Universidade de São Paulo. Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária
Abstract
O objetivo deste artigo foi buscar compreender o comportamento de jovens universitários de baixa renda por meio de um experimento baseado na teoria do prospecto e do desconto hiperbólico, com preferências de risco e tempo, e suas relações com a alfabetização financeira no que se refere às distorções de probabilidades de escolhas. Nota-se a carência de estudos que abordem, ao mesmo tempo, as preferências de risco e tempo em grupos urbanos de baixa renda, relacionando experimentos baseados na teoria do prospecto para captar distorções de probabilidade nos processos de escolhas. Este estudo abre portas para que a questão da relação entre pobreza e preferências ao risco e tempo sejam mais bem discutidas no Brasil com o intuito de trazer evidências que colaborem para planos de alfabetização financeira nacional. O estudo demonstra a importância da educação financeira como meio de diminuir a distorção de probabilidades dos agentes. Isso se torna crucial, dado que a distorção de probabilidades é um dos pilares da Teoria do Prospecto. Este experimento foi baseado na Teoria de Prospecto e do desconto hiperbólico e utilizou as funções valor, peso e de desconto quase hiperbólico dentro de uma metodologia de máxima verossimilhança para estimação dos parâmetros de risco e de tempo com variáveis sociodemográficas e com a variável moderadora Índice de Alfabetização Financeira, em uma IES privada, com 54 alunos e 5.940 loterias. Observou-se que populações urbanas de baixa renda em economias emergentes possuem parâmetros de aversão ao risco e perda similares a populações rurais de países em desenvolvimento. Os alunos de baixa renda têm uma maior preferência pelo presente, sendo percebido que um pequeno aumento da renda está associado a um maior nível de paciência, tornando as decisões mais racionais. Uma maior educação financeira poderia induzir a uma menor distorção das probabilidades.This article sought to understand the behavior of young low-income university students through an experiment based on prospect and hyperbolic discounting theory, with risk and time preferences, and their relationships with financial literacy with regard to choice probability distortions. There is a notable lack of studies that simultaneously address risk and time preferences in low-income urban groups, relating experiments based on prospect theory to capture probability distortions in choice processes. This study opens the doors for the question of the relationship between poverty and risk and time preferences to be better discussed in Brazil with the aim of providing evidence that supports national financial literacy plans. The study shows the importance of financial education as a means of reducing agents’ probability distortion. This is crucial, given that probability distortion is one of the pillars of prospect theory. This experiment was based on prospect and hyperbolic discounting theory and used value, weight, and quasi-hyperbolic discounting functions within a maximum likelihood methodology to estimate the risk and time parameters with sociodemographic variables, and with the Financial Literacy Index moderating variable, in a private HEI, with 54 students and 5,940 lotteries. It was observed that low-income urban populations in emerging economies have similar risk and loss aversion parameters to rural populations in developing countries. Low-income students have a greater preference for the present, with it being perceived that a small increase in income is associated with a higher level of patience, making decisions more rational. A better financial education could lead to a smaller probability distortion