Butia é um gênero de palmeiras da América do Sul, de ocorrência natural no Uruguai, Paraguai, Argentina e Brasil, reconhecido pela produção de frutos que são utilizados para fins culinários

BARBIERI, R. L.

FERRI, N. M. L.

HEIDEN, G.

PEREIRA, E. dos S.

VIZZOTTO, M.

WAGNER, J. G.

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COMPOSTOS BIOATIVOS E ATIVIDADE INIBITÓRIA DE ALFA-GLICOSIDASEEM GENÓTIPOS DE BUTIÁ (Butia odorata)JULIA GOETTEN WAGNER  1 ; ELISA DOS SANTOS PEREIRA2; NUBIA MARILINLETTNIN FERRI³; GUSTAVO HEIDEN4; MÁRCIA VIZZOTTO5; ROSA LÍABARBIERI61Universidade Federal de Pelotas – goettenj@hotmail.com2Universidade Federal de Pelotas –  lisaspereira@gmail.com 3Embrapa Clima Temperado – nubia.ferri@embrapa.br 4Embrapa Clima Temperado – gustavo.heiden@embrapa.br 5Embrapa Clima Temperado – marcia.vizzotto@embrapa.br 6 Embrapa Clima Temperado - lia.barbieri@embrapa.br 1. INTRODUÇÃOButia é um gênero de palmeiras da América do Sul, de ocorrência natural noUruguai, Paraguai, Argentina e Brasil, reconhecido pela produção de frutos quesão utilizados para fins culinários. Os butiás, frutos dos butiazeiros, apresentamatributos nutricionais vinculados à manutenção da saúde e modulação de efeitosfisiológicos, tais como compostos fenólicos, carotenoides, açúcares redutores, vi-tamina C, fibras e potássio (HOFFMANN et al. 2014; VINHOLES et al. 2017).Os compostos fenólicos, expressivos no gênero Butia, são um dos principaisgrupos de metabólitos secundários em plantas, e estão associados a prevençãode doenças ligadas ao envelhecimento (HOFFMANN et al. 2014). Os radicais li-vres, embora representem um produto natural da respiração aeróbica, quando emexcesso podem causar estresse oxidativo. Os compostos fenólicos têm a capaci-dade de capturar, inibir ou retardar as espécies reativas de oxigênio (ou radicaislivres), na ação que se denomina “atividade antioxidante”, a qual é responsávelpor manter o equilíbrio dos organismos e evitar danos a nível celular causadospelo estresse oxidativo (DENARDIN et al., 2015). A utilização de extratos vegetais, como das espécies de Butia,  têm sido in-vestigada também para ação anti-hiperglicêmica, já que existem registros de dife-rentes espécies nativas promovendo inibição da enzima  α-glicosidase, uma dasenzimas responsáveis pela quebra dos carboidratos. Em especial há interesse naação de inibição da α-glicosidase para controle da diabetes tipo II, que é caracteri-zada pela hiper-glicemia pós-prandial, pois a atividade de inibição da α-glicosida-se retarda a absorção dos carboidratos, suprimindo picos glicêmicos após as re-feições (VINHOLES et al. 2018).Entre as espécies de Butia, Butia odorata  representa um recurso alimentarfortemente vinculado a cultura e tradições locais no leste do Uruguai e extremosul do Brasil, locais de ocorrência natural da espécie. A espécie forma congrega-ções naturais, conhecidas como butiazais,  originando um ecossistema caracte-rístico (HOFFMANN et al. 2014). Atualmente B. odorata se encontra em risco deextinção, assim seu potencial terapêutico, que foi ainda pouco investigado, tam-bém se encontra sob ameaça (BESKOW et al. 2015). Dessa forma, considerando o apelo funcional que espécies nativas têm rece-bido para promoção da saúde, diversificação  nutricional e dos sistemas agroali-mentares, o objetivo desse trabalho foi avaliar e comparar o perfil funcional de cin-co genótipos de B. odorata de diferentes localidades do estado do Rio Grande doSul, através  da investigação da atividade antioxidante, quantidade de compostosfenólicos e capacidade de inibição da enzima α-glicosidase.2. METODOLOGIAForam coletadas cinco amostras de frutos de Butia odorata: uma em área re-sidencial urbana no município de Pelotas, que foi identificada como B1Pel, duasem vias públicas na área urbana de Santa Vitória do Palmar, identificadas comoB2SVP e B3SVP, e duas em uma população natural de Tapes (B4TA e B5TA). Asamostras foram armazenadas em freezer no laboratório de Ciência e Tecnologiade Alimentos da Embrapa Clima Temperado. Para quantificação dos compostos fenólicos e atividade antioxidante, foi pre-parado extrato com 5 g de polpa e 20 mL de metanol (95%); e para determinaçãoda atividade enzimática a extração foi feita com 5 g de polpa e 20 mL de etanol(95%). A quantificação de compostos fenólicos foi realizada através do métodoFolin-Ciocolteau adaptado (SWAIN; HILLIS, 1959). Foi lida a absorbância em es-pectofotômetro, em comprimento de onda de 725 nm. A quantidade de compostosfenólicos foi calculada, e expressa em mg do equivalente ácido clorogênico em100 g de tecido (mg EAC/100g tecido). A atividade antioxidante foi determinada através do método DPPH, adaptadode BRAND-WILLIANS et al. (1995). As amostras foram lidas em espectrofotôme-tro após 24 h de reação, a 515 nm, e os resultados foram expressos em µg deTrolox equivalente em g de tecido. A atividade inibitória da α-glicosidase foi avaliada através de método adapta-do de FERRERES et al. (2013) no Laboratório de Metabolismo Secundário do De-partamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Pe-lotas. Adicionou-se 50 μL da enzima α-glicosidase e 50 μL do substrato p-nitrofe-nil α-glucopiranosídeo a 10 μL de extrato de B. odorata. A amostra foi agitada ma-nualmente, e então incubada por 10 minutos a 37º C e lida a 405 nm em leitor deplacas. Foi calculada a porcentagem da inibição com a fórmula: (Absorbância docontrole – Absorbância da amostra / Absorbância do controle) x 100.Todas as análises foram realizadas em triplicata. As análises estatísticas fo-ram realizadas através do software R, onde calculou-se a ANOVA, e para os pa-râmetros que diferiram empregou-se teste de comparação de médias de  Tukey(p≤ 5).  Foi realizado teste de normalidade de Shapiro Wilk, a presença de outlierse a homocedasticidade foram testadas graficamente, e então procedeu-se o testede correlação de Pearson para verificar se há tendências de comportamento entreas variáveis. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃOHouve diferença entre os genótipos para os três parâmetros avaliados. A con-centração de compostos fenólicos totais variou de 322,93 mg equivalente de áci-do clorogênico em 100 g de tecido no genótipo B4TA, até 914,79 no genótipo B1-Pel. A atividade antioxidante teve faixa de variação entre  600,63 µg equivalentetrolox/g tecido (genótipo B4TA) até 3411,05 no genótipo B1Pel. Dentre os genótipos, o genótipo B1Pel de Pelotas destacou-se por apresentarmaior concentração de compostos fenólicos, atividade antioxidante e percentualde inibição da enzima α-glicosidase. O percentual de inibição da enzima α-glicosi-dase variou de 13,38% até 76,95%.  As performances dos genótipos podem serobservadas na Tabela 1.Tabela 1. Caracterização bioativa e percentual de inibição de α-glicosidaseem genótipos de B. odorata de Pelotas (Pel), Santa Vitória do Palmar (SVP) e Ta-pes (TA).Genótipo Compostos fenólicos(mg EAC/100 g tecido)Atividade antioxidante(µg equivalente trolox/g tecido)% deinibição¹B1Pel 914,79a 3411,05a 73,03aB2SVP  413,9c 1442,40b 49,46aB3SVP 387,39c 868,20bc 13,38bB4TA 322,93c 600,63c 25,13bB5TA 715,68b 3247,40a 76,95a¹ Percentual de inibição da enzima α-glicosidaseFoi possível observar uma tendência entre a concentração de compostos fe-nólicos e a atividade antioxidante: o genótipo com menor concentração de com-postos fenólicos deteve também menor atividade antioxidante, enquanto que ogenótipo com maior concentração de compostos fenólicos apresentou maior ativi-dade antioxidante. Tal padrão foi confirmado através do coeficiente de correlaçãode Pearson, onde foi possível registar forte correlação positiva entre compostosfenólicos e a atividade antioxidante (r = 0,964; p ≤ 0,07). Entre a concentração decompostos fenólicos e o percentual de inibição da α-glicosidase não houve corre-lação significativa, contudo o percentual de inibição da α-glicosidase apresentouforte correlação com a atividade antioxidante (r = 0,944; p ≤ 0,01). A associação entre compostos fenólicos e atividade antioxidante é apontadana literatura (VINHOLES et al. 2017), e por sua vez a atividade de captura de radi-cais livres parece ter um papel relevante para atenuar o desenvolvimento e ascomplicações associadas à diabetes, visto que essa doença também se caracteri -za por estresse oxidativo (FERRERES et al. 2013). Embora existam registros da ação antidiabética dos compostos fenólicos,nesse estudo essa classe de compostos parece não ter sido determinante para astaxas de inibição alcançadas. A ausência de correlação entre compostos fenólicose a atividade de inibição da α-glicosidase foi também reportada por Vinholes et al.(2017), que apontou a possibilidade de outros compostos, como glicosidases eaminoaçúcares, terem maior contribuição para a inibição enzimática em B. odora-ta. Inibidores de  α-glicosidase amplamente utilizados para prevenção ou trata-mento da diabetes, como acarbose e voglibose, apresentam efeitos gastrointesti-nais adversos, de forma que a identificação de novos produtos naturais que cum-pram essa abordagem terapêutica é incentivada (LI et al.  2010). Dessa forma,nesse estudo os genótipos B1Pel, B2SVP e B5TA foram os que se destacarampela ação antidiabética, com inibição da enzima α-glicosidase. 4. CONCLUSÕESA caracterização das propriedades biológicas de B. odorata permite identifi-car os  genótipos com maior aptidão para atender os desafios da nossa época,como a segurança e soberania alimentar, e ao mesmo tempo aproveitar as ten-dências de mercado e perfis de consumo que se formam a partir da preocupaçãocom a saúde. Nesse trabalho foi possível identificar variação no perfil biológico deButia odorata, onde alguns genótipos se destacaram por seu superior potencial decontribuição à saúde. AGRADECIMENTOSAo  CNPq/Ministério  da  Ciência,  Tecnologia  e  Inovações  (processo441493/2017-3) pelo apoio financeiro.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBESKOW,  G.  T.;  HOFFMANN,  J.  F.;  TEIXEIRA,  A.  M.;  FACHINELLO,  J.  C.;CHAVES,  F.  C.;  ROMBALDI,  C.  V.  Bioatcive and yeld potential  of  jelly  palms( Butia odorata   Barb. Rodr.).  Food Chemistry  , v. 172, p. 699-704, 2015.  BRAND-WILLIAMS,  W.;  CUVELIER,  M.  E.,  BERSET, C.  Use of  a  free radicalmethod  to  evaluate  antioxidant  activity.   Lebensmittel-Wissenschaft  &  Tecnologie  , v. 28, p. 25-30, 1995.  DENARDIN, C. C.; HIRSCH, G. A.; ROCHA, R. F.; VIZZOTTO, M.; HENRIQUES,A.  T.;  MOREIRA,  J.  C.  F.;  GUMA,  F.  T.  C.  R.;  EMANUELLI,  T.  Antioxidantcapacity and bioactive compounds of four Brazilian native fruits.  Journal of food  and drug analysis  , v. 23, p. 387-398, 2015.  FERRERES,  F.;  VINHOLES,  J.;  GIL-IZQUIERDO,  A.;  VALENTÃO,  P.;GONÇALVES, R. F.; ANDRADE, P. B. In vitro studies of  α  -glucosidase inhibitors  and  antiradical  constituents  of   Glandora  diffusa   (Lag.)  D.C.  Thomas  infusion. Food Chemistry  , London, v. 136, n. 3/4, p. 1390-1398, 2013.  HOFFMANN, J.;  BARBIERI,  R.; ROMBALDI, C. V.;  CHAVES, F. C.   Butia   spp. (Arecaceae): An overview.  Scientia Horticulturae  , v. 179, p. 122-131, 2014.  LI, D-Q.; QIAN, Z-M.; LI, P-M.  Inhibition of three selected beverage extracts on  α  - Glucosidase and rapid identification of their active compounds by using HPLC-DAD-MS/MS  and  biochemical  detection.   Journal  of  Agricultural  and  Food  Chemistry  , v. 58, p. 6608-6615, 2010.  SWAIN, T.; HILLIS, W. E. The phenolic constituents of   Prunus   domestica. I.-The quantitative analysis of phenolic constituents.  Journal of Science and Food Agri  - culture  , London, v. 10, n. 1, p. 63-68, 1959.  VINHOLES, J.; LEMOS, G.; BARBIERI, R. L.; FRANZON R. C.; VIZZOTTO, M. Invitro assessment of the antihyperglycemic and antioxidant properties of araçá, bu-tiá and pitanga.  Food Bioscience  , v. 19, p. 92–100, 2017.  VINHOLES, J.; REIS, S. F.; LEMOS, G.; BARBIERI, R. L.; FREITAS, V.; FRAN-ZON, R. C.; VIZZOTTO, M. Effect of in vitro digestion on the functional propertiesof Psidium cattleianum Sabine (araçá), Butia odorata (Barb. Rodr.) Noblick (butiá),and Eugenia uniflora L. (pitanga) fruits extracts. Food & Function, v. 9, p. 6381-6391, 2018. 

Compostos bioativos e atividade inibitória de alfa-glicosidase em genótipos de butiá (butia odorata).

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Compostos bioativos e atividade inibitória de alfa-glicosidase em genótipos de butiá (butia odorata).

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