Patrimonialização e gentrificação: causa e consequência? O bairro do Marais, em Paris

Abstract

The Marais district, in Paris, was one of the first to be recognized as a secteursauvegardé, a designation given to an urban area of heritage value especially protected by French legislation from 1962 onwards. From that point onwards, the criticisms to the changesundertaken by the district mounted and, in the international scene, the Marais is often taken as an example of a heritagization process that led to the gentrification of the place. Thus, thisarticle discusses the binomial heritagization/gentrification from the Marais case, presenting the process of neighborhood preservation in the context of the Malraux law, in 1962; the evolution of the urban heritage preservation concept and instruments throughout more than 50 years; and of the urban dynamics of Paris, a heritage, tourist, and “gentrified” capital. To this end, empirical data are used, showing, among others, the Marais situation within the demographic and socioeconomic changes experienced by the French capital. At the same time, a discussionon the gentrification concept and its generalized appropriation to characterize any process of socioeconomic transformation that implies the increase of the richest portion of a given populationor, still, as a perverse consequence of any urban intervention is proposed.O bairro do Marais, em Paris, foi um dos primeiros a ser reconhecido como secteur sauvegardé, denominação conferida a uma área urbana de valor patrimonial especialmente protegida pela legislação francesa a partir de 1962. Desde então, avolumam-se as críticas às transformações sofridas pelo bairro, e, no cenário internacional, o Marais é, muitas vezes,adotado como exemplo de um processo de patrimonialização que conduziu à gentrificação do local. Nesse sentido, este artigo discute o binômio patrimonialização/gentrificação apartir do caso do Marais, apresentando o processo de preservação do bairro no contexto decriação da lei Malraux, em 1962; a evolução do conceito e dos instrumentos de conservação do patrimônio urbano ao longo de mais de 50 anos; e a dinâmica urbanística de Paris, uma capital patrimonializada, turística e “gentrificada”. Para isso, são utilizados dados empíricos que mostram a situação do Marais dentro das mudanças demográficas e socioeconômicas vivenciadas pela capital francesa. Propõe-se, ao mesmo tempo, uma discussão sobre o conceito de gentrificação e sua apropriação generalizada para caracterizar qualquer processo detransformação socioeconômica que implique o incremento da parcela mais rica da população, ou, ainda, como uma consequência perversa de qualquer intervenção urbanística

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