A produção de castanha é uma componente importante da economia regional de Trás-os-Montes, Nordeste
de Portugal, e as áreas ocupadas com castanheiros (Castanea sativa Mill.) têm vindo a aumentar ao longo
dos últimos anos. A monitorização remota destas áreas permite melhorar a eficácia na deteção de anomalias
de desenvolvimento da espécie e, com isso, assegurar intervenções corretivas mais rápidas e espacialmente
dirigidas. A utilização do índice NDVI para este efeito é comum, sendo todavia necessários referenciais
regionais com os quais possam ser comparadas as avaliações do índice em certo momento ou local. O
trabalho apresenta os resultados de um exercício realizado com o objetivo de avaliar e analisar as variações
espaciais e temporais do NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) em áreas de castanheiro
do NE de Portugal. Desenvolvido em ambiente SIG, o trabalho implicou a seleção de manchas amostrais de
entre os polígonos classificados com o identificador castanheiros na Carta de Ocupação do Solo (COS) na
versão de 2007. Distinguiram-se a cobertura florestal da cobertura de pomares desta espécie. Para efeitos de
seleção, em cada uma destas categorias foram apenas tomados os polígonos com legenda compatível nas
versões da COS de 2015 e 2018, e com evidência do mesmo uso em imagens Google Earth atuais. Tomaram-se 11 polígonos de cada categoria (área mediana de cerca de 5 ha), um por cada um dos 9 Concelhos da faixa de maior representatividade da espécie no NE de Portugal (Bragança, Vinhais, Vimioso, Macedo de Cavaleiros, Alfândega da Fé, Mirandela, Valpaços, Chaves, Boticas), e dois adicionais nos Concelhos de maior abundância da espécie (Bragança e Vinhais). As séries temporais de NDVI em cada mancha amostral foram obtidas a partir de imagens de Satélite Sentinel 2 de 2017 a 2021, disponibilizadas no servidor EO Browser, tomandose o NDVI mediano como representativo da mancha em cada momento da série. Imagens cujo NDVI não representa inequivocamente o efeito da ocupação do solo (nuvens e sombras) foram descartadas das séries. Seguindo a sazonalidade e correspondente fonologia do castanheiro, os valores de NDVI no outono e inverno são menores do que na primavera e verão. O valor máximo de NDVI para as florestas de castanheiro foi de 0,70 contra 0,56 para os pomares de castanheiro, diferença que reflete a maior fração de solo descoberto nesta última categoria de uso. O exercício permitiu estabelecer valores típicos de NDVI ao longo do ano para as duas categorias de uso (florestas e pomares), identificar o efeito nesses valores dos gradientes climáticos conhecidos na região e quantificar de forma automática em ambiente SIG a fração de cobertura pelas copas em pomares de castanheiro.info:eu-repo/semantics/publishedVersio