Padrão alimentar DASH (dietary approaches to stop hypertension) e associação com sobrepeso/obesidade e hipertensão arterial: análise transversal com participantes do estudo de riscos cardiovasculares em adolescentes (ERICA)

Abstract

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Florianópolis, 2019.Introdução: A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) é considerada um padrão alimentar saudável, sendo preconizada para o controle da hipertensão arterial (HA) e sobrepeso/obesidade. Entretanto, seu papel na população adolescente precisa ser mais bem investigado e esclarecido. Objetivos: 1) Realizar revisão integrativa sobre o histórico da dieta DASH e investigar sua adoção pela população brasileira; 2) Realizar revisão sistemática (RS) da literatura sobre o efeito da dieta DASH no sobrepeso/obesidade e no controle da pressão arterial (PA) de adolescentes; 3) Investigar a associação entre o padrão alimentar DASH com sobrepeso/obesidade e HA em adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos de idade participantes do Estudo de Risco Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA). Métodos: Foram realizadas revisão integrativa, sistemática e pesquisa transversal analítica com dados primários do ERICA. A busca integrativa foi realizada em janeiro de 2018, nas bases de dados National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), a revisão sistemática da literatura foi realizada até março de 2018, sendo investigadas cinco bases de dados: Pubmed, The Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (via Cochrane Library), Science Direct (via Scopus, Elsevier), Web of Knowledge (via Web of Science, Thomson Reuters) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Dois revisores examinaram independentemente 1.005 resumos. O risco de viés foi avaliado utilizando ferramentas específicas e a qualidade dos relatos dos artigos foi feita de acordo com os protocolos STROBE ou CONSORT para cada desenho do estudo. O estudo original usou dados de uma amostra probabilística nacional, multicêntrica e de base escolar de 71.553 adolescentes brasileiros que tiveram PA aferida e responderam ao recordatório alimentar de 24 horas, ao longo dos anos 2013-2014, em 124 cidades. Foram avaliados os componentes alimentares do escore DASH: 1) frutas (exceto sucos de frutas), 2) vegetais (verduras e legumes, exceto batatas e feijões), 3) leguminosas/ oleaginosas, 4) grãos integrais, 5) laticínios com baixo teor de gorduras e diet/light, 6) sódio, 7) carnes vermelhas e processadas e 8) bebidas açucaradas e sucos de frutas. Os cinco primeiros componentes foram considerados protetores e os três últimos foram considerados de risco para a saúde, para o cálculo do escore DASH os componentes alimentares foram classificados segundo quintil de consumo. Um escore maior foi indicativo de maior concordância com a dieta DASH e a pontuação final variou de 8 a 40 pontos. Modelos de regressão logística foram utilizados para avaliar a associação entre HA, variáveis antropométricas, sócio-demográficas e os tercis do escore DASH. Resultados: A literatura sobre dieta DASH é extensa, entretanto quatro estudos mostrando a difusão do seu uso pela população brasileira foram encontrados. Os estudos diferiram entre si nos métodos de avaliação utilizados e a baixa difusão evidencia a necessidade de implementação de ações no âmbito da atenção nutricional ao hipertenso. Sete estudos foram elegíveis para a RS, três transversais, dois coorte e dois ensaios clínicos randomizados (ECR). Um estudo transversal constatou que um escore DASH mais alto estava associado à diminuição das medidas de composição corporal, os outros dois não encontraram associações entre os escores da dieta DASH, peso corporal e PA. Os estudos de coorte mostraram que o padrão DASH resultou em níveis mais baixos de PA diastólica e menor ganho de índice de massa corporal em 10 anos. Um ECR apontou que a dieta DASH mostrou-se eficaz na melhora da PA sistólica e outro ECR observou diminuição na prevalência de HA e síndrome metabólica. Verificou-se que aproximadamente 11% dos adolescentes que estavam no 3º tercil do escore DASH apresentaram HA, 18% sobrepeso e 9% obesidade. Dentre os componentes alimentares do escore, os mais consumidos foram as bebidas açucaradas (92,1%), leguminosas e oleaginosas (68,2%), carnes vermelhas e processadas (64,5%) e os menos consumidos foram os laticínios com baixo teor de gordura (2,2%), grãos integrais (11,6%) e frutas (18,1%). A ingestão de sódio foi acima do máximo recomendado em todos os tercis. Conclusões: A revisão integrativa evidenciou que estratégias inovadoras serão necessárias para determinar a melhor forma de minimizar as barreiras para disseminação desse padrão alimentar. A RS mostrou que a dieta DASH pode ter efeitos benéficos nas alterações da PA, sobrepeso e obesidade na adolescência. No entanto, a disseminação desse padrão alimentar ainda é baixa. O artigo original apontou resultado semelhante em relação à difusão, pois pequena proporção de adolescentes brasileiros consumia os alimentos que compõem a dieta DASH. Não foram detectadas associações entre esse padrão dietético e HA. É necessário investigar estratégias para aumentar o consumo dos alimentos protetores em adolescentes, além de explorar os benefícios potenciais do padrão alimentar DASH na saúde deste grupo etário.Abstract: Introduction: The DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) diet is considered a healthy eating standard and is recommended for the control of arterial hypertension (AH) and overweight/obesity. However, its role in the adolescent population needs to be better investigated and clarified. Objectives: 1) To perform an integrative review on the history of the DASH diet and investigate its adherence by the Brazilian population; 2) To conduct a systematic review (RS) of the literature on the effect of DASH diet on overweight / obesity and control of blood pressure (BP) in adolescents; 3) To investigate the association between the DASH dietary pattern of overweight / obesity and AH in Brazilian adolescents 12 to 17 years old participants from the the Study of Cardiovascular Risk in Adolescents (ERICA). Methods: An integrative, systematic review and analytical cross-sectional research with primary data from ERICA were performed. The integrative search was performed in January 2018 in the National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO), and Latin American and Caribbean Health Sciences Literature (LILACS) databases, the systematic literature review. was conducted until March 2018. Five databases were investigated: Pubmed, The Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) (via Cochrane Library), Science Direct (via Scopus, Elsevier), Web of Knowledge (via Web of Science, Thomson Reuters) and Scientific Electronic Library Online (SciELO). Two reviewers independently reviewed 1,005 abstracts. The risk of bias was assessed using specific tools and the quality of article reports was made according to the STROBE or CONSORT protocols for each study design. The original study used data from a national, multicenter, and school-based probabilistic sample of 71,553 Brazilian adolescents who had BP measured and responded to the 24-hour dietary recall over the years 2013-2014 in 124 cities. The dietary components of the DASH score were evaluated: 1) fruits (except fruit juices), 2) vegetables (vegetables, except potatoes and beans), 3) legumes / oilseeds, 4) whole grains, 5) low dairy products of fat and diet / light, 6) sodium, 7) red and processed meats and 8) sugary drinks and fruit juices. The first five components were considered protective and the last three were considered health risk. For the DASH score calculation, the food components were classified according to fifths of consumption. A higher score indicated greater agreement with the DASH diet and the final score ranged from 8 to 40 points. Logistic regression models were used to assess the association between AH, anthropometric, socio-demographic variables and DASH score tertiles. Results: The literature on DASH diet is extensive, however four studies showing adherence by the Brazilian population were found. The studies differed in the assessment methods used and the low adherence evidences the need to implement actions in the context of nutritional care for hypertensive patients. Seven studies were eligible for RS, three cross-sectional, two cohorts and two randomized controlled trials (RCT). A cross-sectional study found that a higher DASH index was associated with decreased body composition measures, the other two found no association between DASH diet scores, body weight and BP. Cohort studies showed that the DASH pattern resulted in lower diastolic blood pressure levels and lower body mass index gain at 10 years. One RCT showed that the DASH diet was effective in improving systolic BP and another RCT observed a decrease in the prevalence of hypertension and metabolic syndrome. It was found that approximately 11% of adolescents who were in the third tertile of the DASH score had hypertension, 18% overweight and 9% obesity. Among the food components of the score, the most consumed were sugary drinks (92.1%), legumes and oilseeds (68.2%), red and processed meat (64.5%) and the least consumed were low-dairy dairy products. fat content (2.2%), whole grains (11.6%) and fruits (18.1%). Sodium intake was above the recommended maximum in all tertiles. Conclusions: The integrative review showed that innovative strategies will be needed to determine the best way to minimize barriers to dissemination and adherence to this eating pattern. RS has shown that the DASH diet can have beneficial effects on changes in BP, overweight and obesity in adolescence. However, compliance with this dietary standard is still low. The original article showed similar results regarding compliance, since a small proportion of Brazilian adolescents consumed the foods that make up the DASH diet. No associations were detected between this dietary pattern and AH. Strategies should be investigated to increase the consumption of protective foods in adolescents, and to explore the potential health benefits of the DASH pattern in this age group

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