PINA, Luís de

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Casa de Sarmento

 Casa de Sarmento Centro de Estudos do Património Universidade do Minho Largo Martins Sarmento, 51 4800-432 Guimarães E-mail: geral@csarmento.uminho.pt URL:  www.csarmento.uminho.pt  Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.  https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/            Revista de Guimarães Publicação da Sociedade Martins Sarmento     AS LAVADEIRAS. PINA, Luís de Ano: 1922 | Número: 32  Como citar este documento: PINA, Luís de, As Lavadeiras. Revista de Guimarães, 32 (1) Jan.-Mar. 1922, p. 25-26.  fi casa sarmento de centro do estudos do patrimÓr¬io @®®O AS L A V A D E I R A S  Brancos, os braços llLls até aos cotovelos, - beijadas pelo sol que lhes doira brincando os fios dos cabelos - , lábios em rosa e olhos scintilando fulgurações estranhas de diamantes, cantam alegremente as lavadeiras 1 Do tanque a água clara e cristalina, - ó que lindas maneiras ! -. em espasmos brilhantes, doidamente fere os meus olhos tristes, reflectindo a luz que cai sabre ela desmaiada ! E conversando e rindo numa alegria santa e descuidada, sempre a lavar, aquelas lavadeiras. . . O seu riso festivo é um gorgolar de notas cristalinas e doiradas ! E a sua VOZ sonora é como a voz da água que ali passa a segredar, namorada e veloz, falas de amor às ervas consoladas de carinho e frescura 1 L. 26 Da iluminada altura descai sabre elas, num suave idílio, tida a luz, todo o mimo, tida a Côr daquela tarde alegre e perfumada; e julgo ouvir, 11a aragem disfarçada, a lírica da alma de Vergílio a cantar madrigais inéditos de amor ! E ao vê-las sabre a água debruçadas, tal como se debruçam sequiosas as corolas dos lírios desmaiadas sabre as águas azuis e langurosas dum romântico lago opalescente, um profundo, um sereno e incoerente desejo me atormenta : . ser também um farrapo a minha alma enfebrecida, para que elas cantando ma lavassem e ma purificassem, numa ânsia de amor indefinida, nas cristalinas águas transparentes daquele tanque rústico que tem manchas de sol fantásticas e ardentes ! inteiro -¬ Lagoas, 7 do III de 1921. LUÍS DE PINA. (Do livro Orares  do meu Culto, a publicar). 

As Lavadeiras.

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As Lavadeiras.

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