reconhecimento da educação física, do esporte e do lazer como fenômenos culturais tem oferecido resistências à supremacia técnica e biologista dos currículos. Os seminários temáticos sobre autores e teorias que permeiam o campo antropológico das práticas corporais e a realização de eventos de extensão, com os educandos se envolvendo com os saberes tradicionais e comunitários do município estão entre as atividades mais valorativas. Contudo, o reduzido acervo bibliográfico disponibilizado sobre o assunto, a falta de recursos para realização de atividades extra sala de aula, a baixa carga horária das disciplinas articuladas ao tema e a formação antropológica deficitária dos professores universitários demonstram alguns problemas encontrados