A tese busca olhar para a branquitude, para os não indígenas, que são predominantemente brancos, na formação de estudantes universitários kaingang e guarani na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS. A pesquisa que embasa a tese tem seus aportes nos estudos sobre a branquitude, os quais apontam a existência de discursos e mecanismos que atualizam e reproduzem persistentemente uma falsa ideia de supremacia branca e a sua contrapartida, a ideia falaciosa de uma inferioridade das populações indígenas e negras, assim como reservam privilégios aos primeiros em prejuízo dos demais. A tese também se nutriu teoricamente de publicações de estudantes indígenas da UFRGS, especialmente de trabalhos de final de curso. A pesquisa se assentou, por um lado, na análise de trabalhos de final de curso de graduação e dissertações de mestrado de estudantes indígenas que se diplomaram na UFRGS e, por outro lado, na aplicação de um questionário junto a docentes de cursos de licenciatura da mesma instituição. Através da pesquisa com docentes foi possível observar que, em que pese a disposição de muitos docentes para contemplar as especificidades de alunos indígenas, estes em geral contam com pouca formação e/ou poucas experiências com e sobre os povos indígenas. Também destaca-se que de modo geral tiveram pouquíssima convivência interracial com colegas, docentes e gestores em suas formações escolares e acadêmicas e também pouca ou mesmo nenhuma influência de autores não brancos nos seus estudos no ensino superior. Através da investigação, especialmente a partir das produções de estudantes indígenas, foi possível compreender que embora a instituição tenha um discurso inclusivo, as práticas no seu interior muitas vezes acabam se constituindo em ações assimilatórias/embranquecedoras, impondo currículos, padrões pedagógicos e burocracias que não contemplam as necessidades, conhecimentos, temporalidades e modos de vida dos estudantes indígenas, mas, ao contrário, impõem o modo de vida e o saber dos brancos, que historicamente são o grupo racial hegemônico na instituição.The thesis aims to look at whiteness, at non-indigenous people, who are predominantly white, in the education of Kaingang and Guarani university students at the Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Federal University of Rio Grande do Sul), UFRGS. The research on which this thesis is based on is supported by studies about whiteness, which point to the existence of discourses and mechanisms that persistently update and reproduce a false idea of white supremacy and its counterparty, the fallacious idea of the inferiority of black and indigenous populations, as well as how they reserve privileges for the former to the detriment of the latter. The thesis was also theoretically nourished by publications by indigenous students at UFRGS, particularly from their undergraduate theses. On one hand, the research was based on the analysis of undergraduate theses and master’s dissertations of indigenous students that graduated from UFRGS, and on the other hand, on the application of a questionnaire aimed at undergraduate professors from the same institution. Through the research with professors it was possible to observe that, despite the willingness of many professors to contemplate the specificities of indigenous students, those professors have little education and/or experience with and about indigenous people. It is also notable, in general, that they have had very little interracial contact with colleagues, professors and managers during their school and university years and also little or even no influence of non-white authors in their higher education. Through the investigation, in particular of the indigenous students’ output, it was possible to understand that although the institution has an inclusive discourse, the practices inside it very often end up constituting assimilating/whitening actions, imposing curriculums, pedagogical standards and bureaucracies that do not contemplate the needs, knowledge, temporalities and ways of life of indigenous students, but, on the contrary, impose the way of life and knowledge of white people, who are historically the hegemonic racial group in the institution