(Con)figurar o Empreendimento, (Con)formar a Vida: Estratégia de Viver a Vida em Refúgio como Empreendedor Étnico à Luz do Trabalho Imaterial

Abstract

This article aims to present and analyze the strategy for living life of Syrian refugees, examining the ethnic enterprise in light of the notion of immaterial labor. A qualitative and exploratory study was conducted in the city of Porto Alegre (Brazil), based on a corpus of research whose thematic focus was ethnicity in the food-sector enterprises of Syrian refugees. The data were accessed by means of newspaper reports, visits to the enterprises, the consumption of products, narrative interviews, and direct observation with photographic and field diary records. The participants were Syrian refugees interconnected through family ties and a common origin who share two enterprises – an ethnic snack bar and confectionery. The analysis resulted in three axes: (a) routes and obstacles in refuge; (b) immaterial labor in the ethnic enterprise; and (c) being an ethnic entrepreneur as a strategy for living life in refuge. It is highlighted that the metaphorical models of wanderer and player help to illustrate the production of subjectivity outlining the ethnic entrepreneur as a strategy for living life as a refugee operationalized by immaterial labor. These conclusions provide an analytical perspective on the subjectivity for ethnic enterprises by showing that the ethnic entrepreneur in correspondence with the self-entrepreneur in immaterial labor operates in the sense of producing/composing/affirming the strategy for living life in refuge. Thus, by shaping the enterprise, it shapes the life. Este artigo tem como objetivo apresentar e analisar a estratégia de viver a vida de refugiados sírios, tomando o empreendimento étnico à luz da noção de trabalho imaterial. Realizou-se um estudo qualitativo e exploratório na cidade de Porto Alegre (Brasil), a partir de um corpus de pesquisa que teve como foco temático a etnicidade nos empreendimentos do ramo alimentício de refugiados sírios. Os dados foram acessados por meio de notícias de jornal, visitas aos empreendimentos, consumo de produtos, entrevistas narrativas e observação direta com registros fotográficos e em diários de campo. Participaram da pesquisa refugiados sírios interligados por laços familiares e de origem que compartilham dois empreendimentos — uma lancheria e uma confeitaria étnica. A análise resultou em três eixos: (a) percursos e percalços no refúgio; (b) trabalho imaterial como empreendimento étnico; e (c) ser empreendedor étnico como estratégia de viver a vida em refúgio. Evidencia-se que os modelos metafóricos de errante e de jogador auxiliam a ilustrar a produção de subjetividade se delineando em direção ao empreendedor étnico como uma estratégia de viver a vida de refugiado operacionalizada pelo trabalho imaterial. Tais conclusões trazem a perspectiva analítica da subjetividade aos empreendimentos étnicos ao mostrar que o empreendedor étnico em correspondência ao empreendedor de si no trabalho imaterial opera no sentido da produção/composição/afirmação da estratégia de viver a vida em refúgio. Assim, ao (con)figurar o empreendimento, (con)forma a vida

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