Resende, Maria Aparecida de

Portuguese

Cadernos Espinosanos (E-Journal)

Rev. lnst. Med. trop. São Paulo 21(6) :347-349, novembro-dezembro, 1979 CDU 616.992 TESTES DE SUSCEPTIBILIDADE DE AMOSTRAS DE FONSECAEA PEDROSOI A ASSOCIAÇAO DE TIABENDAZOL E ANFOTERICINA B "IN VITRO" Maria Aparecida de RESENDE (1) RESUMO Foram realizados testes de suscetibilidade "in vitro" com a associação de anfotericina B e, tiabendazol em 5 amostras de Fonsecaea pedrosoi, o agente mais comum da cromomicose. A associação da.s duas drogas apresentou apenas um efeito aditivo em todas as amostras examinadas. INTRODUÇÃO O tiabendazol tem sido utilizado no tra-talllento da cromornicos-e por alguns pesquisa-dores e os resultados observados têm sido di-versos. SOLANO !9 obteve desaparecimento da lesão de alguns pacientes com o uso de doses prolongadas de 2 mg/dia da droga. Entretan-to, nem todos os casos responderam ao trata-mento e algumas recaídas ocorreram após a interrupção do uso da droga. BATTISTINI & BIERRA :2 relatam sucesso no tratamento de uma lesão ulcerada causada po,r Fonsecaea pedrosoi utilizando aplicações tópicas de tia-bendazol pulverizado diretamente sobre a le-são. Mais recentemente BA YLES 4 relata su-cesso do uso oral por dois anos de tiabendazol sozinho ou, então, associado com excisão ci-. rúrgica em alguns pacientes. LOPES (infor-mações pessoais), não obteve nenhum suees-so no tratamento de alguns pacientes com a droga isolada. O tiabendazol, 2-(4'-tiazoli) Jbenzimidazol, foi primeiram1ente descoberto como potente an-ti-helmíntico. Posteriormente descobriu-se que a droga inibia o crescimento de fungos sapro-fíticos. ROBINSON & cal. 6 relatam a inibi-ção "in vitro-" de várias espécies fúngicas, en-tre as quais algumas pertencentes. aos gêne~ ros Aspergillus, Alternaria, Cha.etomium, Fu-sarium, Penicillium, •Mlucor, Rhizopus e Sco-pillariopsis. Em 1969, ROBINSON & cal. 7 em artígo de revisão relatam ainda a inibição "in vit;o" de outros fungos: Blastomyces dermati-tid,is, Can1dida albicans, Cladosporium carrio-nii, Fonsecaea pedrosoi, Fonsecaea compacta, entre outros. BATTISTINI & col.3 utilizaram o tia.benda-zol em preparações tópicas em vários casos de "tinhas". Cuncluíram que a droga era um antifúngico efetivo e que clarificava as lesões tão rapidamente quanto a administração sis-têrnica de griseofulvina. ALLEN & GOTLIEB 1 atribuem a ação do tiabendazol à sua inibição à cadeia de trans-porte de elétrons., ação essa que ocorreria en-tre o substrato e o coenzima Q. Com isso não se formariam ATPs, hav,endo portanto decrés-cimo na produção de proteínas, aminoácidos, ácidos nucléicos e outros componentes essen-ciais. Também ficaria diminuída . a permea-ção de nutrientes dependentes de energia como os aminoácidos e carboidratos. A anfotericina B (AmB) é um antibióti-co poliênico ,e, como tal, causa danos irrever-Síveis à membrana, levando a perda de nu-cleótides, aminoácidos e íons. Age possivel-mente se combinando com esteróis de mem-branas citoplasmáticas. (1) Prof. Assistente do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. 347 RESENDE, M. A. de - Testes de susceptibilidade de amostras de Fousecaea pedrosoi à associação de tiabendazol e anfo-tericina B "in vitro". Rev, Inst. Med. trop. São Paulo 21:347-349, 1979. Pensou-se na associação "in vitro" da.s duas drogas com a finalidade de verificar se haveria um sinergismo entre as mesmas e a possibilidade de aplicação de ambas no trata-mento da cromomicose em doses menores, com menor prejuízo de efeitos colaterais para o paciente. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas 5 amostras de Fo-nsecaea pedriosoi isoladas de pacientes de cromomicose de Santa Casa de Belo Horizonte. As amostras vinham sendo · mantidas em ágar Sabouraud Dextrose. O inóculo foi obtido de cultura de 7 dias de crescimento em meio sintético de asparagina 8. O micélio era homogeneizado em solução fisiológica em homogeneizador manual. Gotas dessa suspensão eram inoculadas em tubos contendo um volume final de 5 ml de meio sintético de asparagina contendo diferen-tes concentrações das drogas. A leitura do crescimento foi feita em fotocolorímetro Klett Summerson (filtro verd·e) após homogeneiza-ção do micélio. Em todos o.s experimentos foi feita a inoculação de. um tubo controle, que não continha nenhuma das drogas. O tiabendazol (Usafarma) foi utilizado a partir de uma solução aquosa de 10 mg/ml. Após a filtração da solução em milipore, di-versas concentrações da droga foram obtidas através do método de diluições sucessivas no meio de cultura. A anfotericina B foi utilizada na forma ãe 'Füngizona (Squibb) e partiu-se de uma so-lução de 5,0 mg/ml. A.s concentrações das dro-gas usadas isoladamente foram as seguintes: T!abendazol: 10 - 5,0 - 1,0 - 0,1 e 0,01 µg/ml Anfotericina B: 5,0 - 1,0 - 0,1 - 0,05 e 0,01 µgim!. As concentrações das duas drogas usadas em associação foram: TABELA Concentrações de AmB e Tiaben em associação Tiaben (µg/ml) AmB (µg/ml) 5,0 2,5 2,5 0,5 0,5 0,05 0,05 0,025 0,005 0,005 348 RESULTADOS E DISCUSSÃO Nossos resultados foram expressos na Ta-bela II, TABELA II Efeito aditivo da AmB e Tiaben em Fonsecaea pedrosoi C.M.I. em µg/ml ("') Amostra Drogas isoladas Tiaben AmB 5,0 1,0 2 5,0 1,0 3 5,0 5,0 4 5,0 5,0 5 5,0 1,0 (~) Concentração minima inibitória Drogas associadas Tiaben AmB 2,5 0,5 2,5 0,5 5,0 2,5 5,0 0,5 2,5 0,5 A associação das duas drogas "in vitro" não apresentou sinergismo para as amostras utilizadas., uma vez que o sinergismo ocorre somente quando a inibição do crescim,ento do microrganismo é obtida por 1/4 da C.M.I. de uma droga associada ao 1/4 da C. M. I. da ou-tra droga 5. Em todas as amostras verificamos apenas um efeito aditivo das duas drogas. Metade da C.M.I. de cada droga associada pro-vocou a mesma inibição do crescim,ento das amostras 1, 2 e 5. Na amostra 3, menos sensí-vel à AmB, o efeito aditivo foi menor, enquail-to que na 4, que se comporta da mesma ma-neira frente à AmB, o efeito aditivo foi maior. É provável que a associação das duas drogas no tratamento da cromomicose apreg,ente ape-nas o efeito aditivo no paciente. SUMMARY Susceptibility of Fonsecaea pedrosoi to thia-bendazole and amphotericin B "In vitro" suSceptibility tests were per-formed with 5 strains of Fonsecaea pedrosoi, the most common agent of chromomycosis, tes. ting them against different concentrations o.f thiabendazole and amphotericin B, isnlatedly or in combination. An additive effect was observed for all strains, but no synergism could be disclosed. RESENDE, M. A. de - Testes de susceptibilidade de amostras de Fonsecaea pedrosoi à associação de tiabendazol e anfo. tericina B "in vitro". Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 21:347·349, 1979. AGRADECIMENTOS Ao Dr. Cid Ferreira Lopes, Chefe da II.ª Clínica Dermatológica da Santa Casa de Belo Horizonte, pelas sugestões e fornecimento das biopsias dos pacientes, para a obtenção das amostras. REFERENCIAS BIBLIOGRÃFICAS 1. ALLEN, P. M. & GOTTLIEB, D. - Mechanism of action of fungicide thiabendazole, 2-(4'-thiazolyl) benza-midazole. Appl. Microbial. 20: 919-926, 1970. 2. BATTISTINI, F. & SIERRA, R. N. - Tratamiento de un caso de cromomicosis con applicaciones locales de thiabendazole. Dermatol. Venezolana 73: 10, 1968. 3. BATTISTINI, F.; ZAIAS, M.; SIERRA, R. N. & RE-BELL, G. Clinical antifunga! activity of thiabendazo. le. Arch. Dermat, 109: 695-699, 1974-. 4. BAYLES, M. A. H. - The treatment of chromomycosis with thiabendazole. Arch. Dermat. 104: 476-483, 1971. 5. DUPONT, B. & DROUHET, E. - Methode rapide de la deterrnination de la synergie antifongique. Bull, Seu,.. Franc. Mycol. Méd. 6: 291-294, 1977. 6. ROBINSON, H. J.; PHARES, H. F. & GRAESSLE, 0. E. - Antimycotic properties of thiabendazole. J, Invest. Dermat. 42: 479-482, 1964. 7. ROBINSON, H. J.; SILBER, R. H. & GRAESSLE, O. E. - Thiabendazole: toxicological, pharmacological and antifungai properties. Texas Rep. Biol. Med. 27: 537-559, 1969. 8. SMITH, C. E.; WHITING, E. G.; BAKER, E. E.; RO-SENBERGER, H. C.; BEARD, R. R. & SAITO, M. T. - The use of coccidioidin. Amer. Rev. Tuberc. 57: 330, 1948. 9. SOLANO, E. - Tratamiento de la cromoblastomicosis con thiabendazole. Med. Cutanea 3: 277-286, 1966. Recebido para publicação em 8/3/1979. 349 

Susceptibility of Fonsecaea pedrosoi to thiabendazole and amphotericin B

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Susceptibility of Fonsecaea pedrosoi to thiabendazole and amphotericin B

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