OBJECTIVE: To evaluate the long-term effects of the monoclonal antibody anti-CD3 (OKT3), used to treat steroid-resistant acute renal allograft rejection, on allograft function and long-term allograft and patient survival.
MATERIALS AND METHODS: We studied 231 kidney transplants from living and cadaver donors and with prednisone, azathioprine and cyclosporin used for baseline immunosuppression. Diagnosis of acute rejection was based on clinical and laboratory criteria. Sixty-three (27.2%) patients did not present acute rejection, 135 (58.4%) presented steroid-sensitive rejection, and 33 (14.2%) received OKT3 as a rescue therapy for steroid-resistant rejection. We evaluated demographic data, serum creatinine, and allograft and patient survival up to the 5th posttransplant year, as well as causes of graft loss and patient death.
RESULTS: Vascular anastomosis time and prevalence of acute tubular necrosis were significantly higher in OKT3- reated patients. Average serum creatinine was not different between steroid-sensitive and steroid-resistant patients. Graft survival in the first year was poorer in the OKT3 group as compared to the non-rejection (P = 0.001) and steroidsensitive rejection (P = 0.04) groups; there was no difference, however, in the survival up to the 5th posttransplant year. In transplants from cadaver donors, graft survival was statistically different only between OKT3 and non-rejection patients. Patient survival did not differ between the 3 groups up to the end of the follow-up. There were no differences in causes of graft loss, but the proportion of deaths associated with infection was greater in patients treated with OKT3.
CONCLUSIONS: OKT3 used for rescue therapy in steroid--resistant acute rejection was not associated with poorer renal graft function or survival over the 5-year follow-up period. However, graft survival in the first year was significantly poorer in patients that needed OKT3. The use of a more potent immunosuppression did not result in higher mortality rates up to the 5th year of posttransplant, but OKT3-treated recipients presented a higher incidence of deaths related to infection. OBJETIVO: Avaliar o efeito do anticorpo monoclonal anti-CD3 (OKT3), utilizado para tratamento de rejeição aguda córtico-resistente em pacientes transplantados renais, em relação à função do rim transplantado e à sobrevida do enxerto e do paciente a longo prazo.PACIENTES E MÉTODOS: Foram estudados 231 pacientes transplantados renais de doador vivo e cadavérico, tendo como imunossupressão de base prednisona, azatioprina e ciclosporina. O diagnóstico de rejeição aguda baseou-se em critérios clínicos e laboratoriais. Sessenta e três (27,2%) pacientes não apresentaram rejeição aguda, 135 (58,4%) tiveram rejeição córtico-sensível e 33 (14,2%) receberam OKT3 para rejeição córtico-resistente. Foram avaliados dados demográficos, função do enxerto, sobrevida do enxerto e do paciente até o quinto ano de transplante, bem como as causas de perda do rim transplantado e de óbito.RESULTADOS: O tempo de anastomose vascular e a prevalência de necrose tubular aguda foram significativamente maiores nos pacientes que receberam OKT3. A média da creatinina sérica do grupo OKT3 não diferiu do grupo com rejeição córtico-sensível. A sobrevida do enxerto no primeiro ano foi significativamente pior no grupo tratado com OKT3 em relação ao pacientes sem rejeição (P = 0,001) e com rejeição córticoresponsiva (P = 0,04), mas a sobrevida ao final do seguimento não diferiu. Nos transplantes cadavéricos, a diferença ocorreu apenas entre o grupo OKT3 e os pacientes sem rejeição. A sobrevida do paciente em 5 anos foi semelhante entre os 3 grupos. Não houve diferença nas causas de perda do enxerto, mas a proporção de óbitos associados à infecção foi maior nos pacientes que utilizaram OKT3.CONCLUSÕES: O uso de OKT3 como terapia de resgate não esteve associado a uma pior função ou pior sobrevida do enxerto renal em 5 anos, mas no primeiro ano a sobrevida do enxerto foi significativamente menor nos pacientes tratados com OKT3. O emprego de uma imunossupressão mais potente não se refletiu em maior mortalidade até o 5º ano do transplante, mas o grupo que utilizou OKT3 apresentou uma maior incidência de óbitos associados à infecção