PINA, Luís de

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Casa de Sarmento

 Casa de Sarmento Centro de Estudos do Património Universidade do Minho Largo Martins Sarmento, 51 4800-432 Guimarães E-mail: geral@csarmento.uminho.pt URL:  www.csarmento.uminho.pt  Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.  https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/     Revista de Guimarães Publicação da Sociedade Martins Sarmento    O ROMÂNICO NO CONCELHO DE GUIMARÃES. II IGREJA DE S. MIGUEL DO CASTELO. PINA, Luís de Ano: 1927 | Número: 37   Como citar este documento: PINA, Luís de, O Românico no concelho de Guimarães. II Igreja de S. Miguel do Castelo. Revista de Guimarães, 37 (4) Out.-Dez. 1927, p. 282-286.  0 Românico no concelho de Guimarães I I  I A igreja de S. Miguel do Castelo (Continuado da página 141 ) Fara melhor textura deste artigo, antes de refe- rir-me propriamente à história desta velhinho igreja - história que congregará as diversas e já conhecidas críticas ao monumento, assim como a minha muito desapaixonada opinião -tentarei apresentar agora a sua traça arquitectónica, quer geral, quer em detalhes precisos, que julgo sempre importantes. A melhor descrição, e mais completa, que deste templozinho conheço, é devida a Albano Belino (*), bom observador e arqueólogo proíbo, a quem a morte depressa levou e ao qual presto homenagens sinceras. Em cerca de dez páginas, fala-nos da modesta igreja, interessando-se todavia mais com sua história, do que, propriamente, com sua arquitectura. Sem pretender cair em aborrecida e impertinente repetição, vou, no entanto, apresentar a igreja tal como hoje se encontra. Ela é, como quisi tidas as rústicas e pobres igrejas destas paragens, com- posta de duas partes rectangulares em seguimento : corpo e altar-mor. A sua altura é pequena; a silharia, de grosseiro granito, bem castigado das afrontas do (1) «Arqueologia Cristã» 1900. o ROMÂNICO NO CONCELHO DE GUIMARÃES 283 tempo: - pedras rectangulares, de juntas hoje tomadas a cal e cimento. O que nos impressiona imediatamente, olhando a sua pesada frontaria, é O campanário, alheio ao estilo, a rematar a cimafronte; campanário banal, tendo ao alto, de remate, uma cruz de pedra trilobado, que apresento na fig. XXX. Além do campanário, atraem os olhos quatro repisas, em linha tidas, a meio da altura da fachada. Nas faces esquerda e direita do corpo da igreja, existem também modilhões, a meio da altura das pare- des, não recurvados como as repisas da fachada, parecendo-me terem servido a outra alpendrada, con- tinuação da que suportavam as repisas da fachada ; seria uma alpendrada corrida pelas três faces, anterior e laterais, da igreja de S. Miguel. Sob essa alpendrada é que se reuniam, para darem audiência, os juízes da vila do Castelo, da mesma forma se reuniam cá em baixo, sob a galilé de Santa Maria, os juízes da vila baixa ou da Senhora da Oliveira, isto é, os da parte mais moderna da vila de Guimarães (*). Essa alpendrada, julgo-a posterior à fundação da igreja, porquanto as repisas da fachada estão colocadas quisi a meia altura das arquivoltas do pórtico. A alpen- drada, dessa forma sustentada pelas repisas, encobriria parte do fecho do pórtico, o que seria inestético e ina- ceitável pelo arquitecto do monumento, o seu primeiro arquitecto, ainda que rude e pouco artístico. A alpen- drada seria construída mais tarde, por desconhecidas razões, sendo certo que já existia no século XIV, por prova que adiante apresento. Albano Belino dá-a presumivelmente construída no século XVII, e como que fazendo parte dum claus- tro pertencente aos frades capuchos da Piedade, que oficiavam, por empréstimo, na dita igreja. Encontro esta opinião insegura, pois que está provado existir uma alpendrada, e assim ser referida- e não como (1) Carta régia em 20 de Setembro de 1369 (Arq. Nac. Chancelaria de D. Fernando, livro I, fl. 63). Vem citada pelo Dr. João de Meira em «O Concelho de Guimarães Tese de douto- ramento. 1907. 284 I REVISTA DE GVIMARÃES I I claustro -na mencionada carta do rei D. Fernando (vide a nota da pág. 183). Dêsse pretenso claustro não acho memória escrita ou oral, e não iriam os pobres frades, nos quatro anos que viveram (?) ali na humilde igreja, esperando a construção do seu convento (IÕÕ4 a IÕÕ8), dispender dinheiro em tal obra que depois não poderiam levar consigo. Mas, melhor que qualquer prova de raciocínio, lá está a insuspeita carta fernandina. As quatro repisas da fachada dessa alpendrada são semelhantes às doutras igrejas, como, para não ir a outra parte, as da fachada da igreja do Espírito Santo, de Moreira (*). Entre o campanário e o fecho do pórtico rasga-se uma estreita fenda, parte externa de fresta interior de arregace, a esta se assemelham as outras seis frestas da igreja. Deve notar-se ainda a irregularidade dos silhares da fachada e a das suas linhas de união horizontais, discordantes, em certos pontos, na direcção. Da fachada, resta falar no pórtico. Esta parte do monumento parece-me bem ter já sofrido mutilações ou desvios, quer dos homens, quer dos tempos. Nota-se logo a ausência de tímpano de pedra; em seu lugar existe um de madeira, em almofadas, obra moderna, assim como as portadas. Se existiu tímpano ou não, desconhece-se. E' natural que existisse, por- que nos pilares há saliências e friso de suposta susten- tação, e porque o arco primeiro ou inferior se me não afigura ser o primitivo e portanto ter havido uma derrocada, por exemplo, do dito arco e com ele o suposto tímpano. Claramente que isto não passa de hipótese e pessoal maneira de ver, como é certo tam- bém noutras igrejas haver pórticos com arcos seme- lhantes a este actual, de lisas aduelas de esquadria, sem relevo algum, nem simples insculturas. O arco superior é toscamente lavrado, dando a união das aduelas ângulos suficientes para lhe quebrar as curvas. r fig. XXXIII. O motivo lavrado e o que representa a Assentam os arcos sabre fusos pllares, i É I (1) ‹Igrejas e Capelas Românicas da Ribeira Lima›, por p.e Aguiar Barreiros. 1926. Ed. dc Marques Abreu. í I f ¡ i .  na DE ÍO/\íl"1 Ê? FRIO -um-r.* k l 1 x 1 1 ; r \ i I `\` - - 1  I íf r i J Im im: I 286 REVISTA DE GVIMARÃES dos quais um, mais interno e posterior, não denuncia utilidade alguma, a não ser o de sustentação do tím- pano, que acima referi ; esse pilar, em forma de esteio, parece-me ser a prova da existência desse suposto tímpano. Não será grande ousadia afirmá-Io. Ambos os arcos são quebrados, mais o inferior que o superior; neste, o ângulo formado na sua parte mais culminante, é devido um pouco à irregularidade da aduela e friso-limite; tal aduela, a ser como a ho- móloga ou par, daria a essa curva mais extensa do arco uma .forma quisi de sem-circunferência e portanto também quisi em curva de pleno centro. No entanto, nota-se-lhe uma tendência para a ogiva, o que a Belino não agrada, visto isso não estar de acordo com o estilo romano-bizantino (século X) em que colocou a igreja, repudiando assim a opinião de Vilhena Barbosa que lhe marca, salvo erro, o século XII. Por outros críticos, creio que todos, está dado o monumento como românico (j. de Vasconcelos, Ma- nuel Monteiro, etc.). Basta compara-lo, no geral e nos detalhes, ao da Correlhã,, de Bravâes, Rates, etc., para ser posta de parte a ideia duma construção romano- -bizantina. Adiante voltarei a este assunto, para agora seguir com método a descrição prometida da arquitectura de S. Miguel do Castelo. I (Contínua). L Ufs DE PINA. . I .. A PAG. 141, ONDE SE LE ‹<-a igreja de s. Miguel do Castelo não existia quando D. Henrique entrou no seu condado. portanto não ú ante- rior ao século XI, ou és, se foi construída nos restantes cinco anos do século e primeiros do governo do Conde, ››, . DEVE LEFI-SE : ‹ ‹ - a  igreja de s. Miguel do Castelo não existia quando D. Henrique entrou no seu condado. portanto não é ante- rior ao século XI. ou é deste século se foi construida nos seus últimos 5 anos. que foram os primeiros do governo do Conde,››. r 

O Românico no concelho de Guimarães. II Igreja de S. Miguel do Castelo. IIª Parte.

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O Românico no concelho de Guimarães. II Igreja de S. Miguel do Castelo. IIª Parte.

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